quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

João Batista Libanio, Auto-critica e perspectivas T.Liberação

Teologia da Libertação: autocrítica e perspectivas
Este artigo de J.B. Libânio, escrito originalmente para um livro e disponibilizado no seu site, apresenta de forma sintética e profunda a autocrítica da Teologia da Libertação e algumas perspectivas para a futuro.
A TdL diante de tantas críticas, da crescente resistência do magistério eclesiástico, do fracasso dos movimentos alimentados por ela (Revolução Sandinista, lutas populares), da queda do Socialismo real, da cultura pós-moderna com o surto religioso e da extrema subjetividade atual, do novo paradigma científico emergente empreendeu sua autocrítica. Revendo o seu discurso, reconhece-lhe certo
pessimismo e negativismo sobre o mundo presente e sobre o ser humano, lido sob a ótica da opressão. Discurso monocórdico e positivista que pensa dar conta cabal da realidade, atropelando-lhe a complexidade, hoje amplamente desvendada pelas ciências sociais, pelas novas biociências, pelas ciências cognitivas e do comportamento humano (etologia), pelas novas tecnologias da informação e comunicação. Ao mesmo tempo, era uma teologia idealista, virtual, que imaginava ser realidade os seus desejos como a Igreja dos pobres, o sujeito histórico popular, o pendor natural e ético do ser humano para a solidariedade.

Uma linguagem dualista a marcou, visualizando um grande inimigo – o capitalismo - a ser combatido à custa de sacrifícios e de um compromisso, que
descuidaram a dimensão lúdica e prazerosa da vida. Isto lhe tirou o encanto e prazer. Ela necessita tornar-se uma teologia humanamente saudável. A TdL inicial tinha grandes vazios: “a corporeidade, o prazer, o “saber viver”, o “estar bem com a vida”, o direito de consumir bens e serviços variados e de qualidade, a beleza, a imersão em imaginários esperançadores, a autoestima, o incentivo a aspirações e à iniciativa, o embalo da paixão, etc. “ (Assmann, 2000: 126). A revisão tem consistido mais na ampliação de seus horizontes do que no refazimento de seu método ou princípios fundamentais por estar consciente de que marcou significativamente o universo teológico, a vida da Igreja e da Sociedade para além da AL como primeira teologia original desde a periferia. Sabe-se atual enquanto houver pobreza e injustiça social e cristãos que queiram lutar contra elas a partir de sua fé. Foi presença questionadora para militantes e intelectuais que rejeitavam a fé cristã por causa de sua vinculação histórica com posições ideologicamente conservadoras.

Irrenunciáveis são seu método, sua opção fundante pela libertação dos pobres, a articulação fé e vida, Revelação e realidade social, teoria e práxis, sua vinculação com as CEBs. Percebeu que tem de ampliar a gama dos oprimidos para além da pobreza material incluindo a etnia, o gênero, a ecologia, a religião. Para tal, exige-se uma reformulação das mediações socioanalíticas, ao inserir nelas a antropologia, a etnologia, a psicologia nas suas diversas formas. Reconhece sua carência no campo da pneumatologia, tanto na sua articulação com a pessoa histórica de Jesus, quanto com a eclesiologia. A dimensão da subjetividade e da espiritualidade fora negligenciada. Por distanciar-se do culturalismo e por prender-se demasiado às estruturas socioeconômicas esposara uma visão estreita da cultura. Percebe a necessidade de desenvolver uma confrontação com a cultura, a ética e a religião. Descobre a possibilidade de alianças com movimentos sociais alternativos, regionais e mundiais, em torno desses três campos, valorizando uma presença na sociedade civil em vez de fechar-se exclusivamente numa luta no espaço da sociedade política, do Estado.

Uma
visão preconceituosa da religião popular foi já desde bom tempo confessada e corrigida. Ela não cultivou uma teologia do cotidiano dos pobres no campo religioso ou secular, onde há muito espaço para sua humanização e pequenas libertações. O pobre é também realidade de inspiração e esperança pela sua fé, valores humanos e não só de indignação contra a situação a que foi submetido. Desafia a TdL a nova situação religiosa criada pelos grupos evangélicos neopentecostais. Os pobres mais pobres não freqüentam as CEBs, mas essas igrejas. Elas oferecem respostas às necessidades imediatas do povo pobre. Prometem-lhe para logo a cura divina de seus males físicos e psíquicos, a libertação do demônio (exorcismo), a prosperidade material, o alívio, o consolo e bem-estar espiritual, a dignidade humana pela recuperação dos vícios, experiências de transe e dons carismáticos sob a liderança autoritária do pastor. Seduzem o povo. Falam a um inconsciente povoado de símbolos religiosos tradicionais e afroameríndios, ressemantizando-os. Fazem o oposto das CEBs que o conscientizavam para a luta num horizonte utópico. Dão uma importância ao corpo de cada pessoa, sua saúde, o que a TdL não fez. Alienam as pessoas da consciência política e social para colocar unicamente na fé a solução de seus problemas a curto prazo. O dízimo-sacrifício representa a maneira “compensatória” de obter-se a bênção de Deus. O discurso libertário da TdL necessita ser repensado à luz desse fato de proporções gigantescas, entendendo, recuperando e interpretando na perspectiva libertadora os símbolos religiosos do povo.

Há uma pós-modernidade popular que interpela a TdL. O povo desconfia das “grandes narrativas” libertárias sociais que nada de bem lhe trouxeram. Percebe que os progressos da razão não são para ele. Experimenta antes o reverso da história, daí sua abertura a discursos espiritualistas com soluções imediatas, onde se misturam elementos da pré-modernidade, modernidade e pós-modernidade. A TdL necessita ter a sensibilidade de perceber no povo essa imbricação de horizontes culturais e falar-lhe em termos de fé. A sociedade e a cultura oferecem enorme pluralidade de práticas sociais possíveis, de valores, de perspectivas. No horizonte de suas opções fundamentais é chamada a ajudar o povo a discernir, renunciando um monolitismo de projeto.

Desafia-lhe saber situar-se entre a utopia e a realidade, sem cair no engodo da capitulação diante do neoliberalismo globalizado nem do utopismo idealista. Em termos eclesiais significa navegar contra as correntezas espiritualistas alienantes, o conservadorismo intraeclesial, um catolicismo de marketing mediático. Ontem desafiava a TdL pensar a fé numa situação de pobreza, mantida pela violência dos regimes militares; hoje a pobreza é pior, mas mantida pela ilusão das promessas neoliberais e das igrejas neopentecostais.
Texto: J.B. Libânio

Luís Henrique Alves Pinto

sábado, 24 de dezembro de 2011

Fica decretado. Betto (Excelente)



Decreto de Natal - Frei Betto
Sexta-feira, 23 de dezembro de 2011 -
Fica decretado que, neste Natal, em vez de dar presentes, nos faremos presentes junto aos famintos, carentes e excluídos. Papai Noel será malhado como Judas e, lacradas as chaminés, abriremos corações e portas à chegada salvífica do Menino Jesus.
Por trazer a muitos mais constrangimentos que alegrias, fica decretado que o Natal não mais nos travestirá no que não somos: neste verão escaldante, arrancaremos da árvore de Natal todos os algodões de falsas neves; trocaremos nozes e castanhas por frutas tropicais; renas e trenós por carroças repletas de alimentos não perecíveis; e se algum Papai Noel sobrar por aí, que apareça de bermuda e chinelas.
Fica decretado que, cartas de crianças, só as endereçadas ao Menino Jesus, como a do Lucas, que escreveu convencido de que Caim e Abel não teriam brigado se dormissem em quartos separados; propôs ao Criador ninguém mais nascer nem morrer, e todos nós vivermos para sempre; e, ao ver o presépio, prometeu enviar seu agasalho ao filho desnudo de Maria e José.
Fica decretado que as crianças, em vez de brinquedos e bolas, pedirão bênçãos e graças, abrindo seus corações para destinar aos pobres todo o supérfluo que entulha armários e gavetas. A sobra de um é a necessidade de outro, e quem reparte bens partilha Deus.
Fica decretado que, pelo menos um dia, desligaremos toda a parafernália eletrônica, inclusive o telefone e, recolhidos à solidão, faremos uma viagem ao interior de nosso espírito, lá onde habita Aquele que, distinto de nós, funda a nossa verdadeira identidade. Entregues à meditação, fecharemos os olhos para ver melhor.
Fica decretado que, despidas de pudores, as famílias farão ao menos um momento de oração, lerão um texto bíblico, agradecendo ao Pai de Amor o dom da vida, as alegrias do ano que finda, e até dores que exacerbam a emoção sem que se possa entender com a razão. Finita, a vida é um rio que sabe ter o mar como destino, mas jamais quantas curvas, cachoeiras e pedras haverá de encontrar em seu percurso.
Fica decretado que arrancaremos a espada das mãos de Herodes e nenhuma criança será mais condenada ao trabalho precoce, violentada, surrada ou humilhada. Todas terão direito à ternura e à alegria, à saúde e à escola, ao pão e à paz, ao sonho e à beleza.
Fica decretado que, nos locais de trabalho, as festas de fim de ano terão o dobro de seus custo convertido em cestas básicas a famílias carentes. E será considerado grave pecado abrir uma bebida de valor superior ao salário mensal do empregado que a serve.
Como Deus não tem religião, fica decretado que nenhum fiel considerará a sua mais perfeita que a do outro, nem fará rastejar a sua língua, qual serpente venenosa, nas trilhas da injúria e da perfídia. O Menino do presépio veio para todos, indistintamente, e não há como professar o "Pai Nosso" se o pão também não for nosso, mas privilégio da minoria abastada.
Fica decretado que toda dieta se reverterá em benefício do prato vazio de quem tem fome, e que ninguém dará ao outro um presente embrulhado em bajulação ou escusas intenções. O tempo gasto em fazer laços seja muito inferior ao dedicado a dar abraços.
Fica decretado que as mesas de Natal estarão cobertas de afeto e, dispostos a renascer com o Menino, trataremos de sepultar iras e invejas, amarguras e ambições desmedidas, para que o nosso coração seja acolhedor como a manjedoura de Belém.
Fica decretado que, como os reis magos, todos daremos um voto de confiança à estrela, para que ela conduza este país a dias melhores. Não buscaremos o nosso próprio interesse, mas o da maioria, sobretudo dos que, à semelhança de José e Maria, foram excluídos da cidade e, como uma família sem-terra, obrigados a ocupar um pasto, onde brilhou a esperança.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Natal. Mesters

1. SITUANDO
O motivo que levou José e Maria a viajar para Belém foi o recenseamento decretado pelo imperador de Roma (Lc 2,1-7). Periodicamente, as autoridades romanas decretavam tais recenseamentos nas várias regiões do seu imenso império. Era para recadastrar a população e saber quanto cada pessoa tinha que pagar de imposto. Os ricos pagavam imposto sobre a terra e sobre os bens que possuíam. Os pobres pagavam pelo número de filhos. Às vezes, o imposto total chegava a mais de 50% dos rendimentos da pessoa.
Há uma diferença significativa entre o nascimento de Jesus e o nascimento de João. João nasce em casa, na sua terra, no meio dos parentes e vizinhos e é acolhido por todos (Lc 1,57-58). Jesus nasce desconhecido, fora de sua terra, no meio dos pobres, fora do ambiente da família e da vizinhança. "Não havia lugar para ele na hospedaria". Teve que ser deitado numa manjedoura.

2. COMENTANDO
2.1 Lucas 2,8-9: Os primeiros convidados
Os pastores eram pessoas marginalizadas, pouco apreciadas. Viviam junto com os animais, separados do convívio humano. Por causa do contato permanente com os animais eram considerados impuros. Ninguém jamais os convidava para vir visitar um recém-nascido. É a estes pastores que aparece o anjo do Senhor para transmitir a grande notícia do nascimento de Jesus. Diante da aparição dos anjos, eles ficam com medo.
2.2 Lucas 2,10-12: O primeiro anúncio da boa-nova
A primeira palavra do anjo é: "Não tenham medo!" A segunda é: "Alegria para todo o povo!" A terceira é: "Hoje!" Em seguida, vêm três nomes para identificar quem é Jesus: Salvador, Cristo e Senhor! SALVADOR é aquele que liberta todos de tudo que os amarra! Os governantes daquele tempo gostavam de usar o título de Salvador (Soter). CRISTO significa ungido ou messias. Era um título dado aos reis e aos profetas. Era também o título do futuro libertador. Significa que esse menino recém-nascido veio realizar as esperanças do povo. SENHOR era o nome que se dava ao próprio Deus! São os três maiores títulos que se possa imaginar. A partir deste anúncio do nascimento de Jesus como Salvador, Cristo e Senhor, você imagina alguém da mais alta categoria. E o anjo lhe diz: "Atenção! Tem um sinal! Você vai encontrar um menino deitado num barraco no meio dos pobres!" Você acreditaria? O jeito de Deus é diferente mesmo!
2.3 Lucas 2,13-14: Glória no mundo de cima, Paz no mundo de baixo
Uma multidão de anjos aparece e desce do céu. É o céu desabando sobre a terra. As duas frases do refrão que eles cantam dão o resumo do que Deus quer com o seu projeto. A primeira diz o que acontece no mundo lá de cima: "Glória a Deus nas alturas". A segunda diz o que vai acontecer no mundo cá de baixo: "Paz na terra aos seres humanos por ele amados". Se a gente pudesse experimentar o que significa realmente ser amado por Deus, então tudo mudaria e a paz viria morar na terra. E isto seria a maior glória para Deus que mora nas alturas.
2.4 Lucas 2,15-20: A palavra vai sendo acolhida e encarnada
A Palavra de Deus não é apenas um som que a boca produz. Ela é, sobretudo, um acontecimento! Os pastores dizem, literalmente: "Vamos ver esta palavra que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer!" Em seguida, Lucas diz que "Maria conservava estas palavras (acontecimentos) em seu coração" e as ruminava. São duas maneiras de se perceber  e acolher a Palavra de Deus: 1) Os pastores se levantam para ir ver os fatos e verificar neles o sinal que foi dado pelo anjo; 2) Maria conserva os fatos na memória e as confere no coração. Ou seja, ela conhece a Bíblia e tenta entender os fatos novos iluminando-os com a luz da Palavra de Deus.

3. ALARGANDO                                                                                                                
Novamente, ao longo da descrição do nascimento de Jesus, Lucas sugere que as profecias se realizaram! Eis algumas delas:
  • Apareceu a luz das nações, anunciada por Isaías! (Is 9,1; 42,6; 49,6).
  • Nasceu o menino, prometido pelo mesmo profeta (Is 9,5; 7,14).
  • O menino que devia nascer para dar alegria ao povo e trazer a salvação de Deus (Is 9,2).
  • Ele nasceu em Belém. Por isso é o Messias prometido, conforme anunciou Miquéias (Mq 5,1).
  • Chegou o tempo da paz anunciada por Isaías, em que animais e seres humanos vão se reconciliar e farão desaparecer da terra toda a violência assassina (Is 11,6-9).
O imperador romano pensava ser o dono do mundo. Na realidade, ele não passava de um empregado. Sem saber e sem querer, ele executava os planos de Deus, pois o decreto imperial fez com que Jesus pudesse nascer em Belém e realizar a profecia (Lc 2,1-7).
O que chama a atenção neste texto são os contrastes:
  • Na escuridão da noite brilho uma luz (2,8-9)
  • O mundo lá de cima, o céu, parece desabar e envolver  nosso mundo cá de baixo (2, 13).
  • A grandeza de Deus se manifesta na fraqueza de uma criança (2,7)
  • A glória de Deus se faz presente numa manjedoura de animais (2,16)
  • O medo provocado pela repentina aparição do anjo dá lugar à alegria (2,9-10)
  • Pessoas que vivem marginalizadas de tudo são as primeiras convidadas (2,8)
  • Os pastores reconheceram Deus presente numa criança (2,20)
Outro dia, foi dado o aviso: "O celebrante de hoje será o senhor João!" Muitas pessoas não aceitaram e saíram. Diziam: "O João nem sabe ler direito!" Qual a mensagem de Natal para estas pessoas que recusam o senhor João?

Natal.Marcelo Barros OSB

Irmãs e irmãos da comunidade de Mateus,
Quero conversar com vocês como se estivéssemos uns diante dos outros e vocês fossem conterrâneos deste final de século conturbado e tão carente de esperanças. No começo, pensei em escrever uma carta pessoal a Mateus, mas nenhum livro da Bíblia é de cunho somente individual. Além disso, embora desde os tempos mais antigos todos atribuam a Mateus a honra de ser o redator deste livro, nem ele assinou nem chama o texto de Evangelho (como Marcos inicia dizendo: "Início do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus"). Então, escrevo a vocês da comunidade, que participaram da experiência que gerou o texto de Mateus.
(...)
Ao contar a visita dos magos a Jesus Menino, vocês não pretendiam narrar um relato histórico ou um fato jornalístico. Quiseram significar o encontro de Jesus com os outros povos e culturas. Fizeram isso comentando textos bíblicos como Isaías 60, o salmo 72 e a profecia de Balaão (Nm 22-24). Vocês os comentam como os rabinos faziam, contando histórias (midrash), e nos presen­tearam esse relato tão bonito.
O poema do discípulo de Isaías (Is 60) e, talvez, mesmo o salmo vêm de uma época na qual Jerusalém estava sendo reconstruí­da. Os recursos eram poucos e, em comparação ao que era antes de ser destruída pelos babilônios, era uma aldeia. O profeta vê o sol nascer sobre a cidade e proclama a promessa de Deus de que, um dia, Jerusalém será luminosa e cheia de glória e os reis das nações a ela acorrerão trazendo presentes. Num contexto de sofrimento e de revalorização da identidade do povo pobre, aquela visão nada tinha de etnocentrismo. Era universalista. Aplicando essa profecia aos magos que vêm homenagear a criança pobre que nasceu em Belém, vocês a tornam mais universal ainda.
Embora não tenham dito que os magos eram reis e santos, como a tradição soube acrescentar, vocês contaram que eles gostavam das estrelas e vieram de longe, do oriente, atrás de uma estrela e em busca do Rei dos judeus que acabara de nascer neste mundo.
Com esse novo comentário narrativo de textos bíblicos (mídrash), desde o início do Evangelho, vocês associam as culturas e religiões diferentes à busca de Deus, ao reconhecimento de Jesus como "Rei dos Judeus" e ao acolhimento do Reino de Deus (ou dos céus, como vocês o chamam).
Na cultura judaica na qual a comunidade estava inserida, não deve ter sido fácil para vocês reconhecerem que até a astrologia e a interpretação dos sonhos podem conduzir pessoas como os magos ao Senhor. (Chouraqui chama os magos de "astrólogos'' ¹¹). Na região da Síria e da Ásia Menor era praticada a religião do deus Mitra. Era um sincretismo de antigos cultos ao sol. Os fiéis de Mitra contavam que o seu deus nasceu numa caverna na noite de 25 de dezembro (solstício do inverno e festa do sol que renasce do frio e da escuri­dão das noites cada vez mais longas). Aliás, por acaso, os sacerdotes de Mitra se chamavam "magos", porque eram homens que lidavam com os astros e com os mistérios da vida.
Será que, ao contar a bela história dos magos que vieram a Belém adorar o menino Jesus, vocês quiseram assumir algo da história de Mitra e transpô-la para o contexto cristão? Hoje, falamos muito de inculturação. Mas ainda há muitos bispos e pastores que têm preconceito contra sincretismo. Será que, nessa história, vocês da comunidade de ‘Mateus queriam nos ensinar que há um tipo de sincretismo que é válido e compreensível?

Natal, Luigi Ceppi

Outro Natal é possível!
Onde o Menino Jesus não fique envergonhado,
Ao ser escanteado e substituído pelo Papai Noel,
Verdadeiro mascote de vendas e lucros.

Onde as crianças, além de brinquedos,
Ganhem oportunidades de saúde, escola e lazer,
E possam exibir o sorriso largo e o olhar luminoso.

Onde os pais de crianças pobres não sejam inferiorizados
Diante dos apelos do marketing e da propaganda,
Com a tirania da última novidade em brinquedos;

Onde, além da mesa e da ceia natalina,
Estejam recheados o coração e o espírito,
Dos que buscam a justiça, o direito e a paz.

Onde as luzes e cores, presentes e enfeites,
Não formem um verniz de falsidade e ilusão,
Mas expressem um clima de alegria fraterna.

Onde o presépio relembre a cada pessoa e família,
O valor dos laços primários, sólidos, duradouros,
Alicerce de um edifício social sadio e saudável.

Onde o planeta Terra, casa de Deus e casa de todos,
Seja livre da devastação, corrupção e poluição,
Sonho eterno do bem viver e da terra sem males!

Onde os olhos brilhem e os corpos dancem,
Embriagados não pelo prazer e as drogas do egoísmo,
Mas pelas mãos e braços abertos à solidariedade.

Onde o Deus do caminho prevaleça sobre o Deus do templo,
Verbo que se faz carne e arma sua tenda entre nós.
Vem, Senhor Jesus, fica e caminha conosco!

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

4o Domingo Advento 2011

                           4º Domingo Advento 2011 – 18 Dez.P.Marins
A CAMINHADA DO ADVENTO nos envolveu com 4 grandes referências: o sentido de um “sabbat” (tempo de reflexão) de 4 semanas: contando com o cruzeiro estelar de Abraão, Isaias, João-o-Batista, Maria e Jesus;  tomando  consciência sobre o contexto e estilo da vida cristã (Era o: - Alegrem-se, proclamado na Terceira Semana); e, finalmente, confirmando a meta última da grande peregrinação da humanidade, nesta 4ª semana, a qualificação da meta definitiva: o “Reinado de Deus” ou a Nova Jerusalém.
                     # Se, por um acontecimento extraordinário, a gente despertasse num mundo diferente, imediatamente perguntaria: - Que vim fazer neste lugar? Por quanto tempo vou ficar aqui? Tem mais alguém neste planeta? Então, que vamos fazer?
       Este encontro litúrgico do Advento nos ajuda responder à decisiva pergunta subjacente: - Em que a minha fé me guia, neste mundo, nesta hora?
- O dom da vida é o maior presente que recebemos, sem o haver escolhido (Parábola dos talentos: Mt 25,14-30). Só temos que administrá-lo de acordo com a vontade do “doador”:- A formação de uma grande família na qual;
1) Todos serão iguais em dignidade e diferentes enquanto aos próprios dons;
2) Participarão segundo suas possibilidades e serão ajudado segundo suas necessidades;
3) A convivência se fará num ambiente de diálogo e mútuo apreço, ajudando-se no compromisso em relação à ecologia, à cidadania, e à ética;
4) Não haverá imposição de nenhuma fé, religião ou partido, mas sem a paixão por um sonho coletivo, será impossível a convivência;
5) Não haverá domínio de um povo (judeu, romano, grego, babilônios, assírio, espanhol, português, norte-americano, inglês, francês, alemão, chinês...); ou de uma raça (nazismo), partido (comunista), religião (islâmica, cristã...); ou da sociedade capitalista de consumo...
    O Evangelho deste 4º domingo, nos dá pistas do modo de como Deus age:
1º) Contato direto e pessoal (Não pediu licença ao pai Joaquim ou ao esposo José... mas diretamente à jovem Maria;
2º) Explicitando o melhor de cada um: a Maria, o enviado de Deus confirma: “Cheia de graça... o Senhor está contigo”; no caso de Pedro, não denunciou seus rompantes, mas viu nele um excelente futuro coordenador geral...; descreveu Natanael como um israelita no qual não havia falsidade...
3º) Não escolheu os já capacitados, mas capacitou os escolhidos, colocando-os para trabalhar juntos (Maria com José); os apóstolos na equipe dos 12...
4º) Não houve curso preparatório. A própria missão se tornou educadora: caminho se faz caminhando!
5º) Não solucionou, para eles, as dificuldades surgidas. Esteve sempre junto ao lado deles, sem substituí-los.
       No Antigo Testamento, no texto 2Sm, cap 7 e 8 – se tratou construir um lugar sagrado, para onde encontrar-se com Deus...
O ministério de Jesus considerou sagradas as pessoas e Jesus foi até elas.
CONCLUIREMOS retomando o texto de Lc 1,37: - “Para Deus nada é impossível”, vamos proclamar: -“Para os que são de Deus, nada será impossível”!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Os dez mandamentos. Joan Chittister, Laws of the heart.

OS DEZ MANDAMENTOS (JOAN CHITTISTER, LAWS OF THE HEART.     
Dez encontros salvadores que nos podem salvar do fazio, do fracasso vital e de ficar fora do Reino de Deus.
1.  Lei da Plenitude (Ama a Deus)
2.  Lei do respeito ao sagrado (O nome de Deus)
3.  Lei do espaço sagrado (Guarda o dia do Senhor)
4.  Lei da gratidão (Respeito a pai e mãe)
5.  Lei da vida a ser valorizada (não matar)
6.  Lei do compromisso (castidade)
7.  Lei do compartilhar (não roubar)
8.  Lei do testemunho (Verdadeiro não falso)
9.  Lei do auto controle (A mulher do próximo)
10.            Lei da segurança (Coisas alheias)
Os 10 mandamentos são uma nova visão do que vem a ser uma comunidade humana. São dez orientações que nos transformam.  Só uma vez (Ex 34) as tábuas do Sinai são chamadas “Mandamentos”. Today, what we call progress has turned against us. Some people have more than enough and other have less than needed.
1.  Eu sou o Senhor, não terás outros deuses.
Que é realmente importante nas nossas vidas? Esta lei nos salva das desilusões que no fim de tudo nos desapontam. Passamos de uma relação a outra e decobrimos que não conseguimos aperfeiçoar nada

Até Hammurabi, a lei era a vontade do rei. Todas as culturas do Oriente Medio tinham um código de leis (por es. No Alcoração: shariah, “Deus é o leste e o oeste, e para onde voltes aí está a a face de Deus; no Budismo: Sermãos do Lotus, preceitos budistas; no Hinduismo, os vedas: Bhagavad-gita.

2.  Lei do respeito al nome de Deus.
Pecado; usar o nome de Deus para fazer o que Deus nunca faria. São os que tomam por certo que sabem o que Deus quer. Pensam que quando falam, Deus falou...
Invocam a Deus para justificar preconceitos. Fazem Deus responsável pelo que odiamos, como se ele nos mandasse doenças e punições como terremotos, seca, etc. Deus passa a ser como um instrumento para punir. Quase todos os maiors atos de destruição da historia foram realizado usando o nome de Deus para legitimá-los: cruzadas, inquisição, apartheid.
- Si os textos sagrados dificultam a busca da paz e da justiça, certamente devem ser re-interpretados.

3- O descanso sabático revelava que pelo menos, um dia por semana, todos eram iguais. Paravam para dizer que a finalidade da vida não era o trabalho. É a oportunidade para avaliar tudo.
     O pecado sempre foi o de não buscar a Deus seriamente

4.  Os pais não são os melhores do mundo... não fizeram todo o possível, mas sim tudo que lhes era possível. Pai e mãe, a enorme possibilidade de aprender a superar qualquer egoísmo em função do mais débil (crianças que geraram).
5.  Lei da Vida.
No século XX tivemos 60% dos mortos de todas guerras do mundo.
Se o assassinato não é um crime, então porque criar leis para puní-lo com a morte? Se é crime, porque duplica-lo com outro crime, matando o assassino. Toda instancia de matar viola o mandamento.
A salvação da humanidade esta em que todos sejam rsponsábeis por todos.
“You shall enable life—Deves fazer que a vida possa acontecer.

When one parto f life dies in us, o ris taken from us, it is ressurrection time. Life is a series of little deaths out of it life always returns.

Comer sem criterios, beber sem controle, fumar, drogas... things that are killing us… Matamos o future antes que chegue

6.  Lei do compromisso.
“Ninguém importane cumpria esse mandamento. Salomão tinha 600 mulheres e nunca foi punido por isso. Jacob tinha duas Leah e Raquel.
O matrimoio no era fundamentado no amor. Poligamia, concubinato, levirato eram legais. O aculterio na Biblia não estava relacionado com a intimidade, confiança ou relações. Era sobre as leis da propriedade e da herança. No Talmud era em relação à família e a harmonia.
Para o homem o adultério não estava relacionado com a  monogania. Ter mulheres e filhos era uma segurança para o futuro. O problema era ter relações com a mulher de outro homem (propriedade para assegurar o clam, a linhagem. Ea um crime contra a propriedade).
Os rabinos diziam que um homem não poderia ter mais do que 4 mulheres.
Não cometer adultério é realmente ter em consideração as pessoas que dizemos amar. Não usá-las; não explorá-las, não ignorá-las, não manipula-las.
O 6º  mandamento é sobre a integridade do coração. Amor que supera o corpo, por isso substituir por outro corpo não resolve nada. Quando o único que podemos prometer é de permanecer relacionado enquanto houve alegria, é afirmar que nunca realmente se quer estar relacionado.
Deve-se permitir que a pessoa que dizemos amar, se desenvolva, senão sempre se vai estar procurando outra mais interessante.
O compromisso está ligado à comunicação: dizer ao outro um milhão de coisas sem pronunciar uma só palavra.
Deixar um adultério não muda, não salva o relacionamento do casal; é preciso procurar o que realmente está mal. Muitas vezes o outro pelo qual se deixa o companheiro, pode ser um hobby, uma promoção, um estudo... não sempre é o sexo.
As relações se constroem por respeito mutuo. Casamento é como um dueto, quando um canta o outro aplaude. Se começam a desatar os laços entre duas pessoas, deve-se perguntar por que não está aplaudindo.
Mariage is about eternal human significance. One knows how he is important for the other person.
Fidelity is not to use, explit, ignore, patronize, manipulate the people we love are those to whom we commit our lives, entrust our future, share ourselves.
Love is beyond body. Substituing another body for it never works. 

Asian context

4 billions, 60% of the world population, growing 2% every year
- Central Asia: 5 countries, ej. Kajakstan...
- East, 8 countries, ej. Japan, Corea, China...
- Southeast, 11 countries, ej. The Philippines, Malasya, Indonesia
- South Asia, 8 countries, ej. India, Pakistan
- West Asia, 19 countries, ej. Iran, Israel

ECONOMY
BY 2017, CHINA WILLHAVE THE LARGEST ECONOMY IN WORLD.
Asian Tigers: Japan, South Corea, Hong Kong, Taiwanb, Singapure
Rich in natural resources: 80% to 90% are in rural areas; 2/3 of the poor of the world; 30% elders.

POLITICS
- CONSTITUTIONAL MONARCHIES: Thailand, Japan, Cambodja
 - Absolutist monarchies: Brunei, Qatar, Saudi Arabia
- One party state: China, Taiwan
- Federal state: Malasya
- Dependent Territories: Hong-Kong, Macau
- Liberal democracies: India, The Philippines
- Military dictatorship: Burma, Noth Corea

CULTURE
800 languages in India, 600 in Indonesia, 100 in the Philippines
Word earliest cultures: Mesopotamia, Indus Valley, Huanghe

(Many countries do not have a basic Christian vocabulary, much less a canonical terminology.

La Iglesia que amo. Ronaldo Muñoz

LA IGLESIA QUE AMO
              Padre Ronaldo Muñoz,Chile
Pocas catedrales de canto y oro,
Muchas capillas de barro y tabla.

Pocos ricos adiestrados a la indiferencia,
Muchos pobres expertos en pasión compartida.

ÇPocos letrados calculadores y prudentes,
Muchos sencillos que saben de fe y de esperanza.

Pocos doctores muy seguros de su doctrina,
Muchos testigos que escuchan de verdad

Poco poder de fariseos y sacerdotes de carrera,
Mucho servicio humilde a los hermanos más pequeños.

Pocos proyectos de dólares y marcos,
Muchas mingas de sudor y canto.

Pocas ceremonias en palacios y cuarteles,
Muchas fiestas en aldeas y barrios marginales

Pocas bendiciones de armas, bancos y gobiernos,
Muchas marchas de paz, justicia y libertad.

Poco amor al Dios del castigo y de la muerte,
mucho respeto al Dios del amor y de la vida.

Poco culto de espaldas al pueblo
A Cristo rey eterno en las alturas:

Mucho amor y seguimiento a Jesús el de María,
Compañero, Profeta, Hijo del Padre.

Poco, cada vez menos,
Mucho, cada vez más.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

OS SINAIS DO REINO DE DEUS

SINAIS DO REINO             
Os sinais dos tempos podem ser bons ou maus. Os sinais do Reino são os que surpreendem com a graça irrompendo e envolvendo-nos.
O Espírito de Deus está presente em todos os tempos, lugares e seres. Age a seu modo e sem descanso, no rumo do Reino de Deus. Identificar sua presença, decifrar seu código é tarefa salvífica de cada geração e de cada pessoa.

Os companheiros do Ressuscitado ficaram com a responsabilidade e o dom de ser sinal, primícias e mediação privilegiada desse Reinado de Deus. No nosso tempo reconhecemos 10 dos seus sinais. [i]
A ordem em que são aqui apresentados não significa classificação da importância de cada sinal ou da prioridade com que tem sido captados.

1. SINAL DO REDESCOBRIMENTO DO UNIVERSO E DA CORRESPONSABILIDADE PELA CRIAÇÃO.
Vivemos extasiados pelo que dia a dia vamos desvendando no espaço sideral - caminhos de água em Marte, novas Galáxias. Conhecemos as placas tetônicas, vamos ao fundo dos mares. De outra parte, estamos assustados pelo deterioro do nosso planeta e sabemos que a tarefa ecológica não tem espera.
[ii]@Os governos, os educadores, a informática, a família, as empresas... as igrejas darão as mãos num esforço imediato, coordenado para reverter o processo de depredação do planeta.
TEMOS QUE FAZER O “SEGUNDO” GÊNESIS, OU SEJA, “SALVAR A CRIAÇÃO”, da qual Deus nos deixou responsáveis. As tarefas intra-eclesiais não podem desviar a atenção dos fieis: - é o mundo que está em perigo

2.   SINAL DA INFORMÁTICA, DOS TRANSPORTES, DA ALDEIA GLOBAL.
A qualquer hora nos podem chegar as noticias de qualquer parte do mundo. Acompanhamos encontros esportivos das mais distantes regiões, casamentos reais, visita papal... na mesma hora em que se realizam. Numa única noite é possível chegar do outro lado do globo. Do alto dos satélites já vimos varias vezes, de noite e de dia, a nossa terra azul. Os canais culturais da TV nos revelam culturas, civilizações, povos, costumes, animais, que ou não conhecíamos ou dos quais só tínhamos informações superficiais, mas agora já nos visitam virtualmente no interior de nossas casas. Nossos avós não usaram computadores. Nossos pais nem conheceram o Facebook ou outras formas de comunicação virtual em cadeia. Nem precisamos mencionar as extraordinárias conquistas na área da saúde, da cibernética e em tantos outros campos.
@ Este sinal do Reino no urge ser católico. As alegrias e sofrimentos de qualquer povo, são também desafios para o nosso modo de viver. Socializar as boas experiências, as esperanças  e as conquistas válidas em todos os setores da vida, devem ser uma bênção para a humanidade.

3.  SINAL DA NOVA ÉPOCA
A consciência moderna vive uma profunda mudança cultural. Só neste ano recebemos mais informações do que nos últimos 5 mil anos. Em 10 anos teremos computadores mais completos que o cérebro humano. As fibras óticas da 3ª geração conduzem 30 trilhões de “bites” por segundo, num único fio, o que corresponde a 150 milhões de ligações telefônicas por segundo. Enquanto o contexto cultural muda radicalmente[iii], a fé continua a ser anunciada e compreendida de acordo com a letra dos velhos textos teológicos.
  • Que caminhos humanos estão levando ao coração do Evangelho?
- O que se está desmoronando não é o Reinado de Deus, senão algumas das mediações que privilegiávamos. Jesus é um presente de Deus para toda a humanidade, não é exclusividade dos cristãos. Deve chegar a todo ser que vem a este mundo, embora não seja do modo que chegou a nós cristãos. Toda ação que ajuda a humanizar-se é evangelizadora. Manifesta e socializa o Reino.

4.  SINAL DO ENCONTRO COM NOVOS ALIADOS – TERCERIZAÇÃO.
No mundo de hoje ninguém pode fazer tudo o tempo todo. É importante decentralizar, identificar aliados. Aprender a trabalhar em equipo, com uma meta comum. Nem sequer o específico da nossa própria tradição religiosa podemos alcançá-lo sozinhos, necessitamos dos demais – Magistério, teólogos, testemunho dos santos...
  • Na Igreja deve acabar a concentração do poder, da palavra, da disciplina. Ninguém é dono de Deus.[iv]

5.  SINAL DAS MINORIAS ABRAHAMICAS, ARTICULADAS.
Na igreja, como na vida, certamente a chave do sucesso não está em ser maioria numérica, mas sim a de ser fermento. Minorias desarticuladas não vão a lugar nenhum. Os pequenos, os desconsiderados, os pobres, quando se tornam sujeitos comunitários, provocam grandes mudanças na sua realidade e no mundo[v]. Entre estas, vale a pena mencionar as MINORIAS CULTURAIS e ÉTNICAS: afro e indígenas buscando sua autonomia e participação qualitativa no novo mundo que se vai construindo.

  • Nessa perspectiva as CEBs acontecem. Elas não só são o futuro da Igreja, mas sem elas a Igreja não vai ter futuro mesmo onde ela ainda não é maioria numérica.

6.  SINAL DO ECUMENISMO E DO DIÁLOGO RELIGIOSO
O escândalo da divisão entre cristãos desacredita a mensagem que damos. Todos os povos e todas as épocas à sua maneira e no limite de suas possibilidades louvam o Criador e Pai. Os que são sinceros, que pensam estar na verdade, que agem de acordo com sua própria consciência e estão dispostos, no limite da fraqueza humana, a fazer tudo aquilo que Deus determina e quer, conhecerão a salvação.
O vizinho que é de outra religião, a casa de oração dos que não são católicos, não nos afastem de Deus...nem da responsabilidade de criar um mundo mais humano para todos. As diferentes religiões não significam necessariamente um vazio de Deus.

7.  SINAL DA SOLIDARIEDADE UNIVERSAL
A vulnerabilidade de milhões de seres contemporâneos, as desigualdades que humilham e diminuem o tempo e a qualidade da vida, os desastres ecológicos despertam generosidades heroicas em milhares de nossos contemporâneos.
- Consideração especial seja feita à JUVENTUDE tentada pela drogadição, pelas gangas ou formas de violência, buscando o SENTIDO DE VIVER, reclamando seu lugar na sociedade e na religião.
As Igrejas devem usar o seu prestigio moral para convocar à solidariedade em função da vida e para promover mudanças estruturais nas sociedades.

8.  SINAL DA VENERAÇÃO PELA PALAVRA REVELADA
Todas as religiões revelam o fascínio pelo sagrado que sempre inclui a responsabilidade pelos mais necessitados.
O movimento bíblico (entre cristãos), o apreço pelos textos considerados inspirados e as tradições das muitas religiões, podem ser um grande ponto de encontro para construir uma nova sociedade de paz, comunhão e serviço recíproco.

 9. SINAL DOS MÁRTIRES DO REINO
Milhares de leigos, dezenas de sacerdotes, religiosas e mesmo bispos, comprometidos pelos valores do reino (justiça, paz, fidelidade, verdade, honestidade) terminaram sendo torturados e martirizados nas últimas décadas.
No sangue dos nossos mártires fundamentamos os valores do Reino.

10. A MISTICA COMO SINAL
A santidade primordial é a de milhões de pessoas que vivem e fazem possível que outros vivam (aí estão as mães de família, os educadores, a vida heroica das grandes maiorias do mundo, do povo crucificado).
O futuro da humanidade vai depender se teremos mais místicos, o que não significa  piedosos, senão de profundas convicções.
A energia que move a vida não é só a que recorda os horrores, mas principalmente a que recupera o que de bom houve. Recordar contagia.




[i] Esas señales no agotan los aspectos del Reino, no siempre tienen igual valor
[ii] El símbol “@” indica las tareas que nos tocan, en cada uno de las señales del Reino apuntadas
[iii] El mundo esta cambiando de modo rápido. En esta misma hora nascieron 244 niños en China y 351 en India. Cerca de 20% de la humanidad está en China y 17% en India. En China hay más gente que habla el ingles que en todo el mundo. Hoy existen 540 mil palabras ingleses nuevas, es decir, cinco veces más que en tiempos de Shakespeare.
[iv] El cardenal Walter Kasper, colega de José Ratzinger dice: - No tenemos en la Iglesia jamas la formulación de la fe de manera químicamente pura. Solamente tenemos lo fundamental de la Iglesia y de la fe, a través de mediaciones históricas del momento. A veces se presenta algo como parte de la enseñanza de la Iglesia, cuando era algo que por mucho tiempo eso se había sido negado...
[v] Baste  una mirada sobre lo que viene pasando en el mundo Muzulman: Egipto, Argelia, Libia….

domingo, 11 de dezembro de 2011

Terceiro Domingo do Advento - Alegria

Terceiro domingo do Advento, 11 Dez 2011.    

O ambiente vital de toda vida é de suma importância, para as relações entre as pessoas, com o mundo e para a integridade interior de cada um e também tem não pequenas consequências na qualidade das relações com Deus.
O ambiente da comunidade cristã não é como de um quartel ou dos corretores da bolsa de valores...Nem com alegrias de circo, que nada mudam...
        As leituras deste terceiro domingo não ficam só na boa noticia, mas apontam ao BOM ACONTECIMENTO.
- Alegrai-vos sempre no Senhor (Fil 4,4)
- Sede sempre alegres. Daí graças. Rezai. Afastai-vos da maldade (I1Tes 5)
- Livres... Aplainai os caminhos...(Is 61)

       O QUE “envenena” O AMBIENTE DA ALEGRIA em relação a Deus, ao mundo e a nos mesmos:
              + O MEDO Deus ou dos outros
       = fazer o menos possível e ainda parece muito. Ficar longe
       = dar o máximo e parece pouco. Ficar perto, íntimo.
              + A SUPERFICIALIDADE –
·        Querer subornar a Deus: irei à Aparecida, darei uma imagem de...
·        Difamar a Deus: justo a mim que venho sempre à missa, que foi que eu fiz, pago o dízimo.
   + PRESSA
  . Instantaneo (milagre)... Urgente pode não ser importante
  . Deixar que outros decidam por nos (propaganda)

# Agradecer (Meister Eckard
# Confiar – “Não entendo os teus caminhos, mas sabes os caminhos que devo    percorrer” (Dietrich Bonhoeffer)
# Por que beber da poça de  lodo ou de torneiras enferrujadas.
# Os passos definitivos (diálogo de Jesus com a samaritana)
# viajamos para admirar montanhas, glaciais, mas não admiramos o autor daquilo que esta bem perto de nos...

       EM RELAÇÃO A NOS MESMOS:
- “Todo encontro é graça (pessoas que encontro uma só vez na vida e é para sempre...Outros com quem prefiro não me encontrar... Depois de estar com elas tenho vontade de ser melhor
– “A alegria não está nas coisas, está em nós “ (Goeth)
- “Só o que faz bem à pessoa humana pode fazê-la feliz.
- “A alegria abre, a tristeza fecha o coração (Frc. Sales)
- “Que é bom, é livre, ainda que seja escravo. Quem é mau é escravo, ainda que seja livre. (Agostinho)
- “A gente que se agarra à própria opinião não porque seja verdadeira, mas porque é a sua
-“Nas coisas necessárias, a unidade, nas duvidosas, a liberdade, em tudo a caridade. (Agostinho).

domingo, 4 de dezembro de 2011

Segundo Domingo Advento 2011

Segundo Domingo Advento – 4 Dezembro 2011.
O que Isaias pronunciou a 2.700 anos, nos chega neste domingo, na primeira leitura: Consolai o meu povo... abri caminho no deserto... vales e montes transformados...
Os caminhos tortuosos, denunciados pelos que mais estudaram a nossa realidade:
1.  Tecnologia não está só influenciando, mas configurando a todos nós (sentir, pensar, necessitar, comprar...)
2.  As comunidades virtuais se tornam mais comuns que as comunidades recais (facebook)
3.  Obsessão do sucesso (É preciso obter os instrumentos da última geração)
4.  Só o momento presente é importante. Não há preocupação pelas consequências (droga, álcool, sexo). “Prefiro uma semana de rei do que uma vida de porco”.
5.  Ceticismo e cinismo; nenhuma certeza, nenhuma fé... fascínio por vampiros e extra  terrestres (Harry Potter)
6.  Estado de desespero reprimido. Buscar segurança no passado (voltar ao útero materno).
7.  Para enfrentar os desafios, as lutas da vida: álcool, drogas, religião para que Deus e os santos façam milagres por nos
Ao mesmo tempo, as “estruturas de graça” indicadas por Karl Rahner: a Igreja do futuro será de místicos,  de comunidade e de compromisso com os mais necessitados.
       As grandes figuras do Advento, que nos acompanham e orientam são: Abraão – nosso pai na fé... deixa sua terra, vai para onde Deus lhe indica, se dispõe até a sacrificar ao único filho, Isaac... peregrinou toda a vida sem ter terra própria. Nesta no ponto de partida dos Judeus, dos cristãos, dos muçulmanos, as três religiões monoteístas.
João Batista – a voz que clama no deserto convocando à penitencia, a preparar os caminhos para Aquele que deve vir.
Maria – a jovem que  aceita que Deus mude seus planos e sua vida estará para sempre ligada ao projeto do Pai, em Jesus.
       Junto com os grandes referenciais bíblicos do Advento, pensemos também em figuras do nosso tempo. Ontem, o grupo que jovens que estava reunido numa manhã de oração e encontro Eucarístico, escolheu: João XXIII (pelos católicos);  Martin Luther King Jr (pelos evangélicos), e Mahatma Gandhi (pelas grandes religiões não monoteístas).
Em essa nova caminhada de fé, escutamos a Dietrich Bonhoefferr, o pastor luterano martirizado pelos nazistas: “Pai, não entendo os seus caminhos, mas tu sabes os sendeiros que devo percorrer!”
E Agostinho de Hipona: “Deus não manda coisas impossíveis, mas sim ao mandar o que manda, convida-te a fazer o que possas; e pedir o que não possas e te ajuda para que possas!.
No final do século XX, a François Mauriac: “Pensamos que Deus não escuta nossos apelos. Mas somos nos que não escutamos suas respostas”.
J.Marins