terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O dinamismo da Igr. Apostólica

AS CEBS RETOMAM O DINAMISMO DA IGREJA APOSTÓLICA
1. Cruzando a fronteira do judaísmo, entrando pelo mundo de cultura greco-romana...Judia com os judeus, romana com os romanos, grega com os gregos
2. Os missionários saíram como equipe formando comunidades; Pedro, para ir a Cesaréa, leva consigo outros membros da Igreja de Jafna. Felipe, em Samaria, é apoiado por Pedro e João que vão trabalhar com ele, em nome da Igreja mãe de Jerusalém... Paulo na primeira viagem vai com Barnabé e João Marcos, depois com Silas, Timóteo (possivelmente Lucas)
A Corinto foi com Áquila e Priscila, em Roma chegou como prisioneiro, acompanhado de membros da Igreja de Cesaréa Marítima.
3. Multiplica ministérios: bispo,presbíteros,diáconos... profetas, apóstolos, catequistas...
4. As novas comunidades precisam de autonomia, vivida em comunhão com as demais comunidades
5. Há sempre uma coordenação referencial do apóstolo (Pedro,Paulo, e seus representantes como Tiago em Jerusalem......)
6. Protagonismo da mulher: Cencreas,Phoebe-diaconiza; Corinto: Priscila, também ela em Efeso e outras que Paulo cita no fim da carta aos romanos, maria que se dedicou a vocês, (v.6), Trifena e Trifosa (v.12), Persis (v.12), Mãe de Rufo (v.13), Julia (v.15), a la hermana de Nereo (v.15), Lidia em Filipos...Maria mãe de João Marcos, Madalena, Marta, Maria irmã de Lázaro, as filhas do diácono Felipe em Cesara Marítima, Talita...
7. A Igreja que se reúne na casa
8. A corresponsabilidade entre as Igrejas, Agabo provoca uma coleta em Antioquia, que é enviada a Jerusalen por meio do Paulo e do Barnabe.
9. Inculturação: aereópago em Atenas, Cabikrius emTessalonica, festas judaicas, tradições judaicas, o dia do sábado até o século IV (quando Constantino muda para o domingo), linguagem romana para diocese, basílica, paroquia... roupa romana
10. Representantes das comunidades que vão a Jerusalém com Paulo para ajudar e conviver...(Inter eclesial)
11. As cartas do Apóstolo para as comunidades e visitas às mesmas
12. Martirio

Carismáticos

CARISMÁTICOS
- Pentec. Clássicos: Assembleia de Deus, Congregação Cristã
1ª. geração: Dom de línguas, conversão radical, ascetismo, esperam vinda de Jesus.
2ª.geração: cura, alguns relaxam as exigências ascéticas
3ª. geração: Guerra contra o diabo e teologia da prosperidade.Marketing. Espirito da riqueza, sorte, prosperidade. Interesses individualistas que a religião oferece.
CARACTERISTICAS
- Contato direto com Jesus salvador (A igreja é o grande obstáculo entre os cristãos e Jesus). Idolatria.
- A religião procede de uma experiência imediata, visível, sensível do Espírito. Se trata de viver o presente- entrando em contato com o poder de Deus
- Igreja de leigos. O mesmo Espírito é dado a todos. O pastor dirige o espetáculo no qual todos são atores. Estimula, cria o ambiente, improvisa. Os pastores não são uma casta acima da comunidade
- Deus e o diabo, não há outros fatores. Preferencia pelo A.T. quando se ve mais o poder de Deus (Na vida profissional tem uma verdade, na Igreja, outra). Nenhuma preocupação pelo principio aristotélico da “não contradição”. Nenhum argumento cientifico, histórico ou crítico abala a fe dos pentecostais na Biblia.
- Deus resolve tudo diretamente, por isso não tem sentido a militância social. Entram na política para defender o interesse das suas Igrejas.
- O Pentecostalismo atrai pela sua extrema simplicidade. Todos entendem imediatamente, não é necessário sacerdote para explica-lo. Não existem propriamente ritos.
- Espiritualidade da prosperidade. Deus quer saúde, bens materiais, aqui e agora para todos seus filhos. Quanto maior a oferta, maior a bênção.Não há lugar para solidariedade ou opção pelos pobres.Bênção de abundancia Gn 27,18.
NOVA ERA
Desilusão das lutas sociais. Não tem fundador, dogmas, nem um só centro, não quer mudar a realidade fora, só o coração. Adversaria de qualquer proposta capitalista, hedonista como social. A nova era dependerámais da força dos astros que da graça de Deus ou liberdade humana.

10 PRAGAS CARISMÁTICAS
1. Fazer um reino dentro do Reino
2. Complexo messiânico de superioridade espiritual
3. Obsessão proselitista
4. Criterio operativo habitual – número não tanto a qualidade
5. Não sabe trabalhar com outros grupos eclesiais
6. Fundamentalismo bíblico
7. Visão ingênua da realidade, respondendo com o assistencial, promocional, mas não tocando nas estruturas
8. Abuso das emoções tanto individuais como coletivas
9. Obsessão da presença diabólica
10. Culto de personalidades.

10 BENÇÃOS
1. Abertura ao Espírito
2. Gosto pelas orações de louvor
3. Disponibilidade para servir à paroquia
4. Grande respeito para as coisas sagradas
5. Ajuda aos necessitados (doentes)
6. Compartilhar os bens e tempo
7. Fome para conhecer mais a religião
8. Alegria
9. Apreço pela Palavra de Deus
10. Alegria e entusiasmo nas celebrações
10 RESPONSABILIDADS CONJUNTAS
1.Criar Igrejas de base
2.Animar e orientar para o cuso da Biblia
3.Celebrações comunitárias vivas
4.Animar o conjunto da comunidade eclesial
5.Proclamar profeticamente
6.Fazer que os pobres sejam sujeito
7.Abertura ao ecumenismo
8.Compromisso missionário não proselitista
9.Retomar a referencia do Reino
10.Não tanto levar as pessoas al edifício
TERAPIAS
1.Revisar o quadro de referencia teológico tanto individual como comunitário
2.Superar os métodos verticais e impositivos centralizadores
3.Salir de uma visão ingênua da realidade aprendendo instrumentos de analise social
4.Trabalhar com um esquema comunitário de ver, julgar...
5.Romper o fundamentalismo bíblico
6. Aprender ética e moral social
7.Inculturação
8.Pastoral de conjunto
9.Formação com todos mais do que a especializada
10.Colocar os eventos em linha de processo
11. Concentrar-se no ordinário da pastoral e não tanto no extraordinário
12. Colocar as experiências particulares dentro da expiritualidade eclesial de todos.

Comunidades (CEBs) e Grupos (Movimientos)

CEBS E GRUPOS

COMUNIDADES
1. Son permanentes.
2. Son pluralistas-diversas: género, edad, cultura, etc.
3. Tienen todos los elementos esenciales para ser Iglesia.
4. Pueden componerse de grupos.
5. Tienen reconocimiento como nivel eclesial.
6. Es Iglesia sacramento.
7. Tienen la presidencia del Sacerdocio ministerial.

8. Son Nivel Eucarístico.

9. Son Nivel eclesial como la parroquia.
10. Su Acción está ligada al ministro ordinario.
11. Entrar en la CEB es entrar en la Iglesia. El bautismo es el único rito de pertenencia a las CEB.

12. Todo bautizado debe pertenecer a una comunidad de base.
13. La base de la Iglesia no puede desaparecer



14. Si solo una base subsiste, ella es entonces la Iglesia diocesana y universal.
15. La presidencia de una Iglesia de base pertenece al ministro ordenado que es su pastor ordinario.
16. Cuenta con todo lo esencial de ser Iglesia (en semilla).
17. La teología del E.S.
Manifiesta a Jesús, su humanidad (los pobres).Es Trinitaria GRUPOS
1. Son transitorios.
2. Pueden ser homogéneos en cuanto a la edad, sexo, etc.
3. Son específicos (sólo para catequesis...)

4. Son un solo grupo...y no es comunidad.
5. Representan una especialización (social, juventud...)
6. Son Carismas.

7. No es de su naturaleza tener el sacerdocio propio.


8. Participan de la Eucaristía de la Iglesia local.
9. Son especialización y no nivel eclesial.
10. La Coordinación está ligada al secretariado del movimiento.

11. Entrar en un movimiento no significa automáticamente entrar en la Iglesia como tal.




12. El bautismo no es el rito de entrada a un movimiento.

13. Los miembros de diferentes grupos y movimientos deben pertenecer a una CEB por razón del bautismo. La fidelidad última es a la Iglesia, no al movimiento.
14. Pueden extinguirse tanto en una región como en el mundo.


15. La coordinación de un grupo no pide ordenación. Tienen capellanes que son asesores, no más.

16. Pueden ocuparse solo en una dimensión como la social, etc.---

17. Su teología del E.S. comienza y termina en el.

CEBs e Pequenas comunidades eclesiais

PEQUENAS COMUNIDADES E CEBS (DOC.APARECIDA, DISCERNIMIENTO)
5.1. Chamados a viver em comunhão
155. Povo de Deus, Igrejas locais = comunhão com a Trindade
156. A dimensão constitutiva do acontecimento cristão é pertencer à uma comunidade concreta, para viver a experiência permanente de discipulado em comunhão com os apóstolos e o Papa
# A insistência sobre o Papa não era necessária.
158. Elementos da Igreja: Eucaristia, Palavra, Comunidade, Missão evangelizadora
# Falta a diakonia
159. Comunidade por atração, não por proselitismo
5.2. Lugares eclesiais para a comunhão
166. Diocese = Totalmente Igreja, não toda a Igreja, porque existem outras dioceses.
169. Cada pequena comunidade, paroquias, comunidades educativas, comunidade de vida consagrada, associações ou movimentos, pequenas comunidades se inserem na pastoral orgânica da diocese.
# Todas expressões comunitárias aparecem no mesmo nível de igualdade, por serem “comunhão de pessoas”
170. Entre as comunidades eclesiais sobresái a Paroquia
# Não são comunidades de igual constituição teológica
171-175. Palavra, Eucaristia, missão, serviço...
# Não faz menção de LG 1 Igreja Sacramento.
176. Lugar do pobre
- CEBs E PEQUENAS COMUNIDADES ECLESIAIS
178. Cita Medellin 15,10, Palavra, compromisso social, serviços...
# Omite a citação do Med 15,10: Cada batizado deve pertender a uma comunidade de base
179. É claro o preconceito contra as CEBs
# Não sejam contra o magistério, tradição... nunca dizem isso quando falam dos padres, dos bispos movimentos etc. que na historia tiveram também hereges, mas as CEB ainda não.
180. Junto com as cEBs, outras formas de pequenas comunidades... movimentos, grupos de vida, oração e reflexão
# O fato de serem anãzinhas...não constituem essencialmente a identidade das CEBs.
312. Dimensão institucional e carismáticas não se opõem... citação de Bento XVI, 24 marco 2007
# Exatamente o que repetimos sempre, até acrescentando que se complementam.
LAS CEBs y las pequeña comunidades eclesiales.

Pequeñas comunidades eclesiales y CEBs son dos realidades diferentes pero no necesariamente opuestas.

Todos los que ejercen ministerios a nivel de las CEBs han sentido que desde la asamblea de Santo Domingo, viene apareciendo en documentos episcopales y en otros, una cierta ambigüedad de fondo: se habla de las CEBs, citando el documento fundante de Medellin (15,10) y al mismo tiempo se añade, “y Pequeñas comunidades eclesiales”, sin mayores especificaciones.


Sabemos que, en la Iglesia, todo se orienta por la Koinonia (comunión), de la cual la Trinitaria, es el punto alpha y ómega (comienzo y plenitud). Sin embargo, la expresión “Pequeñas comunidades eclesiales” no es sinónima de CEBs. Se refiere a los pequeños grupos de un movimiento eclesial y por eso es expresión de los dones del Espíritu, mientras que el contenido teológico de las CEBs es de ser Iglesia sacramento (LG 1), con la diócesis y la parroquia (en instancias diferentes, como lo entendió el documento de Pueblo, que jamás unió las CEBs a los movimientos).

Las CEBs (“En el caso en que todavía existan”, decía un obispo, con cierta satisfacción (!) “son una, de las tantas pequeñas comunidades eclesiales, que “OJALÁ puedan contribuir para revitalizar las parroquias…” (“¡Desde que no se metan en política!”), completaba, apresuradamente, otro colega del mencionado Prelado).
En este sentido, el documento de Aparecida, con sus idas y venidas de redacción, terminó revelando tendencias opuestas en relación a las CEBs. En efecto, el texto de Aparecida, en lo que se refiere a las CEBs, desafía nuestro entendimiento lógico, con una especie de danza de conceptos opuestos: -“Si, ¡pero no!” “Es y no es”. Por ejemplo, en la nota n.88 (de la Redacción “anónimamente” editado y corregido, y dada como definitiva, por las autoridades superiores), se vuelve a afirmar que el texto de Medellín 15,10 continua plenamente válido. Pero, en la siguiente línea, al citar Puebla n.629, retoma un texto elaborado en otro contexto histórico . Retomado 29 años más tarde, en otra situación, y silenciando la enorme cantidad de citas positivas sobre las CEBs, que llenan de punta a punta el texto de Puebla , manipula la intención original de los redactores y sugiere sospechas graves en relación a las CEBs
A pesar de esas insistencias, Aparecida, en su conjunto y en los números 178, 179,180 reafirma las CEBs. La redacción que ha sido votada por los obispos, había optado por frases de apoyo y simpatías (Nada genéricas o tampoco superficiales). Véanse los número 194 y 195 de la 4ª.Redacción: - 194: “Queremos decididamente, reafirmar y dar nuevo impulso a la vida y misión profética y santificadora de las CEBs, en el seguimiento misionero de Jesús. Ellas han sido una de las grandes manifestaciones del Espíritu en la Iglesia de América Latina y El Caribe después del Vaticano II”.
195….”Después del camino recorrido hasta ahora, con logros y dificultades, es el momento de una profunda renovación de esta rica experiencia eclesial en nuestro continente, para que no pierdan su eficacia misionera sino que la perfeccionen y la acrecienten de acuerdo a las siempre nuevas exigencias de los tiempos”.
La 5ª. Redacción, la que ha sido “corregida” misteriosamente , quitó todo lo que pudiera aparecer como entusiasmo de pastores al proceso de las CEBs, y como apoyo al compromiso misionero, tantas veces heroicos, de parte de los más sencillos y sufridos miembros de la Iglesia Entonces, las CEBs significan solamente una entre muchas búsquedas por nuevas formas de vida comunitaria, todas ellas llamada de pequeñas comunidades? (Como genéricamente se refiere el n.56 DAP)
El intento, aparentemente inocente (y que, por supuesto, no lo es), se expresa en la propuesta de reunir todas las formas de experiencia comunitaria de la Iglesia, agrupándolas bajo un único nombre: Pequeñas comunidades eclesiales. Así desaparecen las originalidades específicas, como en el caso de las CEBs.
El deseo de sintetizar, no simplifica el tema de las CEBs, sino que lo confunde. Termina haciendo una propuesta “simplista” y ambigua. En realidad se termina por rotular, indistintamente, cosas que son de diferente naturaleza teológica y pastoral (Lo que es de la área “Iglesia Sacramento”, LG 1; con lo que es del espacio de “dones y gracias del Espíritu” LG 12). En última análisis, se está desautorizando la asamblea de Medellín (cuyo texto sobre las CEBs, 15,10, ha sido reafirmado en Puebla, Santo Domingo y Aparecida).
Digámoslo en pocas frases, lo que, a seguir, analizaremos más ampliamente:
• Las CEBs no son grupos eclesiales. Son estructuras de la Iglesia (Med. 15,10), como la parroquia, que ha sido la Iglesia de base (cuando, en tiempos medievales se constituya de 15 o 20 familias) y ahora (con 10 o 60 mil bautizados) se la va transformando en comunidad de comunidades (Aparecida). Las CEBs surgen, por lo tanto, para reconstruir el primer nivel de Iglesia, que ya dejó de existir de manera efectiva y misionera, aun que permanezca como nomenclatura, en relación a la parroquia.
• Las CEBs, siendo la base eclesial, como la parroquia lo fue, no expresa, sin embargo, el mismo “modelo teológico-pastoral”. El modelo parroquial es de cristiandad, patriarcal, piramidal, pre-técnico, rural, de atendimiento sacramental, devocional, territorial, centrada en un edificio.
• El modelo de la CEB es esencialmente misionero, de diáspora, urbano, comunitario, descentrado del edificio y no confinado al territorio, dentro de un mundo científico, técnico, urbano, que en relación a las personas, no “espera por…”, sino que “va hacia”, llegando donde la presencia pastoral no acontece de modo sistemático y adecuado
• Las CEBs, como lo ha ubicado la Asamblea de Puebla, son una estructura sacramental (LG 1) no hacen parte de los dones y ayudas “carismáticos” mencionados por el n.12 de Lumen Gentium.
• Las características de la CEBs: ser pequeña y ser comunidad, en sí mismas (aisladamente) no expresan lo específico de las CEBs. En efecto, vivir la experiencia comunitaria es una exigencia que califica toda realidad y acción eclesial: sea el consejo pastoral, o el presbiterio, o los catequistas parroquiales…Lo específico de lo comunitario se expresa por las relaciones inter-personales, la participación y corresponsabilidad.
• El otro aspecto, el de ser una comunidad “pequeña” es una condición tanto pedagógica como operativa, para facilitar la convivencia y el funcionamiento de las realidades multitudinarias, de obreros, de estudiantes, hasta de soldados…

La Asamblea de Puebla, coherente con la perspectiva esencial de Medellín, que presenta las CEBs como primero nivel de Iglesia, las ubica siempre como parte del tríptico: CEB, Parroquia y Diócesis. Eso está evidenciado en cada uno de los pasos del método: en el VER la realidad; como para el PENSAR-JUZGAR, que se encarga de la fundamentación teológica para los discernimientos; y finalmente para el ACTUAR, explicitando las líneas de acción de las CEBs-Parroquias-Diócesis La CEB no se localiza entre los movimientos, sino como estructura eclesial fundamental, como realidad eclesial global, como un todo, no como parte
El documento de Puebla señala como elementos constitutivos de las CEBs, aquellos que forman parte de la descripción misma del misterio de la Iglesia y que hayan su expresión cabal en la Iglesia particular: La Palabra de Dios, la participación en la Eucaristía, la comunión con los Pastores; las nuevas relaciones interpersonales con la Fe y un compromiso mayor con la justicia, con la realidad social de sus ambientes. (Cf. Puebla, 640.)

En conclusión: Reducir la CEB (estructura eclesial, instancia de base) a una genérica “Pequeña Comunidad Eclesial” (grupos, asociaciones, servicios) es suprimir la originalidad de la propuesta de América Latina a partir de la Asamblea de Medellín. Veamos, además, diez diferencias entre lo que es propio de las CEBs y lo que es característico de los grupos eclesiales (asociaciones, movimientos, sodalicios, etc.), algunas de ellas ya han sido anteriormente mencionadas y explicadas;

CEBs depois do Vaticano II

– PASSOS A PARTIR DO VATICANO II

1. O Povo de Deus (Koinonia), vem antes da hierarquia (diakonia)
2. Jesus é sacramento de Deus, e a Igreja é sacramento de Cristo (LG1)
3. LG 8 – No solamente la Iglesia católica tiene los elementos del Reino; ella debe ser pobre y dedicarse a los pobres, afligidos… Estes elementos essenciais da igreja “subsistem” na Igreja Católica
4. LG 9 – A Igeja é para todos um sacramento visível desta unidade salvadora de Deus. Tem o poder e a graça de Deus para quenão desfaleça. Não deve cesar de renovar-se
5. LG 10 – El Pueblo de Dios ejerce un sacerdocio general, ungido por el E.Santo.
6. LG 12 –A totalidade dos fieis que tem a unção do Santo, não pode equivocar se quando cre.
Dons e carismas devem ser avaliados pela Igreja e não por eles mesmos. Devem ser discernidos quanto à autenticidade e quanto ao seu exercício razoável pela autoridade da Igreja
LG 26 – Esta Iglesia de Cristo está verdaderamente presente en todas las legítimas reuniones locales de los fieles, que, unidas a sus pastores, reciben también en el Nuevo Testamento el nombre de iglesias [86]. Ellas son, en su lugar, el Pueblo nuevo, llamado por Dios en el Espíritu Santo y en gran plenitud (cf. 1 Ts 1,5). En ellas se congregan los fieles por la predicación del Evangelio de Cristo y se celebra el misterio de la Cena del Señor «para que por medio del cuerpo y de la sangre del Señor quede unida toda la fraternidad» [87]. En toda comunidad de altar, bajo el sagrado ministerio del Obispo [88], se manifiesta el símbolo de aquella caridad y «unidad del Cuerpo místico, sin la cual no puede haber salvación» [89]. En estas comunidades, aunque sean frecuentemente pequeñas y pobres o vivan en la dispersión, está presente Cristo, por cuya virtud se congrega la Iglesia una, santa, católica y apostólica [90]. Pues «la participación del cuerpo y sangre de Cristo hace que pasemos a ser aquello que recibimos» [91].
7. O rito romano não é o único, nem o mais importante da Igreja
8. Toda a Igreja é chamada a viver como colegialidade, bispos, presbíteros, povo
9. O ecumenismo é constitutivo da Igreja
10. Missão
11. As cEBs são responsabilidade de toda a Igreja
12. A liberdade de consciência
13. O mistério pascual mais que devoções, sacrifício, adoração sacrario
14. Meta para o mundo e para a Igreja, o reinado de Deus
15. Tudo isto acontece na Igreja católica
16. No mundo urbano a Igreja muda do territorial para a opção ambiental
17. Necessidade da renovação do ministério ordenado
18. Elementos essenciais da CEB
19. Pobre, a mulher, a prioridade da palavra de Deus

APÊNDICE II – DOCUMENTOS DO MAGISTERIO SOBRE AS CEBS

+ Pontificios:
Evangelii Nuntiandi,58.
Redemptoris Missio, 51
Catequesi Tradendae,47
Familiaris consortio,85
Christilides laici,26

+Assembleias Gerais latino americanas caribenhas
Medellin 15,10
Puebla 96.97.629.640-643, 1147.638.617-618
Santo Domingo,60
Aparecida 178.179.180. 193

+ SINODOS EPISCOPAIS MUNDIAIS
74,77,85, Ecclesia in Africa 89, in Asia 132, in américa 29-41

Modelo eclesial das CEBs

NOVO MODELO ECLESIAL DAS CEBS (características)
MODELO CRISTIANDADE CEBS
1. TERRITORIAL DIÁSPORA
2. PATRIARCAL COMUNIDAD
3. FEODAL COMUNHÃO
4. DEVOCIONAL,SACRAMENTALISTA MISTERIO PASQUAL
5. PIRAMIDAL CIRCULAR
6. RURAL URBANO
7. TRIDENTINO VATICANO II
8. PRE TECNICO INFORMATICA
9. CONSERVADOR CREATIVO
10. RUBRICISTA LITÚRGICO
11. MACHISTA PLURALISTA
12. FUNDAMENTALISTA CONTEXTUAL
13. MAGISTERIAL BÍBLICO
14. ESPERAR “POR” IR “A”
15. CLASSE DOMINANTE “MENORES”
16. OVELHAS SEM PASTOR PASTOR SEM OVELHAS
17. UNIFORME DIVERSIFICADO
18. AO LADO DO MUNDO FERMENTO DENTRO
19. IGREJA DE MOVIMENTOS IGREJA EM MOVIMENTO
20. IGREJA DE CARISMAS IGREJA DO BATISMO
21. SACRARIO PATIO DOS GENTIOS
22. POVO ESCOLHIDO TODOS OS POVOS
23. DEVOÇÕES PALAVRA,CMD,MISSÃO
24. ORAÇÕES CARIDADE
25. SALVAÇÃO INDIVIDUAL SALVAÇÃO COMUNITARIA
26. SANTORAL SEGUIMENTO DE CRISTO
27. 7 SACRAMENTOS 1 SACRAMENTO – JESUS-I
28. CASTIGO-MEDO FASCINIO, ENTUSIASMO
29. PRATICA RELIGIOSAS KERIGMA
30. APOLOGÉTICA ANUNCIO-DENUNCIA
31. SACRISTIA CONFINS DA TERRA
32. EVENTOS PROCESSO
33. CLERICAL POVO DE DEUS
34. ORAÇÕES E TRADIÇÕES AGAPE
35. ADORAÇÃO DE JESUS SEGUIMENTO DE JESUS
36. SALVAÇÃO ETERNA JUSTIÇA, PAZ, AMOR
37. INQUISIÇÃO ECUMENISMO
38. DOGMATICA DIÁLOGANTE

CEBs, a dimensão missionaria

A DIMENSÃO MISSIONARIA
As CEBs, estão confirmando que a dimensão missionária é constitutiva da Igreja. Isso leva a fazer várias perguntas sobre o modelo eclesial dominante:
- A comunidade católica atual é capaz de ser missionaria, uma vez que privilegiam um modelo histórico que não se revela missionário?
- Como um clero treinado para ser administrador e distribuidor de sacramentos, aparecendo como orientadores de pequenos professores de catequese, se tornaria missionário, de um momento para outro? Todas as estruturas paroquiais são orientadas ao atendimento do mundo devocional dos fieis, à prática religiosa e não à criatividade e itinerância missionária?
- Como os batizados, educados para ser dependentes da hierarquia e fieis às diversas práticas religiosas em torno aos 7 sacramentos, vão arriscar-se num projeto e dinamismo que não fez parte da sua experiência cristã? Como vão sair ensinando algo que nunca viveram?
As pessoas que frequentam as paroquias são as que menos desejam ser missionarias. Continuarão com as mesmas atividades de sempre, dando-lhes agora o título de “missionarias”
Não são cursos sobre missão que fazem uma comunidade missionaria
Chegarão a ser missionários, os movimentos burgueses que estão orientados a defender a Igreja e a sua doutrina moral, com atividades de tipo assistencial, paternalista, dependente do clero?
A visão dos católicos latino americanos e caribenhos, de ser uma maioria religiosa agora ameaçada pelo proselitismo evangélico, será capaz de assumir uma missão que significa testemunho e não reconquista? Diálogo e não apologética, diante das agressões verbais dos não-católicos?
As próprias CEBs têm se movido com um horizonte demasiado utópico, com uma teologia idealista, virtual que imaginava ser realidade seus desejos de transformação da realidade e o surgimento de um sujeito histórico popular militante com pendor ético e natural para a solidariedade. A Igreja dos pobres é um sonho ou uma possibilidade pelo menos a meio prazo? A ótica de opressão e capitalismo tem levado a um pessimismo sobre o mundo presente sem atenção à graça do Espírito, às estruturas de graça que são mais poderosas?
Os movimentos mais acolhidos pela hierarquia, desconheceram a mediação sócio-política-sanitari a-cultural-educativa para buscar só pela fé e prestigio da religião (ministros) as transformações do mundo. Cura divina e imediata dos males físicos e psíquicos. Teologia do sucesso e da recompensa nesta vida. Não aprofundaram a visão teológica da pobreza como irrupção de Deus desde baixo e desde dentro... as vítimas do anti reino são epifania de Deus por excelência.O Espírito Santo é pai dos pobres (sequencia de Pentecostes). A resistência contra a lógia do sistema que divide a humanidade
Mas as CEBs podem ser desconsiderado a corporeidade, o esforço de estar bem com a vida, a vivencia de uma humanidade saúdavel, importância da saúde do corpo, das relações. Há um cansaço da indignação. Poderiam aprender como certas exigências éticas e austeras como deixar de fumar, beber, dons carismáticos, transe, favorecem uma auto estima

CEBs depois Aparecida,hist.

S CEBS DEPOIS DE APARECIDA.
1. O NOVO MODELO ECLESIAL
Quando os cristãos, iluminados pelo Vaticano II e, em última instância, pela Palavra de Deus, se convenceram de que a referência do ministério de Jesus era o Reinado de Deus; e de que a fé deve transformar o mundo; e que os pobres, segregados, humilhados, oprimidos...- são prioritários para o cuidado e o serviço da comunidade cristã, sentiram que não era possível fazê-lo sem conhecer criticamente a realidade. Descobriram então situações de injustiça institucionalizadas, corrupções opressoras, estruturas de pecado, diante das quais não podiam estar indiferentes. A ação pastoral passou de uma ação assistência, a promocional e mesmo libertadora...e consequentemente teve que enfrentar estruturas injustiças e campanhas de acusações e desprestígio em revistas e jornais de grande importância.
A atitude profética de denunciar, se completou pelo anúncio e pela convocação para agir. Não se tratava apenas de sanar os efeitos negativos das situações negativas, mas era necessário ir às suas causas, debelar os aliciamentos (atrações) do mal, os sujeitos mediadores daquela situação, as estruturas, sistemas e ideologias que sustentavam aquele mundo de pecado... Era como encontrar-se com as 7 cabeças do dragão da maldade que pisa forte e devora!.
As situações passaram a ser conhecidas não pelas estatísticas, mas pelos casos concretos: gente com nome e sobrenome, com cara e ferimentos: Zézinho, filho de um pescador, que vai buscar na lama da maré os caranguejos... a Julinha, linda menina de 14 anos, que vende seu corpo por uma pedra de crack... Esse estado de coisas concentrou as CEBs em ações e campanhas públicas, passeatas e cartazes, deixando nos cidadãos ingênuos ou coniventes a surpresa (para eles) de que “se estava usando” a religião para fazer política...
Nem sempre se pode discernir claramente o momento em que esse compromisso urgente e necessário pudesse já ser assumido por organizações oficias ou Ongs. Quando alguém está se afogando, a ação salvadora não pode esperar que chegue os bombeiros. Não há tempo para analisar as causas do acidente e para estabelecer linhas de correção para o futuro...
O compromisso até heroico das CEBs acabou desgastando-as ou limitando o desenvolvimento dos demais aspectos da vida comunitária, como a formação sistemática, o aprofundamento da Palavra de Deus, a celebração da fé em forma organizada e mais prolongada.
Na medida em que aumentou a liberdade democrática em vários países, cresceu também a participação política dos cidadãos. As CEBs puderam revisar melhor suas prioridades e explicitar dimensiones que não estiveram suficientemente trabalhadas. Pero, para algumas autoridades hierárquicas e parte da população, já era tarde... já haviam rotulado que as CEBs já não tinham lugar significativo na vida eclesial. Outras organizações e grupos começaram a assumir o nome e o “imaginado” papel religioso das cEBs.
+ Há crescimento do ateísmo e do agnosticismo.
Esvaziamento dos símbolos religiosos pela manipulação comercial que usa o religioso para incentivar o consumo: natal, páscoa, etc.
+ As grandes explicações já não interessam ao povo, que prefere discursos de cunho emocional e uma teologia do sucesso, com soluções imediatas, espécie de cartão de crédito do sobrenatural e do milagre.
A religião do medo e das ameaças (desgraças, pestes) já não causa muito efeito. O abuso da demoniología de grupos evangélicos, socializou o demônio para todos as dificuldades e ajudou a criar irresponsabilidades sociais.
O protagonismo dos movimentos sem consciência crítica, sem profetismo, sem compromisso (Pode ajudar a sair da droga, mas não muda a sociedade... responde aos efeito e deixa as causas intactas. O urgente substitui o essencial.
A meta da luta social fica sendo conseguir mais lugares dentro do esquema dominante do consumo. Um lugar na sociedade.
Cf. Apêndice I - As características do novo modelo eclesial, nas CEBs).

2. NO DINAMISMO DA IGREJA APOSTÓLICA (Apêndice II)
Cruzando a fronteira do judaísmo, entrando pelo mundo de cultura greco-romana...Judia com os judeus, romana com os romanos, grega com os gregos
Os missionários saíram como equipe formando comunidades; Pedro, para ir a Cesaréa, leva consigo outros membros da Igreja de Jafna. Felipe, em Samaria, é apoiado por Pedro e João que vão trabalhar com ele, em nome da Igreja mãe de Jerusalém... Paulo na primeira viagem vai com Barnabé e João Marcos, depois com Silas, Timóteo (possivelmente Lucas)
o A Corinto foi com Áquila e Priscila, em Roma chegou como prisioneiro, acompanhado de membros da Igreja de Cesaréa Marítima.
Multiplica ministérios: bispos, presbíteros, diáconos... profetas, apóstolos, catequistas...
As novas comunidades precisam de autonomia, vivida em comunhão com as demais comunidades
Há sempre uma coordenação e animadora do apóstolo (Pedro,Paulo, e seus representantes como Tiago em Jerusalém......)
Protagonismo da mulher: Cencreas,Phoebe-diaconiza; Corinto: Priscila, também ela em Efeso e outras que Paulo cita no fim da carta aos romanos, maria que se dedicou a vocês, (v.6), Trifena e Trifosa (v.12), Persis (v.12), Mãe de Rufo (v.13), Julia (v.15), a la hermana de Nereo (v.15), Lidia em Filipos...Maria mãe de João Marcos, Madalena, Marta, Maria irmã de Lázaro, as filhas do diácono Felipe em Cesarea Marítima, Talita...
A Igreja que se reúne na casa
A corresponsabilidade entre as Igrejas, Agabo provoca uma coleta em Antioquia, que é enviada a Jerusalen por meio do Paulo e do Barnabe.
Inculturação: aereópago em Atenas, Cabirius em Tessalonica, festas judaicas, tradições judaicas, o dia do sábado até o século IV (quando Constantino muda para o domingo), linguagem romana para diocese, basílica, paroquia... roupa romana
Representantes das comunidades que vão a Jerusalém com Paulo para ajudar e conviver...(Inter eclesial)
As cartas do Apóstolo para as comunidades e visitas às mesmas
Martirio
O processo de crescimento do cristianismo no está ligado a edifícios, mas a comunidades, dominantemente urbanas
As comunidades cristãs fazem uma releitura das Escrituras hebraicas tomando como clave de interpretação ao Senhor Ressuscitado.

3. DOCUMENTOS DO MAGISTERIO
As CEBs são citadas em 5 encíclicas papais , em 4 das 5 assembleias gerais do episcopado latino americano e do caribe e em 6 documentos post sinodais.
(cf. Apêndice III)

4. PEQUENAS COMUNIDADES ECLESIAIS E CEBS (Doc.Aparecida – discernimento)
O Documento da Aparecida não faz diferença entre CEBs e outras estruturas de comunhão. Deixa a falsa impressão de que o denominador comum é o fato de uma comunidade ser pequena.
Por isso, no que se refere às cEBs, o documento de Aparecida é ambíguo ao trata-las como Pequenas comunidades eclesiais, sem maiores especificações (Apêndice IV - Pequenas comunidades eclesiais – Aparecida.)
As CEBs, na A.Lat e Caribe, sem dúvidas cometeram erros estratégicos e fizeram poucas auto-críticas (avaliações), particularmente em torno a) à “paroquialização”, b) ao risco de transformar-se em ONGs, c) e ao fato de não ser atrativa aos mais pobres, aos da religiosidade popular católica.
As CEBs foram aceitas nas paroquias, quando se alinharam com as diferentes associações existentes, terminando por comprometer sua identidade de ser célula de surgimento da Igreja num ambiente o lugar.
Outras CEBs, ao não contar com nenhum apoio das paróquias, ao contrário, sendo constantemente hostilizadas por elas, se refugiaram numa categoria de ONGs mais de tipo sócio, educacional ou ecológica. Sacrificou-se a sua especificidade de ser primeira célula de estruturação eclesial (Med 15,10) e mesmo sua identidade católica.
O povo mais pobre optou pelos grupos neo-pentecostais, mais atrativos por sua insistência na experiência direta de contato com o Espírito de Deus, abundancia de fenômenos religiosos especiais, promessa de recompensa econômica, social... visão lúdica e prazerosa da vida, imersão em imaginários esperançadores, auto estima por deixar vícios, provocar “milagres” e pouca estrutura religiosa sistemática. (Apêndice V – CEB e Grupos)
Sofreram sempre e agora ainda mais, diversas crises, particularmente a de uma crescente resistência da hierarquia e do povo católico. Desilusão com os movimentos sociais alimentados pela Teologia da Libertação. Queda do socialismo real. Novo surto religioso e subjetividade. Novos paradigmas científicos.
Correções de Roma, embora não sejam condenações, foram interpretadas como tal, pelos inimigos da TL e das CEBs. Armou-se o silogismo: As CEBs se identificam com a TL. Ora esta foi condenada ou pelo menos é suspeita por Roma. Logo...
Volta atrás conciliar: Missa São Pio V, colegiado, “sensus fidelium”, Igreja local, ecumenismo, liturgia, a Igreja católica é a única verdadeira, portanto a única que salva...
O XIII inter eclesial será a grande oportunidade de relançamento das CEBs no Brasil, aproximando-se da religiosidade popular católica e numa linha decididamente missionaria
O XIII inter eclesial vai ser um divisor de aguas na Igreja do Brasil. Será a grande oportunidade para o relançamento das CEBs, porque não se trata de um evento, sino de todo um processo de revisar o sentido das CEBs, etc.
- Como acontecimento profético sente a necessidade de desfazer uma ambiguidade que paira sobre as cEBs, por frases de Aparecida, que se desviam do texto originante de Medellin 15,10 e da apresentação da Igreja em Puebla, assim como outras afirmações do mesmo documento de Aparecida.
- O doc. Aparecida desvela a dimensão missionaria das cEBS, que não surgem para afirmar a paroquia, mas para fazer a Igreja acontecer como evento missionário onde a estrutura pastoral não chega, e coloca a perspectiva da missão como de fato o é, elemento essencial da Igreja (comunidade missionaria e missão comunitária). A Igreja acontece lá onde estruturalmente não chega. Surge outro modelo de Igreja
- As CEBs valorizam a religiosidade popular, como liberação de todo elitismo, como experiência popular de identificação do catolicismo orante, submisso a Deus, chamado a expressões de Povo de Deus em caminho aos pequenos Jerusalem da realidade disponível. Pedindo integridade humana (saúde, trabalho), sanação, e integridade humana familiar, social, política. Na perspectiva do pobre desvalido, perdido, agarrado ao divino como tábua salvadora, oceano de desgarres pessoais, sociais, ecológicos.
- Igreja das minorias desprezadas desproporcionada.
(Apêndice IV)

O processo das CEBS na AL e Caribe

0 PROCESSO DAS CEBS NA A.L. E CARIBE.
1. A REFERENCIA DO VATICANO II
O importante para o catolicismo era olhar os sinais da Igreja (devoções, sacramentos, documentos magistério, problemas litúrgicos, bíblicos, administrativos, vocações vida religiosa e sacerdotal, disciplina, ataques à Igreja, etc.) e procurar interpretá-los segundo as autoridades competentes (Quanto mais altas, mais seguro), e agir segundo o que as legítimas autoridades orientassem.
Jesus, e o Vaticano II, mudaram totalmente a direção para onde olhar: - Olhem os sinais dos tempos! Interpretados na perspectiva da proposta do reinado de Deus!
O evento conciliar: - lançou e desenvolveu uma pastoral programática, diferente da preocupação de dogmas e anátemas que absorveram os concílios anteriores;
- Não se restringiu aos fiéis católicos. Foram convidados os demais cristãos , as outras religiões e a sociedade inteira, para um diálogo amplo e não só ocasional.

América Latina, participando por primeira vez na historia num concilio universal da Igreja, viveu-o a partir da sua realidade, já que não se havia habituado a tradições anteriores

2. O PROCESSO ECLESIAL RECOLHIDO E AMPLIADO POR MEDELLIN
A assembleia de Medellín fez a ‘recepção’ conciliar, dinamizada por uma geração episcopal e de assessores, que comprometidos nas realidades pastorais se haviam educado no ver, julgar, agir da Ação Católica e na metodologia libertadora de Paulo Freire.
O Movimento de Natal, o Plano de Emergência, as Escolas Radiofônicas, os pronunciamentos dos bispos do nordeste e do centro-oeste, promovendo a educação de base, acompanharam experiências originais como a de São Paulo do Potengi (Rio Grande do Norte); Pirambu (Ce); Cravinhos, Osasco, Itaim (SP), Vitória, ES. E fora do Brasil, a atenção teológica-pastoral se voltou às iniciativas originais de San Miguelito (Panamá); Riobamba e Sucumbios (Equador), “los presidentes de Assembleia” em Santiago de los Caballeros (República Dominicana), “Delegados da Palavra”, Choluteca, Honduras, o caminhar da diocese mexicana de Ciudad Guzmán; os cursos de Verão em Lima (nos tempos do Card. Landazuri, P. Gustavo Gutierrez e companheiros).
Todo este novo horizonte Eclesial permitiu escrever os Documentos de Medellín, e sublinhar três fortes realidades conflitivas: 1) Estruturas de pecado; 2) Injustiça institucional; 3) Clamor do povo pobre e sofredor que olha para a Igreja como a confiança de nela encontrar a presença salvadora de Deus.
A partir do lançamento das CEBs, seus membros, mesmo sem o domínio de terminologias filosóficas e de militância sistemática, faziam análises estruturais e conjunturais. Apresentavam diagnósticos objetivos da realidade onde estavam e se uniam para realizar pequenos passos possíveis (reconstruir uma ponte, começar uma cooperativa, valorizar a cultura popular criando cânticos e procedimentos de protesto (como jejuns e orações...).
@ Neste período, o caminhar pastoral se alimenta num encontro com os profetas: Isaias, Jeremias, Amós e um estudo constante sobre o livro do Êxodo (sofrimento do povo, libertação, a caminho da terra sem males...)
Importante recorda:
+ Miguel Arrais e as ligas camponesas, no Brasil; movimentos rurais na Argentina e Paraguai; os indigenistas no México, Bolívia, Equador.
+ Grupos sacerdotais: os 80 (Chile), Terceiro Mundo (Argentina), Golconda (Colombia) e participação de membros das CEBs em movimentos populares de esquerda (El Salvador, Chile, Brasil, Equador, Nicaragua, Paraguai, México..)
+ Institutos Pastorais: IPLA (Quito), Catequese (Chile)
+ Documentos Magisterio: “Ouvi os clamores do meu povo”, Brasil 1973, Nordeste; O Indio, aquele que deve morrer”, Amazonas, 1973; Marginalização de um povo, 1974, Centro Oeste, O grito das Igrejas, Igreja e problema da terra, e S. Felix do Araguaya: “Uma Igreja em conflito com latifúndio e marginalização”
+ cardeais e bispos: Silva Enriquez (Chile), Arns (Brasil), Landazuri (Peru), Partelli (Uruguai), Romero (El Salvador), Angelelli (Argentina), Helder, Waldir Calheiros, Thomas Balduino, Angelico Bernardino, Casaldaliga, Padim. Fernando Gomes, Avelar Vilela (Brasil), Mendes Arceo, Carrasco, Lona, Jose Yaguno (México), Proaño (Equador), La Paz...Bispo de Boaventura (Colombia)
+ Surgimento da Teologia da Libertação
+ MARTIRIO: de 3 BISPOS, 72 sacerdotes, 17 religiosas, 1000 membros de CEBs, 3 Pastores evangélicos.
# De outro lado aumenta a reação da imprensa capitalista: o contra ataque dos proprietários rurais, principalmente na linha do movimento de Tradição, Familia, Propriedade (TFP)
# as ditaduras do Caribe (Batista, Trujillo, Papa “Doc”), e latino americanas (Somoza, Strossner, Vargas, PRI-México, Militares no Uruguai, Argentina, Panamá, El Salvador, Guatemala, Honduras, Chile, Brasil...)

@ REFLEXÃO BÍBLICA centrou-se bastante em torno à PAIXÃO, CRUCIFICAÇÃO DE JESUS, e dos MARTIRES da IGREJA de ontem (ATA DOS MÁRTIRES) e de “hoje”.

3. A VERTENTE DA RELIGIOSIDADE POPULAR CATOLICA
A pastoral latino americana procurou acolher as maiorias do Continente e Caribe, formada por pobres e católicos, reconhecendo e respeitando a sua fé tradicional mesmo que em algumas realidades, incluísse sincretismos.
Foi o que se chamou de religiosidade católica popular:
- romarias que chegam para tratar com Deus e o santo muito familiarmente, como sendo conhecidos pessoal ente; trazem causas imediatas ou consideradas perdidas, buscando sobrevivência e integridade humana, saúde, futuro... Têm gestos talvez desproporcionais (Como o da viúva do templo que deu tudo ou da mulher que gastou todo o seu dote esvaziando o frasco de perfume...).
A aproximação da religiosidade popular evita um elitismo das CEBS...O chamado “povão” não se incorpora na organização dominante. Faz parte da Igreja, mas não esta recrutado. Vive valores evangélicos: solidariedade, penitencia, fé, esperança... proximidade do crucificado; Maria das dores e da glória, fala de ressurreição. Oram com os lábios, mas muito mais com sua presença, com gestos talvez não comuns... representam uma entrega absoluta, sem respeito humano... uma oração sem distrações... certamente incompleta, cheia de elementos duvidosos que é o que esta ao alcance deles. Sincretismo?
Os que se tornam “evangélicos” se manifestam com um perigoso PURITANISMO E “SUPERIORIDADE” ELITISTA, condenando precipitadamente tudo o que é diferente de seus padrões e costumes. Propondo uma teologia do sucesso e bem estar econômico, bem nos moldes da sociedade de consumo contemporânea.
4. DÚVIDAS, TENSÕES
- Membros das CEBs não tomam armas. Apostam nas mudanças sociais possíveis e na não violência ativa (Direitos humanos, Helder Câmara).
As CEBs deram apoio aos movimentos sociais, ecológicos, culturais e de cidadania... Nunca se organizou um partido representativo dos católico
- Não se conhece casos em que comunidades Eclesiais de Base, como tal, tenham deixado a Igreja Católica, como aconteceu com grupos da renovação carismática na Guatemala, nos Estados Unidos e mesmo no Brasil
- Houve constante pressão do Vaticano e mesmo intervenções “punitivas” sobre teólogos, biblistas, sem mencionar o que foi atingindo bispos como Mendes Arceo, Pedro Casaldáliga, Romero, Leonidas Proaño, Samuel Ruiz, Gonzalo Marañon e a CNBB do Brasil. O CELAM tomou a decisão de “unificar” em Bogota, os Institutos Pastorais que se haviam desenvolvido no Chile, no Equador e na mesma Colombia (Manisales)... Teólogos como Leonardo Boff, Ion Sobrino, Sociólogos como Jose Oscar Beozzo, Historiadores como Henrique Dussel, Biblistas como Carlos Mesters, sofreram também advertências.
- Aumentando a repressão militar e de grupos econômicos, as Igrejas locais mais atingidas e CEBs, (denúncias, missionários estrangeiros expulsos, martirizados: padre, religiosas, mulheres norte americanas mártires em El Salvador, e Brasil (Dorothy); e outros mártires de nacionalidade canadense, espanhola, filipina, francesa, italiana, alemã...) procuram apoio internacional
- Os cardeais Lorscheider, Arns, os presidentes da CNBB de turno (Ivo Lorscheiter, Luciano Mendes... ) não pouparam viagens ao Vaticano para esclarecer suspeitas e responder a denúncias.
@+ A reflexão bíblica-teológica se concentra especialmente no conhecimento das primeiras comunidades cristãs do novo testamento; trabalha a dimensão bíblica orante; a cristologia- Jesus histórico e a pneumatologia e reinado de Deus.

CEBs romeiras, parte III

A HISTORIA DAS CEBS ROMEIRAS NA A.L. E CARIBE (Seguindo as cinco referências da cristologia)
1. (SAIR) Foram passos pequenos, dentro do mesmo “modelo” de Igreja, procurando não muda-lo, mas melhorá-lo: Barra do Pirai, Osasco, Pirambú, Nisia Flores, San Paulo do Potengi (Brasil), San Miguelito (Panama), Santiago de los Caballeros (Republica Dominicana), Choluteca (Honduras)
Pouco a pouco o Sensus fidelium, levou as comunidades mais longe do que o documento de Medellin 15,10: Riobamba e Sucumbios (Equador); rio Lempa (El Salvador), Vitoria (Espírito Santo).

@ Em Medellin, os Textos do Concilio Vaticano foram mais citados (231) que os textos papais (não chegam a 15 vezes).ava
2. O ENCONTRO COM OUTROS
Na A.L. muita coisa acontecia:
- Miguel Arrais e as ligas camponesas, no Brasil; movimentos rurais na Argentina e Paraguai; os indigenistas no México, Bolívia, Equador.
- O método de Paulo Freire ajudava as pessoas a pensar e recuperar a sua fundamental dignidade humana de ser sujeito e participar em tudo o que diz respeito à vida.

No momento em que se procurou ver os sinais dos tempos (Vaticano II) foi necessário fazer análises da realidade e daí o conhecimento das vítimas dos sistemas, que já não eram estatísticas internacionais, mas Juanita... Pedro del Lempa..., a terra sem males aparecia com um nome mais conhecido: Bairro Vietnam de Choluteca... Agua Doce, em El Salvador, colônia do lição em S.Paulo
A defesa da justiça e da vida colocou católicos e não católicos, cristãos e outros, nas mesmas praças, nas mesmas prisões, e nas mesmas tumbas sem nome...
O Criador e Pai de todos não podia querer que seus filhos e filhas fossem estraçalhados ao defender o único dom que lhes sobrava, a própria vida.
Para que o nome de Deus não fosse blasfemado nem sua obra fosse destruída, entre nós, muitos cristãos arriscaram a própria vida.
@ Neste período, o caminhar pastoral se alimenta num encontro com os profetas: Isaias, Jeremias, Amós e um estudo constante sobre o livro do Êxodo (sofrimento do povo, libertação, a caminho da terra sem males...)

3. PROCLAMANDO A BEM-AVENTURANÇA DO MARTIRIO
As instituições não se converteram, então a alternativa foi a de calar os profetas os profetas, desmoralizando-os e suprimindo-os.
NOSSOS MÁRTIRES: de 3 BISPOS, 72 sacerdotes, 17 religiosas, 1000 membros de CEBs, 3 Pastores evangélicos.

4. AS CEBS FORAM ALEM DAS SUAS PROPRIAS FRONTERAS.
- As CEBs deram apoio aos movimentos sociais, ecológicos, culturais e de cidadania... Nunca se organizou um partido representativo dos católico . Membros das CEBs não tomam armas. Apostam nas mudanças sociais possíveis e na não violência ativa (Direitos humanos, Helder Câmara).
- Não se conhece casos em que comunidades Eclesiais de Base, como tal, tenham deixado a Igreja Católica, como aconteceu com grupos da renovação carismática na Guatemala, nos Estados Unidos e mesmo no Brasil . Elas assumiram os 4 passos do Vaticano II, que foram também muito caros à Reforma Evangélica do século XVI: 1) A supremacia da Palavra de Deus, 2) A centralidade de Cristo, 3) A regra última da consciência, 4) A prioridade da graça
- Houve constante pressão do Vaticano e mesmo intervenções “punitivas” sobre teólogos, biblistas e bispos.
- Aumentando a repressão militar e de grupos econômicos, as Igrejas locais mais atingidas e CEBs, procuram apoio internacional
Quando todo o sistema dominante desmoralizava os cristãos comprometidos, a comunidade e seus líderes se levantaram para falar por eles: Evaristo Arns, Aloysio e Ivo Lorscheiter, Helder Câmara (Brasil), Mons. Proaño (Equador), Mendes Arceo (México), Enrique Angelelli (La Rioja, Argentina), Arcebispo de La Paz, Mons. Manriquez, Oscar Romero, Arturo Rivera y Damas (El Salvador) ...

@ REFLEXÃO BÍBLICA centrou-se bastante em torno à PAIXÃO, CRUCIFICAÇÃO DE JESUS, e dos MARTIRES da IGREJA de ontem (ATA DOS MÁRTIRES) e de “hoje”.

5. (A tumba horas antes a Ressurreição). Parece que tudo está terminado. Fechou-se o parêntesis da esperança, chamado Jesus. – Ninguém fazia a hipótese da nova etapa (compraram lençois, mirra para embalsamar o crucificado). Estamos convocados por ele para o começo da etapa definitiva.
- Voltando ao primeiro amor (Galilea) não é um ponto de chegada, senão de partida para daí sair ao mundo, não a Jerusalém. Todos os povos (não só os judeus, os católicos, os cristãos...) serão protagonistas. Ficar organizando em Jerusalém seria o fim da utopia. A Igreja terminaria como museu. Mas a surpresa de Jesus é que tudo está começando sem um programa detalhado que não permite criatividade. A Igreja será a constante surpresa do Espírito.

@ Encontro com o Jesus histórico e com o Cristo da fé, na
perspectiva do reinado de Deus. Três passos decisivos: 1) Retomar a referencia do “Caminho”; 2) Arcar com as consequências de que os “Últimos serão os primeiros”; 3)
A Igreja é missão que só universalmente inclusivo, se partir dos mais pobres.

As propostas para toda ação eclesial: a) Seguimento de Jesus “o caminho” – “religião” pode ser perigosa; b) Os últimos são primeiro, com a graça do “Shalon” aos que sofrem; c) A missão é um modo de ser: apreciativo, comunicativo, comunitário.

CEBs romaria, parte II

Na experiência do ministério de Jesus
PRIMEIRA Parte - HOUVE UMA SAIDA (Aos 33 anos, Jesus deixou seu trabalho, sua família, seu povoado de Nazaré) – Acontece o: Ir-se “a”, e não esperar “por”; atravessar espaços diferentes, enfrentar o risco do desconhecido, para provar à prova o “até agora conhecido”.a mencionamos as saídas das Romarias.
As primeiras CEBs nasceram nas periferias, nas fronteiras da paroquia territorial. Hoje estão mais diante do desafio do urbano, e dos espaços ambientais. O contato direto com as necessidades básicas e problemas vitais, foram exigindo novos passos, pequenos projetos e organizações como cooperativas, grupos de produção, cuidados com a saúde... Alguns criados pelas CEBs e depois por elas apoiados. Inicialmente não despertaram reação da sociedade.

# As CEBs inauguram outro modelo histórico, outro método (ver, julgar...) e suscitam outros agentes do meio do povo.

SEGUNDA - Encontrar ALIADOS (João Batista estava batizando em BETABARA) – Dentro e fora da Igreja existe gente com quem se pode caminhar juntos, talvez com passos diferentes, assegurando-se porém de que se busca a mesma meta. Não renunciar à bandeira certa, só porque está em mãos equivocadas (Helder).
TERCEIRA - PROCLAMAÇÃO-SANAÇÃO-ITINERANCIA.
O Reinado de Deus está acontecendo: foi proclamado na sinagoga de Nazaré (Lc 4,16-22); retomado pelo plano alternativo de Cafarnaum. Jesus manifesta a realidade do reinado de Deus em milagres, exorcismos (depois do mal). Nas Bem-aventuranças (para que o mal não aconteça).

QUARTA - CAEM as FRONTEIRAS (SAREPTA-DECAPOLIS) –
Um estrangeiro que pedia pelo seu servo também, também estrangeiro e ausente; a viúva da Fenicia que buscava salvação para sua filha,ausente; os 2 mil demônios que liberam outro “goin” possesso, para que fosse missionário de Jesus... o Reinado estava acontecendo.
QUINTA - O CENTRO DO PODER (Jerusalém). As supremas autoridades do Judaismo e do Poder Romano não tiveram alternativa: ou aceitavam a profecia ou teriam que eliminá-lo.
# Jesus é crucificado, os apóstolos debandam...tudo acabou.
A palavra definitiva, que ninguém esperava, foi pronunciada por Deus. Entrou cidade a dentro, gritada por umas mulheres da Galileia que vinham da periferia:
– A tumba está vazia, Jesus ressuscitou!

Romaria, parte I

AS ROMARIAS

No íntimo das romarias podemos encontrar:
1. Uma absoluta confiança na gratuidade e onipotência de Deus; Jesus não teve problema com as pessoas simples. Há uma sintonia de Deus com eles e deles com Deus. Uma familiaridade com o sagrado que supõe ser reconhecido, escutado e aceito. Deus outorgará, em tempo oportuno, o que for conveniente. O peregrino volta à sua terra, confiado e satisfeito (Não vai usar o gorrinho branco dos muçulmanos que foram à Meca..., mas terão outros apetrechos para isso. Com efeito, ao voltar à casa se leva algo (mesmo desproporcionado e até ilógico) como penhor da aliança com o divino – um badulaque qualquer, uma vela, uma fotografia do “lambe-lambe”, um folheto, uma cruz qualquer, imagem, terço... que vida a fora será o símbolo da aliança realizada com o sagrado daquela visita.

Entre o romeiro e o Pai onipotente, surge um ambiente, como aquele que comoveu ao mesmo Jesus, quando sentado na frente do cofre do Templo, olhando os que depositavam sua oferta para o tesouro. Despojada de tudo, a viúva ficou inteiramente sob a responsabilidade de Deus...

2. Em primeiro lugar está a vida. As devoções em função dela. Buscam saúde corporal, mental, emocional, social; seja para si mesmos ou para outros seres queridos. Nada têm para oferecer senão seus sacrifícios, sua humilhação pública. Trata-se de um lançar-se confiando cegamente na misericórdia de Deus, desafiando ao próprio Filho de Deus, como o fez a viúva de Sarepta questionando o seu julgamento e implorando as migalhas da mesa (Mt 15, 21 e Mx 7,24-30)

3. Um parentesco a ser reconhecido.
As CEBs, elas mesmas, romeiras do Reino, vão olhar as romarias sem atitude de superioridade farisaica, ou mera tolerância, mas com respeito acollhedor (-“ Não somos como os demais...!”), identificando traços profundos do que Jesus proclamou como seu descobrimento: - “Obrigado Pai, porque escondeste... revelaste...” – Mt 11,25-30 e Lc 10,21-22).
Pronuncióu sobre esses filhos e filhas o “Shalon” (te dou paz, esperança, equanimidade, vida), sem questionar se eram dignos ou indignos.

As romarias são os antepassados das CEBs. Alguns traços vitais estão nas referências cristológicas de ambas:

CEBs romeiras do Reino

CEBS ROMEIRAS DO REINO, NA AL-CB NO CAMPO E NA CIDADE
O Vaticano II, colocou-nos não ao lado, mas dentro do mundo. Jesus nunca entendeu que a missão era para buscar adeptos, mas para mudar as coisas, desde suas raízes. Fermento, sal, luz.
1. – “Este mundo está perdido!” Era a sentença indiscutível da tia Zélia, paroquiana fervorosa, que nunca chegou a ser cristã. E o herói dela, o pe.Jesuino, insistia em suas nada breve homilias: Deus vai mandar castigos piores dos que mencionamos em cada dezena do terço, a pedido da Aparição de Fátima, segundo se afirma.
- “O que vai mal são os profetas de desgraças”, dizia João XXIII na inauguração do Concílio.
Antes dele, Paulo animava os fieis: “Onde abunda o pecado (Ro 5,20) “Deus não pode falhar nem nos coloca à prova, acima das nossas forças” 1Cor 10,13). Rematando com Ro 8,28: “Tudo vai cooperar para o bem”.
As assembleias episcopais vem denunciando as “estruturas de pecado”. É necessário também mencionar as estruturas de graça, que inundam a historia.
Podemos andar desorientados, habituados esquemas interpretativos que nos estão falhando. Só mudaremos a realidade se mudarmos esses esquemas e livrar-nos das acomodações preguiçosas que distribuem a culpabilidade entre Deus e o demônio.
- O ESPÍRITO SOPRA ONDE QUER
1. As CEBs não têm o monopólio do Espírito Santo.
2. Ele não tem férias, nem é emérito. Age em todas as épocas, em cada realidade e pessoa, relacionando tudo com o Reinado de Deus, proclamado por Jesus (1Cor 3,21-23; Lc 4,16-22)
3. Não esperou, nem esperará pelas CEBs para começar sua ação
4. Jesus, propôs um modo de ser, um caminho, não uma religião. Procurou converter a estrutura religiosa judia das observâncias estritas: o sábado, o dízimo, a circuncisão, o Templo...
5. Para Deus, a meta é a vida. Para Jesus, “os últimos são os primeiros”. Para a hierarquia, para os teólogos, para os movimentos, também deveria ser assim.
6. Essa é a senha para decifrar o código do E.S. na historia;
e onde se encontra a profunda semelhança entre Romarias e CEBs (Ademais da atração pelo Reino e a itinerância missionaria, diria eu).
7. Encontramos os últimos, mais nas romarias do que nas CEBs. Embora as romarias possam parecer limitadas em relação às CEBs, continuam sendo, a experiência religiosa mais significativa de milhões de pessoas, daqueles e daquelas que têm dores e tensões profundas, sofrem ameaças, estão perdidas, esmagadas...
8. A romaria é possivelmente o único espaço “público-religioso”, no qual as pessoas mais simples e pobres são protagonistas do sagrado, sem ser ministros ordenados. Por isso se encarregam de passá-lo de geração em geração, sem a necessidade de cursos especiais.(Um bilhão na India, sem catequistas)
9. Nelas os batizados exercem, a seu modo, um sacerdócio (não ministerial), reduzido, mas subjetivamente significativo e eclesialmente autêntico, com adoração, louvor, intercessão, agradecimento; que inclui o penitencial , o festivo e a mediação (deixando um sabor da 1Pd 2,9-10: “Voces são um povo sacerdotal”
10. Nos, teólogos e pastores, captamos que a importância popular das romarias e das CEBs, advêm de que são uma expressão, do “sensus fidelium” mencionados por LG 12 e 10.

Parte VIII. Justiça.Profecia.CEBs

A RESPONSABILIDADE PROFÉTICA E O COMPROMISO COM A JUSTIÇA, E A OPÇÃO PELOS MAIS NECESSITADOS,
DEIXAM CLARO QUE:
a..Está em pecado quem é indiferente diante da exploração dos pobres e do desrespeito à dignidade do outro (DAp 402,207
b. A opção pelos pobres exige uma crítica profética (estrutural), senão seria um estratagema para perpetuar a pobreza. (Paulo Suess, O Concilio Vaticano II, Julio 2011, pag 12-15)
c. Os sistemas marxista e capitalista falsificam o conceito da realidade amputando a realidade fundante (decisiva) que é Deus. (Idem)
A sociedade de consumo coloca a religião e até Deus em tudo que pode ajudar os negócios.

d. A reconciliação das classes sociais sem conversão, não constrói a paz. Os seguidores de Jesus, não somos juízes entre as partes, senão partidários; portanto advogados da justiça dos pobres (DAp 395)

e. Os pobres também podem ser infetados pelo vírus da alienação:
- por exigências do mercado.
- por acumulação do capital.
- por aceleração da produção de objetos descartáveis e supérfluos, pelos meios de
Comunicação.
- por aceitar políticas que oferecem compensações, ou medidas paliativas que escondem estruturas e causas do sistema perverso de exploração.

@ E DAÍ ?
A sociedade consumista é altamente individualista e irresponsável. A religiosidade neo-pentecostal se envereda, muitas vezes, por esse caminho. O poeta russo Maiakovski, conta-nos uma parábola, descrita em primeira pessoa:
- “Na primeira noite, se aproximaram e cortaram uma flor do nosso jardim.
Nada dissemos
Na segunda noite, não se esconderam, vieram e pisaram as flores, mataram o nosso cachorro.
Nada dissemos
Até que um dia, entraram na nossa casa, conhecendo o nosso medo, nos arrancaram a voz da garganta.
Como nada havíamos dito antes, já não pudemos dizer nada mais.
Então:
Primeiro levaram os negros.
Não me preocupei com isso. Não sou negro.
A seguir levaram alguns operários.
Não me preocupei. Também não sou operário.
Depois fizeram prisioneiros aos miseráveis.
Não me preocupei, porque não era miserável.
Em seguida agarraram uns desempregados,
Como tenho meu trabalho, não me preocupei.
Agora me levam a mim...
Mas já é tarde.
Como por ninguém me preocupei, também ninguém se importou comigo.
(O escritor Maiakovski, poeta russo, “suicidado” depois da revolução de Lenin)
+ QUE IGREJA AMAMOS?
-Poucas catedrais com cânticos e ouro, muitas capelas de barro e taboa.
-Poucos ricos acostumados à indiferença, muitos pobres especialistas em paixão compartilhada.
- Poucos letrados calculadores e prudentes, muitos simples que entendem de fé e esperança.
-Poucos doutores, muito seguros da sua doutrina, muitos testemunhos que escutam de verdade.
- Pouco poder de fariseus e sacerdotes de carreira, muito serviço humilde aos irmãos menores.
-Poucos projetos de dólares e marcos, muito em mutirão com suor e
cânticos
- Poucas cerimonias em palácios e quarteis, muitas festas em aldeias e bairros marginais
- Poucas bênçãos de armas, bancos e governos, muitas marchas de paz, justiça e liberdade.
- Pouco amor ao Deus do castigo e da morte, muito respeito ao Deus do amor e da vida.
- Pouco culto de costas ao povo, a Cristo Rei eterno nas alturas.
- Muito amor e seguimento a Jesus o de Maria, Companheiro, Profeta, Filho do Pai
- Pouco cada vez menos, muito, cada vez mais (Poesia de Ronaldo Muñoz)

Pate VII. Justiça.Profecia.CEBs

OS ROMEIROS
As CEBs concretizam um novo estilo de romeiros.
1. Não ficam esperando: - Toda romaria é uma saída... da casa, do trabalho, deixando a casa, o ambiente dos amigos, do trabalho dos animais de estimação, até mesmo à família... fica tudo para trás esperando pelas bênçãos que se vai buscar e trazer.
2. Não se trata de ter alguém na CEB que tem um “carisma missionário”, mas toda ela um acontecimento missionário.
- Na tradição latino americana, os romeiros não vão sozinhos. Ir com os outros é parte integral da romaria, mas sem ser levado. Já se tomou a decisão de ir até o fim, é sujeito, sabe onde vai e por que vai... não é levado (a não ser pelo transporte coletivo).
Os membros das CEBs nunca vão sozinhos visitar as famílias. Não importa quem fala, é a expressão de uma comunidade que se manifesta por diferentes vozes (homem, mulher, jovem, adulto, idosos)
3.Os romeiros se ligam a símbolos que se levam ou que se visitam extasiados, são abundantes (os “ex-votos”, sementes, um pouco de terra, bandeiras, fotografias de acidentes, de pessoas doentes, até de funerais... As paradas previstas no caminho, os cânticos e orações tradicionais (cantadas, rezadas), a “caminhada” de joelhos... Não formam uma liturgia oficial, mas fazem parte da liturgia criadora da religiosidade popular. Os acontecimentos da vida são onde Deus se manifesta, são sua “Palavra” (O sagrado da vida).
+ As CEBs levam bandeiras, faixas com frases convocadoras, imagens dos mártires da caminhada, dos santos e santas nossos contemporâneos, e que na maioria dos casos não estão canonizados nem são da Igreja Católica.
4. A romaria tem também algo de penitencial, de oferecer o próprio sofrimento, agora sintetizado num caminha de joelhos, no cansaço da viagem, no incômodo das noites mal dormidas, etc.
+ As CEBs têm a incomodidade das esperas para falar com as autoridades, as greves de fome, as vigílias de serviço aos doentes...
5. - A militância das CEBs e a religiosidade popular católica que elas muitas vezes encarnam, têm muito de contemplação. Os romeiros, não discursivos, repetem tradições, dizem orações repetitivas, litânicas... não importam muito as palavras, mas sim o ritmo... porque não exige concentrar-se em pensamentos sistemáticos, mas deixam a mente aberta para focalizar-se na grandeza e bondade de Deus. A vida é entregada a Deus por meio dos santos. (Nas paroquias, muitas vezes as devoções oficiais não tocam a vida)
5. Os romeiros, na devoção ao crucificado, ao “Bom” Jesus, ao Senhor coroado de espinhos e ensanguentado, humilhado e torturado, encontram o sentido dos seus próprios sofrimentos e privações... também vivem humilhados, incapazes de ter uma vida humana, esmagados no sofrimento dos inocentes. Na devoção mariana, brota a ressurreição, a gloria, muitas vezes primeiro o planto e depois a alegria: “o Senhor é contigo”, bendito sois...
As CEBs não levantam a imagem de heróis de outros tempos, mas têm até as roupas com sangue dos seus mártires, as cruzes dos que foram caindo pelo caminho, sem ter voltado atrás.
6.- A romaria é chegar até onde está a graça de Deus, onde está concentrada a ajuda do santo... é CHEGAR AO ESPAÇO DA GRAÇA, DO PERDÃO, DA ESPERANÇA, a FONTE de VIDA. Chegar ao santo é como visitar um velho amigo, não um desconhecido.
+ O sagrado da comunidade é a sua rua, a sua praça, o seu transporte público, o local do trabalho, a terra que se está preparando para plantar ou a área da colheita... a prisão, o hospital, a sala de espera do atendimento de saúde...
7. - Ninguém vai ficar para sempre no santuário visitado.. Volta-se com o coração em festa... mas é bom levar uma recordação (laço de fita, fotografia, imagem...) não é só uma recordação, é quase um amuleto, um comprovante de que “o santo” ficou comprometido... há uma pertença de fé e um compromisso de atendimento divino que para sempre vai recair sobre o romeiro
+ O local da reunião da CEB é o ponto de encontra quando se volta da presença junto ao povo sofrido, é o espaço para a avaliação, ação de graças, pedidos por tudo que ainda falta fazer, onde se busca entre todos e com Deus, a força para perseverar, mesmo contra toda esperança.
8. Há também uma contra-partida da religiosidade tradicional católica:
Apela para mitos sobre o futuro de condenação e salvação, para manter a consciência dos fieis. O clero é aceito como uma autoridade sem discussão. As pessoas se tornam submissas às deliberações normativas (de fora do sujeito), sem questionamentos profundos.
Um setor da religiosidade tradicional se envereda pelo “carismatismo - pentecostalista de índole mais conservadora. Manifesta então uma efervescência religiosa com aparecimento de paganismos. Contentam-se com respostas imediatas. Há uma expressão livre de religiosidade, com autonomia do sujeito religioso. Negação da institucionalidade religiosa. Esconde-se o caráter ético e solidário do Evangelho”

VI Parte. Justiça.Profecia.CEBs

PROFETICAS

Nas CEBs e por elas, a Igreja da América Latina e do Caribe, explicita sua vocação e responsabilidade missionaria (Romeiras) em função do Reinado de Deus. Essa dimensão vem precedida de UM ACONTECIMENTO PROFÉTICO, que é a proclamação do juízo de Deus sobre as situações e realidades humanas de gente que sofrem, dos que lutam por um mundo diferente, segundo o coração de Deus. Esse profetismo clama pela justiça, pela mudança de estruturas econômicas, politicas, culturais, na área da informática, lazer, saúde, religioso. Propõe conversão de pessoas, grupos, sociedade.
Os cristãos das CEBs, estão, cotidianamente lado a lado com os companheiros de trabalho, de vizinhança, de estudo, muitas vezes de infortúnio ... Conhecem por experiência direta os sofrimentos do povo, suas aspirações e possibilidades, assim como seus defeitos.
O Vaticano II se propôs falar sobre justiça e responsabilidade social, em nome de Deus, a toda gente de boa vontade e não só aos seus próprios fiéis. Fundamentando-se diretamente no ministério de Jesus e na Patrística, se foi liberando do modelo eclesial da Idade Média e desenvolveu um novo modelo eclesial que entende a Deus como comprometido com todos e não somente com os da Igreja católica. Colocou assim um ponto final na mentalidade da contra-reforma (apologética e doutrinal). As outras tradições religiosas não seriam necessariamente inimigas, mas possíveis aliadas. Todo ser humano é capaz de amar a verdade, a justiça e a paz.

VI – MISSIONÁRIAS
O “relançamento” das CEBs vai tomar um estilo de Romaria significando :
não apenas um evento raro e ocasional da vida na Igreja, mas sim o estilo de ser a comunidade de Jesus. É o seu dinamismo missionário, itinerante. Trata-se de uma força interior, que não permite ficar “esperando por”, mas que impele a ir ao “encontro de”
uma atitude em nome e por força da comunidade de Jesus. Um acontecimento de salvação. Todo encontro de misericórdia é teológico e salvador... mais para quem o dá do que para quem o recebe.
Deslocar-se em função de uma meta. Não ficar a meio caminho. O seu objetivo, ainda quando não foi alcançado já é misteriosamente efetivo e começa acontecer no próprio processo de provocar o deslocamento missionário da Igreja.
Caminhar e chegar efetivamente às suas metas. Por isso não deve sobrecarregar-se com pesos secundários. A regra missionaria é de aligeirar-se em relação às estruturas e ganhar agilidade missionaria. Ser tenda e não casa se cimento.
Recolocar o sagrado na vida e não só no templo. Tem consciência de que Jesus não pediu adoração, mas seguimento. Não enviou à sacristia mas aos confins da terra.
Não considerar a missão como um evento esporádico, mas como a forma de toda a Igreja ser. É a colaboração com a ação do Espírito, descobrindo o que Ele já esta fazendo, identificando onde se encontram as “sementes do Verbo”, nas situações e indivíduos, as chamadas “preparações evangélicas”

V Parte- Justiça.Profecia.CEBs

AS CEBS
+ As CEBs na América Latina surgem orientadas diretamente pela experiência das primeiras comunidades cristãs do Novo Testamento, como aparece no livro dos Atos e nas Cartas dos Apóstolos. Elas estão diretamente influencias pelo elã do Concilio, particularmente de Lumen Gentium n.26) e de Gaudium et Spes.
Sua proposta é a de reconstruir a instancia de base da Igreja (CEBs); usando um método de grande capacidade conscientizadora y militante: ver, pensar, agir, avaliar, celebrar constantemente e como comunidade. Não se ocupa unicamente dos efeitos, mas se propõe chegar às causas converter os agentes do mal, eliminar as estruturas desumanas, o pecado estrutural, confrontar as ideologias.
+ A dimensão de profecia e de justiça brotaram na lógica da Igreja do Vaticano II ; no texto de Medellín e da sua perspectiva de compromisso com os mais necessitados; assim como pelo que surgiu fortemente nas encíclicas Mater et Magistra, Populorum Progressio, Pacem in Terris.
- Son el relanzamiento de la Iglesia - en la integridad de su primera instancia bíblica, teológica, pastoral - en un lugar, pueblo y cultura. Aún no siendo una fotocopia, es lo mismo que aconteció con las comunidades del Nuevo Testamento, fundadas por los primeros seguidores de Jesús.
+ São comunidades, não mera estrutura, que congregam os discípulos/as de Jesus, em função de uma ação e estilo de convivência. O termo Comunidade, nas CEBS, é o equivalente a “koinonia”. Quer dizer que a CEB encarna e manifesta a essência do mistério da Igreja, fruto e comunicação do amor do Pai-Filho e Espírito (Ro 5,5). A raiz desta comunhão nasce de Deus e não dos membros da comunidade. Trata-se de um dom batismal-eucarítico-missionario, orientado ao serviço da humanidade toda, mas principalmente dos mais vulneráveis e necessitados.
+ São eclesiais, por sua identidade de acontecimento comunitário e missionário, fermento e primícias do reinado de Deus. Constituem a instancia de base do Povo de Deus . São comunidades missionárias e missão comunitária – da Galileia aos confins da terra, Igreja samaritana, ao lado dos “últimos”, dos mais sofridos, para que sejam sujeitos do novo mundo possível.
+ São “de base”, porque possuem o básico, o essencial de ser Igreja. Como um embrião contem todo o ser humano que vai se desenvolver. Base, neste caso não significa apenas o que é “pequeno” (pouca gente). É, com e por Jesus, e como Ele, a pedra angular da união com Deus e das pessoas entre elas (LG 1).
Existem ainda um sentido bíblico – significa partir dos pobres; e um sentido pedagógico: desde baixo, partindo das pessoas comuns, não unicamente das lideranças

As CEBs são ainda e ao mesmo tempo: nível, modelo, processo, kairos, paradigma sacramental da Igreja em diáspora. Pertencem à sua natureza sacramental (LG 1)
+ Como NIVEL eclesial, são a menor instância oficial da igreja. São, segundo o livro dos Atos e também Paulo, a Igreja da casa
+ Como MODELO, se configuram segundo as inspirações das primeiras comunidades do Novo Testamento (o mais antigo da Igreja); e seguem as linhas mestras do Vaticano II e as prioridades das Conferencias Gerais da América Latina e Caribe (o mais recente da Igreja e das realidades culturais + + Como PROCESO, as CEBs são a Igreja em pequeno. São como um embrião que ainda não desenvolveu todas e cada uma das suas potencialidades de pessoa humana. Com a força do Espirito progressivamente vão desenvolvendo o que é próprio da sua natureza.
+ Como KAIROS (acontecimento oportuno): são apresentadas pelos bispos como um “kairos” na Igreja (cf. 4ª Redação da Aparecida) : “Enraizadas no coração do mundo, são espaços privilegiados para a vivência comunitária da fé, mananciais de fraternidade e de solidariedade, alternativa para a sociedade atual fundada no egoísmo e na competência impiedosa” (DAp 193). E ainda: “As Comunidades Eclesiais de Base, em comunhão com seu bispo e o projeto de pastoral diocesana, são um sinal de vitalidade na Igreja, instrumento de formação e de evangelização, e um ponto de partida válido para a Missão Continental permanente” (DAp 195)
+ Como PARADIGMA, segundo o documento da Assembleia de Aparecida, no número 178 (DAp), são o mais antigo da Igreja, a inspiração das Primeiras Comunidades do Novo Testamento. Ao mesmo tempo, presentam o mais novo, quer dizer, as orientações do Vaticano II e das Assembleias Gerais da América Latina e do Caribe.
As CEBs estiveram assumindo, no seu nível, o que estava menos trabalhado na vida paroquial como: a relação entre fé e vida, o compromisso cidadão, a referência da Palavra Orante, a perspectiva do Reino e do Novo Povo de Deus, a enculturação, o ser um espaço de misericórdia e de acolhida a todos para uma vivência com relações evangélicas, também para os que não “cabem” na estrutura disciplinar da paróquia (por exemplo: os que vivem em uma situação matrimonial “irregular”,etc).
Nos números 179 e 180 (DAp) se apresenta um Quadro de Referência para os diversos níveis eclesiais: de base, paroquial e diocesano.
+ Como comunidade em DIÁSPORA, as CEBs expressam uma Igreja em diáspora (dirigindo-se ao “pátio dos gentios”, para usar a expressão do então teólogo José Ratzinger), uma Igreja Cristocêntrica, ecumênica, de minoria sem complexo de maioria, dialogante, participativa, Eucarística, martirial, com um mínimo de estruturas e máximo de vida, não atolada nas observâncias farisaicas, agindo com autonomia e comunhão, agarrada à Palavra de Deus, no dinamismo do mistério pascoal. Igreja orientada ao mundo (ecologia, cidadania) e não à sacristia. As CEBs se orientam aos que se encontram mais afastados dela. Partem da referência do Reino para chegar ao eclesial. A paroquia, ao contrario, em razão das suas estruturas, parte do eclesial para chegar ao Reino. O que vem acontecendo na prática pastoral é que, em geral, as CEBs, partindo da referência do Reino, chegam às expressões eclesiais, mas as paróquias, permanecendo no estritamente eclesial, muitas vezes não chegam a ser primícias do Reino.
Lo que viene pasando en la práctica pastoral es que, por lo general, las CEBs. desde el Reino llegan a lo eclesial, pero la Parroquia desde lo eclesial muchas veces no llega a ser primicia del Reino.

IV parte.Justiça.Profecia.Cebs

OS POBRES
O “lugar” marcado por Jesus, para o encontro com ele (Mt 25,39) é ao lado dos que sofrem, os desprezados, os pobres
Jesus oferece lugar aqueles que não o tem na convivência humana.
 acolhe aos que não são acolhidos:
 aos imorais, prostitutas e pecadores.
(Mt. 21,31-32; lc.7,37-50; Jo.8,2-11)
 aos hereges, pagãos, samaritanos.
Lc.7,210;17,16; Mc.7,24-30; Jo.4,7-42;)
 aos impuros, leprosos e possessos.
(Mt.8,2-4; lc.17,12-14;11,14-22; Mc.1,25-26.41-44).
 aos marginalizados: mulheres, crianças, doentes
de todo tipo: (Mc.1,32-34; Mt.8,17,19,13-15; Lc.8,1-3);
 aos sem poder: (Mt.5,3; Lc.6,20.24; Mt.11,25-26)

Apoiando-se no Concilio, Medellín especifica a realidade do Povo de Deus: Coloca a Igreja comprometida com as maiorias latino americanas. O povo que sofre, olha a Igreja de Deus confiando que dela pode vir orientação e ajuda de salvação. Por sua parte, a Igreja se alinha com os que sofrem e se propõe ser voz dos sem voz e dos que foram silenciados. A originalidade buscada nas CEBs é fazê-los sujeitos, dizer sua própria palavra na Igreja e na sociedade. Isto já foi assumido no caminhar das CEBs mas continua sendo um desafio..
Como Jesus, sua comunidade está do lado dos últimos, para que ninguém fique esquecido. Não se trata de perpetuar a pobreza, nem de proclamar que ela é boa. Mas sim de acabar com ela. Não é Deus que cria pobres, é a sociedade humana que os produz e perpetua. Nunca os considera melhores do que os ricos, mas sim, mais necessitados que eles. Não os toma como objeto da atenção benigna dos mais favorecidos pelos bens humanos, mas sim como sujeitos potenciais de uma nova sociedade de justiça e fraternidade.
Esta não é uma atitude assistencialista .Nem algo reduzido ao promocional . É uma proposta libertadora, que é global, visa mudar a mentalidade, o coração, as atitudes, as estruturas e gera outro modelo de sociedade..
A opção pelos pobres não é um golpe de publicidade gratuito e fácil. Implica conversão pessoal, comunitária, estrutural, ideológica, espiritual.
Exige, em relação à realidade de sofrimentos, de pobreza, de humilhação, das pessoas humanas (não só dos cristãos ou co-nacionais), exige contato direto e relações humanas, não só de maneira episódica, senão como o modo de ser de uma sociedade sem discriminações e realmente fraterna. Por isso mesmo, o pobre, não poderá ser usado como objeto de curiosidade, nem deverá permanecer como destinatário passivo da caridade “benemérita” dos privilegiados da vida. Trata-se de uma questão de justiça e não de assistencialismo. Faltar à justiça é romper a aliança com Deus. Comprometer-se com os necessitados é procurar fazê-los sujeitos da sua própria libertação. Antes de receber esmolas, o pobre necessita e tem direito à dignidade. O que se lhe deve não é por caridade, senão por justiça.

III Parte-Justiça.Profecia.CEBs

O POVO DE DEUS
O Concilio Vaticano II proclama: - “Aprouve a Deus salvar e santificar as pessoas, não individualmente, excluída qualquer ligação entre eles e elas, mas constituindo-os em povo que O conhecesse na verdade e O servisse santamente” LG 9
- “Esta nova aliança instituiu-a Cristo... (cfr. 1 Cor. 11,25), chamando-a de Seu povo (judeus e gentios). Formam um todo, não segundo a carne mas no Espírito e tornam-se o Povo de Deus. (LG 9).
- A primeira carta de Pedro também o diz: – Vos sois a gente escolhida, o sacerdócio régio, a nação santa, o povo que ele conquistou, a fim de que proclameis os grandes feitos daquele que vos chamou das trevas para a sua luz maravilhosa.. Vos sois aqueles que antes não eram povo, agora porém são povo de Deus; os que não eram objeto de misericórdia, agora porém alcançaram misericórdia (1 Pd 2,9).
- O Concilio expressa o básico da sua visão da Igreja, como Povo de Deus, no conjunto da constituição LG e dentro dela, no capítulo II. Esse capítulo foi colocado, de propósito, antes do capítulo sobre a Hierarquia (Teologicamente dizemos: a koinonia, isto é, a comunidade dos fieis, precede à diakonia (os ministérios, também os ministérios ordenados de bispo, presbítero, diáconos). Esta categoria do Povo de Deus não é uma volta ao Antigo Testamento, nem é para suscitar perspectivas políticas, partidárias e coletivistas...
O Povo de Deus não se esgota numa etnia, numa época histórica, nem no chamado povo escolhido (Povo Hebreu, do Velho Testamento) nem na Igreja.
É um povo profético, que explicita, recolhe, divulga, os momentos salvadores das ações de Deus na historia. Interpreta os acontecimentos na coerência dos desígnios divinos. É um povo sacerdotal, que consagra as realidades vitais, responde a Deus, agradece, louva, pede ajuda divina. É um povo real, que preside responsavelmente a criação, ligando tudo com a missão de Jesus (Tudo é vosso, vos sois de Cristo, Cristo é de Deus 1Cor. 3,21-23 e “quando tudo houver sido submetido a Ele, Deus será tudo em todos”, 1 Cor 15,28)
É da nossa fé afirmar que cada ser humano que vem a este mundo está vocacionado a ser Povo de Deus. Não vem para uma aventura individual, senão comunitária (LG 9... Deus salva como Povo), no mesmo dinamismo das pessoas da Trindade Santa. Unidade sem uniformidade. Diferenças sem dependências de inferioridade.
É um Povo exuberante nas suas diversidades de dons recebidos (LG 12), conquistas, criatividades e diferentes maneiras de seguir as inspirações divinas. Esse pluralismo, não divide, mas enriquece a comunidade. As diferenças não são ameaças, senão graças. “A cada um é dada a manifestação do Espírito, em vista do bem de todos (! Cor 12,7). Os dons devem ser discernidos e integrados na missão do conjunto eclesial. É o que entendemos pela comunhão peregrinante dos santos, em caminho.
O Povo de Deus é peregrino. Completa seus conhecimentos no próprio exercício da sua missão. Purifica-se aprendendo de seus próprios erros.
Essa comunidade já não se apresenta como Sociedade Perfeita (nunca o fomos). É um povo que caminha. Juntos caminhando, descobrem que o Senhor está também nesse mesmo caminhar.

+ O Concilio foi um divisor de águas. Saiu da mentalidade pastoral da Idade Média, e configura um modelo eclesial diferente: Em vez de patriarcal, machista, rural, piramidal, centralizador, clerical, monárquico, devocional, sacramentalista.. é um modelo de diáspora (pátio dos gentios), participativo, missionário, tendo os pobres como sujeitos, é pluralista, missionário e age como fermento no meio da massa, não fora dela.

+ Também as cEBs são um lugar privilegiado para recuperar-se o sentido de ser Povo de Deus, primeiro porque nelas se aprende a metodologia de ver, pensar, agir, avaliar, celebrar, como comunidade e constantemente.
As cEBs só sobrevivem na sua força evangélica, se estão enraizadas na Palavra de Deus e em contato direto com as pessoas, criando condições para que não existam processos “bancários” (no sentido de Freire, os que sabem e fazem discursos e os que não sabem e só escutam), mas todos são sujeitos.
1. Aqui vão 15 pensamentos de Freire: Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, as pessoas se educam entre si, mediatizados pelo mundo.
2. Ninguém nasce feito, é experimentando-nos no mundo que nós nos fazemos.
3. É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática.
4. Mudar é difícil, mas é possível.
5. Não há saber mais ou saber menos: Há saberes diferentes.
6. Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho, as pessoas se libertam em comunhão.
7. Não é possível revisar um país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor.
8. Educar e educar-se, na prática da liberdade.
9. O mundo não é, o mundo está sendo.
Não é, porém, a esperança um cruzar de braços e esperar. Movo-me na esperança enquanto luto e, se luto com esperança, espero.
10. Continuamos aprendendo durante toda a vida. Somos seres inacabados.
11. Aprender não é acumular conhecimentos, é aprender a pensar a realidade e transformá-la.
12. É cada sujeito que aprende, não o coletivo.
13. .O aprendiz tem que ter auto-estima, senão não aprende.
14. .A essência da ética do mercado (neo- liberal) é para que as pessoas deixem de sonhar... – Só este mundo é possível!
15. .A educação é política. Relativiza o mundo e as estruturas existentes.

Parte segunda- Justiça e Profecia. CEBs

1. A humanidade é a nossa família. Tudo o que acontece é do nosso interesse, principalmente o que toca direta ou indiretamente aos mais vulneráveis. O arcebispo Oscar Romeiro repetia: - “Numa das mãos a Bíblia e na outra, o jornal, para poder falar de Deus hoje!”; Henrique Angelelli que dizia: “Um ouvido no evangelho e outro no povo”.
O Padre .Ricardo Lombardi rezava diariamente diante do Mapa do mundo, colocando diante de si e de Deus, a situação da humanidade: guerras, fome, migrações, luxo, poder militar e igrejas imponentes, muitas vezes ocupadas com liturgias imponentes e prolongadas.
2. A comunidade de base, sem anular a importância da visão global, deve começar seu compromisso profético concentrando-se nos mais próximos a quem podemos chegar diretamente e comprovar os fatos, privilegiando contatos diretos. Tratar sempre dos problemas mais universais, fora, do alcance dos presentes, deixa um sabor de incapacidade e inutilidade dos esforços de transformação da realidade. A anciã abandonada; o moribundo na sua lenta agonia; com sofrimento intolerável... O jovem, antes forte e decidido, agora embrutecido pela droga e pelo álcool... antes era uma inteligência brilhante e agora farrapos sem rumo nem destino... A mocinha, que deveria sonhar, agora arrasta sua existência e no seu rosto se reflete já o fastio de viver, agora pinta os lábios e encurta o vestido saindo para vender seu corpo... O garotinho, no calor do dia, tendo como companheiro um cachorro vira-latas, me oferecia seu jornal e carregava sua miserável caixinha de doces sem vender, dormia na porta da rodoviária, tiritando de frio, sobre uns cartões, coberto por jornais velhos.... Por todo lado, a injustiça, a corrupção, a exploração dos mais frágeis... os prepotentes enriquecendo-se a custa dos ignorantes e dos pobres, dos carentes de recursos para defender seus direitos...
3. De tudo o que se vai recebendo: filmes, novelas, acontecimentos, propostas, se deve discernir: a) Em que estamos de acordo, b) que não está claro, c) que decididamente não podemos aceitar. Por quê? d) Quais atitudes, propostas, ideias, frases que se chocaram com a nossa fé. e) Diante disso tudo, que atitudes devemos tomar, quando, onde, quem, que, como, com que meios, com qual estratégia?
É importante estabelecer qual o eixo de valores que perpassa todos estes espaços.
4. Apoiar iniciativas positivas, que existem em todos os ramos de atividades humanas. Identificar processos alternativos, mesmo que ainda estejam dando só os seus primeiros passos. Frei Betto, em “Típicos tipos”, pag. 223 declara: “O Brasil não conhece o Brasil . Nenhum outro país da América Latina, a exceção de Cuba, alcançou o nível de organização popular que existe hoje no Brasil. Uma imensa malha de movimentos sociais espalha-se pelo território nacional. A Central de movimentos populares articula centenas deles. A Central única dos Trabalhadores representa vinte milhões de trabalhadores. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, gira a roda da vida em 1.500 assentamentos”.
5. Atribuir à intervenções diabólicas as dificuldades e desastres, é fazer propaganda gratuita aos espíritos do mal (ficam muito agradecido pela consideração).
6. Evitar comentar ingenuamente os problemas ou crises, sem um conhecimento mais completo do assunto, ou sem uma documentação competente da matéria.
7. Ainda é importante resgatar a teoria e a prática de Paulo Freire, para arrancar o povo brasileiro da ilusão das elites, do medo do poder, da indolência frente a um futuro que pode e deve ser transformado, já que o presente só é muito bom para aqueles que têm pavor de Paulo Freire .
8. A Igreja católica, no seu conjunto, não é profética. As CEBs não vivem no ritmo profético dos encontros nacionais e regionais. Não se trata de insistir só no específico político da luta pela justiça, mas no conjunto da presença cristã de uma comunidade na base. Ela tem que ser profética nas horas de oração, de encontro com a Palavra de Deus, nas reuniões pastorais, nas celebrações litúrgicas... Profética, quer dizer: anuncia, denuncia, convoca, transforma, persevera. Deve-se perguntar se a vida das CEBs, ao longo dos anos, tem convocado para um modo profético de ser Igreja, de ser pessoa no seu ambiente, não somente nas denuncias de alcance internacional?
9. Se a proposta profética é valida, como é viável e perseverante, na realidade onde se vive? Uma pergunta de atualidade comprova o que estamos buscando questionar: - As CEBs estão sendo evangelicamente atrativas aos jovens (não tanto aos adolescentes)? Quais jovens?
O profetismo hoje aparece mais fora das estruturas religiosas e também das CEBs. Pode acontecer que tudo que está fora do nosso âmbito específico, nem sempre identificamos como profético e de Deus, porque se expressa com linguagem e ações diferentes das que estamos acostumados.
10. Reconhecer, valorizar, divulgar heróis da humanidade e particularmente do próprio ambiente. Todos necessitam de exemplos estimulantes no campo da justiça, da paz e do bem comum. Existem muitos mártires, não só nas Igrejas, como na sociedade humana.

Justiça,Profecia, CEB (Primeira parte)

I - REINADO DE DEUS
- Toda a vida e pregação de Jesus, foi em torno ao Reino. Os evangelhos mencionam mais de 120 vezes o tema do Reino. Trata-se de um projeto que não deixa nada, nem ninguém de fora. Não tem o ritmo de um paternalismo divino ou ditadura trinitária. É relação com Deus. Redescobre o Pai de Jesus como centro de toda vida. Convoca a todos os povos de todos os tempos. Nenhuma cultura, nenhum momento histórico estariam descartados.
Jesus, enviado à humanidade e não só aos católicos, mudou o centro da atenção do reino como acontecimento futuro a uma realidade do aqui e agora. Nem por isso o Reino vai irromper graças a intervenções milagrosas de Deus. Também não vai permitir ingenuidades de aceitar aliados irresponsáveis ou incompetentes, para abrir caminho ao proclamado por Jesus (Lc 4,16-22).
Não se trata de um Reino territorial ou geográfico, circunscrito a um lugar sagrado. Trata-se de um nível de vida, de uma intensidade nova, em comunhão com Deus e toda a criação. É de natureza e caráter universal, sem deixar de ser realidade local. Já começou, mas não é transitório. Nem terá fim. É dinâmico. Nenhuma das experiências históricas já o realizou totalmente. Não é continuação ou restabelecimento do reinado de Davi. Não se reduz à Igreja Católica, mesmo que ela seja sinal, primícias e mediação do mesmo. É dinâmico, vai se completando em nós, não em Deus. (Pode-se resumi-lo nesta frase: “Sim, mas ainda não!”). O Reino conhece retrocessos históricos. É sumamente conflitivo.
Três perguntas bastam para revelar como é perigoso:
- Que disse Jesus sobre Deus para que o poder religioso do seu tempo o excomungasse?
- Que disse sobre a pessoa humana para que o poder político o condenasse à pena capital?
- Que disse sobre os bens materiais para que os ricos de todos os tempos se sentissem gravemente ameaçados?
Já se esclareceu que o Reino é universal e não exclui a ninguém, mas da prioridade aos mais necessitados. Não vai aos pobres em razão dos merecimentos deles, senão dos seus sofrimentos. Deus não quer que os mais vulneráveis de seus filhos e filhas sejam massacrados. Providenciou o necessário para uma vida digna de todos. Sobre os bens individuais e coletivos, profanos e religiosos, pesa então, uma hipoteca social.
A comunidade de Jesus tem que ser pioneira do compromisso libertador. Ela se preocupa não só em baixar da cruz os martirizados pela injustiça humana, mas principalmente se compromete a fim de que outras cruzes não sejam levantadas, e outras criaturas de Deus venham a ser torturadas.
O Espírito suscita vozes proféticas de minorias “abraâmicas”, como dizia D.Helder, em linha não só de denúncias, mas principalmente de propostas comunitárias , de novos projetos de vida.
As CEBs fazem parte dessas minorias, ao colocar-se do lado dos injustiçados, capacitando-os para que sejam sujeitos de um processo perseverante de libertação e construção de um novo mundo possível.
Uma Igreja que é comunidade profética, por índole e graça, não deve negociar com a profecia nem sacrificar aos seus profetas. As verdadeiras reformas não ficam apenas na dimensão individual e interior. Inspiram novas estruturas e modelos tanto eclesiais como sociais. Todo profetismo revela divisões e debilidades e ao mesmo tempo sofre repressões.
As estruturas, os sistemas, as ideologias sócio-políticas-econômicas, ao apoiar a Igreja, podem estar buscando o próprio proveito. O sinal disso é quando se sacrificam as pessoas em função do lucro, do prestígio e do poder (também dentro das religiões).
Até os profetas de um tempo podem transformar-se em opressores da época seguinte, quando perdem a coerência ou propõe como um absoluto as suas propostas, auto-consideradas proféticas.

Justiça e profecia a serviço da vida. Marins/Teo

Padre José Marins e Irmã Teolide Maria Trevisan

JUSTIÇA E PROFECIA A SERVIÇO DA VIDA.
+ CEBS, ROMEIRAS DO REINO, NA AMÉRICA LATINA

UMA COMPARAÇÃO E SETE LUMINARES
I – REINADO DE DEUS
II – O POVO DE DEUS
III – OS POBRES
IV – AS CEBS
V – PROFÉTICAS
VI – MISSIONARIAS (ROMARIA)
VII – OS ROMEIROS

+ + +
# COMPARANDO

O Concilio, Medellín, Puebla, Aparecida… seriam como as turbinas de uma nave espacial chamada Povo de Deus e Igreja servidora (CEB), navegando no espaço do Reinado de Deus.
Comandante e engenheiro de voo, a equipe de Jesus e o Espírito.
A rota é a história universal e a meta, a comunhão definitiva de todo o criado, na casa do Pai.
Como qualquer as comparação, esta também é capenga: o Reino não vai acontecer só na chegada final, mas já está se desenvolvendo, é um reinado, não um lugar. Toda a criação, todos os povos, consciente ou inconscientemente, estão debaixo dessa atração divina .
+ O dinamismo do Povo e Reinado de Deus, com sua justiça, o protagonismo missionário dos pobres como testemunho e acontecimento são interligados e se interdependem, como as raízes, o tronco, as folhas de uma árvore, em relação à terra, ao vento, ao sol, à chuva... Tudo está ligado entre si
Esta reflexão não é um estudo meramente teórico, mas é feita a partir dos desafios da vida contemporânea na perspectiva da fé cristã. Por isso, não poderia desconhecer o ontem, nem emaranhar-se de tal maneira no presente, o que não permitiria chegar ao amanhã. Não, se trata, pois, de uma volta nostálgica ao passado ou de um lançar-se “quixotesco” (entusiasmado e irrealista) no futuro. A “práxis” (prática) eclesial, é de pé no chão.
Evidentemente, não se pode desconhecer a história ou minimizar o que já foi caminhado. Há sempre a tarefa de:
- confirmar o válido,
- aprender dos erros cometidos,
- enveredar-se por caminhos ainda não percorridos, criar, surpreender e confiar.

Gráfico para ilustrar:







POVO DE DEUS-}




-> PROFETISMO
-> MISSÃO
-> JUSTIÇA




A meta é o Reino (Espaço azul-claro, à direita)
-A realidade é o Povo de Deus, com maioria de pobres (um oval à esquerda penetrando parcialmente o espaço do Reino)
-Entre o Reino e o Povo de Deus, participando de ambos, estão as CEBs
-Três flechas que cruzam o espaço do Povo, das CEBS até o Reino: Profetismo, Missão-Itinerancia (Romaria), Justiça: partem do povo de Deus, atravessam as CEBs e terminam no Reino.(Segue la parte)

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Entrevista

Em todas as Jornadas Teológicas, as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) marcaram uma presença significativa. Na Jornada do Norte, que se realizou na Cidade do México, até o dia 8 de outubro, participaram o padre José Marins, sacerdote brasileiro, e Teolide Maria Trevisán, religiosa brasileira. Nos últimos 40 anos, eles visitaram numerosas dioceses em varias regiões do mundo a serviço das Igrejas para acompanhar, formar, avaliar e confirmar o povo no trabalho das Comunidades Eclesiais de Base.

A entrevista é de Ermanno Allegri e publicada por Adital, 07-10-2011.

Eis a entrevista.

José Marins, como foi o trabalho que o senhor desenvolveu ao longo deste ano com as CEBs?

Ao longo destes anos há diferentes etapas. A primeira foi uma etapa de novidade, depois do tempo de Medellín quase todas as dioceses da América Latina e Caribe queriam saber de que se tratava, como se fazia, etc. E ali havia muitos encontros e os episcopados faziam documentos de apoio e foi um período que durou mais ou menos uns 10 anos, pelo menos. Uma segunda etapa foi quando, na América Latina, os governos militares e ditatoriais começaram fortemente a reprimir as CEBs e todos os movimentos que insistiam com uma visão nova de mundo, acusando-os de comunistas, etc. Nesse período, tivemos muitos mártires na América Latina. Mataram aproximadamente 73 padres, umas 19 religiosas e mais de mil leigos e, inclusive, 3 bispos em diferentes períodos: D. Angelelli, da Argentina; Oscar Romero, de El Salvador; e D. Juan Gerardi, da Guatemala.

E há uma terceira etapa que, passado esse período difícil, esteve mais tranquila. E com Aparecida [V Conferência do Celam, realizada em 2007] há um relançamento do proceso de comunidades.

Nos últimos 10 ou 15 anos, houve um tipo de recesso das CEBs. Quais as causas desse recesso, desse momento de dificuldade?

É certo, houve e todavia ainda estamos nessa situação. Creio que a causa profunda disso é que as Comunidades de Base vivem um modelo eclesial diferente do modelo dominante. O modelo dominante é um modelo de cristandade, onde há uma visão piramidal, tudo depende do ministro ordenado e sem o ministro ordenado praticamente não se faz nada ou o que se faz é muito limitado.

E a Comunidade de Base, por estrutura própria, é muito mais missionária, é a Igreja que chega onde normalmente não está chegando e é uma Igreja, então, que depende muito do compromisso dos laicos e os laicos necessitam de um mínimo de autonomia, uma autonomia em comunhão, mas comunhão não quer dizer uniformidade com os movimentos paroquiais. A maioria dos sacerdotes, falando sobre paróquia, está muito ocupada em manter a estrutura paroquial existente e que é organizada dentro de um modelo eclesial muito em torno dos sacramentos, da vida devocional e a Comunidade de Base, pela razão que acabo de explicar, vai muito além do primeiro encontro de valores de Deus presentes na vida e a ação do Espírito e, desde aí, cria o proceso religioso. E a maioria dos padres e agentes pastorais não é treinada para isso, e sim para outro modelo. Primeiro não sabem o que fazer com as Comunidades de Base; segundo, procuram integrá-las no que existe.

Então, o povo da Comunidade de Base sem ajuda e sem acompanhamento tem tanta pressão e tanta dificuldade para desenvolver um modelo eclesial diferente do conhecido que, finalmente, terminam se desanimando e creio que isso é um proceso de fundo que está presente.

Hoje podemos ver que na Igreja já um cansaço com relação a um modelo de Igreja piramidal, não muito evangélico e, nesse tempo, as CEBs se apropriaram da Palavra de Deus, essa se tornou força e luz. Assim, a Sagrada Escritura é de fato o que move sua atividade também para renovar a estrutura da Igreja.

Isso é certo e é exatamente o que diz o Concílio Vaticano II no documento sobre a Palavra de Deus que é uma joia: a "Dei Verbum” coloca o que acabas de dizer. Exatamente as palabras que o Concílio Vaticano insiste. Não existem duas fontes de revelação, existe uma só, que é a Palavra de Deus e todos os documentos eclesiáticos e da Hierarquia são uma explicação e uma ajuda para a Palavra de Deus. A Palavra de Deus é uma presença do Senhor na comunidade e isso dá ao povo uma segurança e uma ajuda. Normalmente, a gente não tende a ser fundamentalista, isso é mais a tentação de algumas tradições evangélicas; por isso a gente vê a Palavra de Deus em comunidade e de acordo com a tradição católica, mas lhe dá muita força. Onde vamos, minha equipe e eu, vemos como existem muitos métodos de aproximação da Palavra de Deus, mas sempre cada dia mais o povo está muito entusiasmado, muito fascinado pela Palavra de Deus.

Nas CEBs e em vários setores da Igreja existe um desejo de se renovar, de ter uma nova força como vida eclesial e vida social. Em 2012, serão realizadas mobilizações e atividades em vista de uma revitalização das CEBs. Você pode resumir um pouco o que se está pensando nessa linha?

Teria que ver cada um desses encontros de 2012. No Brasil, certamente será o encontro que vai acontecer em 2013, com o Santo Padre Bento XVI. Em torno desse evento, nas Comunidades de Base há uma busca, um esforço de repensar a presença do joven na comunidade, não se trata de formar Comunidades Eclesias de jovens, mas se trata de Comunidades Eclesiais com jovens e os jovens com uma presença ativa de sujeito. Creio que em torno da vinda do Papa ao Brasil vai ser muito forte essa perspectiva.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil acaba de fazer uma pesquisa sobre a vinda do Papa para ver que pontos eran mais atrativos; e é muito interesante que os três pontos que aparecem não são sócio-econômico-políticos. Eles querem pensar um pouco sobre Deus, sobre sexo e sobre o sentido da vida; isso é um pouco o que o padre Benito nos comunicava recentemente.

Para o próximo ano, está sendo preparado o XIII Encontro Intereclesial, que também será um momento em que as comunidades no Brasil, especialmente, vão avaliar seu proceso dos últimos anos. Existe, depois de Aparecida, um relançamento por todas as partes e esse relançamento vai na linha bíblica, que já consideramos uma linha de experiência comunitária e de espiritualidade, sem descuidar do compromisso sócio-econômico, sobretudo na linha cidadã e ecológica.

Na África e Ásia também têm atividades programada?

A Ação Adveniat da Alemanha, de início, irá lançar no próximo ano as Comunidades Eclesiais de Base como seu programa fundamental de estudo, de comunicação. Nesse sentido, estão preparando encontros onde vêm representantes da África, Ásia e América Latina. Quando falamos de Ásia, nos referimos a um tremendo continente de grande, então tem-se que especificar um pouco. Possivelmente os que estão programados para vir são das Filipinas, que têm uma experiência de comunidades já bastante ampla, pelo menos de 30 anos. Minha equipe foi 7 vezes às Filipinas para acompanhá-los um pouco e é uma experiência muito semelhante a da América Latina. São CEBs com outro modelo vendo as mesmas metas, mas muito mais na linha Bíblica intraeclesial.

Há um único Instituto Bíblico de fala inglesa, fica na África do Sul e é principalmente na parte da África Negra. Eles marcam muito o proceso de Comunidades de Base em torno de 7 pontos bíblicos e cada reunião tem que pasar pelos 7 pontos que têm seu valor, mas, no entanto, não chegou a incluir os elementos de compromisso cidadão e ecológico. Nesse sentido, a América Latina desenvolveu mais esses aspectos.

Também há um encontro de Comunidades de Base com Bispos da Alemanha e Ásia para estudar o método que acabo de mencionar para levar para a Europa. Então, ao que parece, entra na África, vai para Ásia e da Ásia para a Europa. No começo do ano tiveram um encontró em Seul, Coréia do Sul e, lá, estiveram bispos alemães e asiáticos, e os missionários da Ásia vão para a Alemanha e também a Rússia para implementar Comunidades de Base nessa linha que acabo de mencionar da Adveniat.

E na nossa América Latina e Caribe?

Acredito que na América Latina está havendo um proceso grande de renovação e articulação. As CEBs da América Latina se desenvolvem não de uma maneira homogênea, depende do país, do lugar e pareceu muito útil para todos nós. Chegamos a um acordo de ter uma pequena articulação, em nível continental e de Caribe. Não se trata de uma coordenação, porque a Comunidade de Base, sendo uma Igreja pequena, ela é coordenada pela Igreja de onde está, é a Igreja local que coordena.

Mas, na linha de articular, de ajudarmos a fazer avaliações, criamos juntos como acordo, como um pacto entre amigos, uma articulação continental. Neste momento é a equipe do México que assume esta articulação. Já são 3 ou 4 anos que estão fazendo muito bem esse trabalho e, no próximo ano, em Honduras – quando as CEBs de todo o continente se encontrarão – vão escolher outro país da América Latina que nos articule por outro período de 3 ou 4 anos. Isso foi muito positivo porque foi uma ajuda para que os assessores e também o povo de base tivessem encontros e avaliação não de fazer as coisas uniformes, mas sim de conhecer caminhos diferentes que levam à mesma meta das Comunidades de Base.

Teolide Maria Trevisán, na Igreja sempre houve uma presença forte das mulheres. Nas CEBs, sua ação tem um valor determinante. Sem mulheres não haveria CEBs?

Não trabalho específicamente na Pastoral da Mulher, mas posso falar da mulher nas CEBs. Ela tem um papel muito importante que é um papel que dá permanência à comunidade. É interesante ver como a presença da mulher, não sei se por sua índole ou por sua motivação, ela dá um sentimento de pertence à comunidade. Segundo, a mulher também é muito conciliadora na comunidade, sem deixar minimizar um papel importantíssimo que ela também tem do processo de abrir os olhos do povo. Ainda que possa se situar localmente as coisas que faz, ela tem uma visão mais ampla.

Por outro lado, também temos nossas limitações porque pelo fato de haver muita presença feminina, e feminina adulta, fazemos as comunidades mais ao nosso estilo e isso muitas vezes dificulta a integração de homens. Porque fazemos um estilo mais familiar, mas feminino, que não é um defeito porque a maioria dos membros as comunidades é mulher. Em alguns países, a presença de homens domina como é o caso da América Central, por exemplo em Honduras, por todo o trabalho dos delegados da palavra e liderança do homem que aparece mais.

Acredito que neste momento o desafio que temos é criar no proceso das comunidades uma relação de reciprocidade entre homens e mulheres. Antigamente se falava em complementaridade, não para dizer que somos pessoas imcompletas, mas para dizer que colocamos juntos duas posições, duas visões, duas experiências existenciais. Neste momento, um dos grandes desafios que temos é como integrar os jovens nesse proceso da Igreja pequena. Quando falamos de jovens não falo de crianças, nem de adolescentes, falamos de jovens entre 20 e 30 anos; são jovens que, em sua maioria, tem idade de jovens mas são adultos em sua responsabilidade social ou familiar.

Hoje há uma nova força no caminho das CEBs. Há gente que diz que isso é voltar ao passado. Como você vê essa crítica às CEBs?

Bom, depende de quem diz isso, de quem está por trás. Pode estar por detrás uma experiência concreta que foi negativa, que teve problemas. As mesmas comunidades não são a panaceia do bonito, as comunidades também têm erros, têm limitações, muitos erros estratégicos, de relação. Mas o que posso dizer, no que se caminha pela América Latina, é que por onde temos estado últimamente existem novidades, que aqui se chama ‘relançamento’; no Brasil tem outro nome: animação. Mas é o mesmo: como fazer a proposta de Igreja e de sua relação com o mundo neste momento em que vivemos.

Então, a questão está nesta proposta, que foi reconhecida oficialmente em Medellín, é como entendê-la nesse contexto de hoje. Esse é um grande desafio. Este relançar tem duas dimensões: uma que queremos dar uma qualidade nova ao que existe porque também há o perigo do mesmo na comunidade, de a gente se prender a um estilo que respondeu em outro momento e que agora terá que ser avaliado não na proposta e sim na concretização dessa resposta da Igreja de base, no hoje, na sociedade que estamos. Se sente que quando há um encontro nessa linha, o povo recobra a esperança.

Então, há um desafio à criatividade sem negociar o rumo; e o outro é como fundar novas comunidades porque há muito poucas comunidades. Estão envelhecidas por falta de acompanhamento, pela pressão da Igreja institucional e nosso povo sincero caminha enquanto ele sente que é acompanhado. São poucas as comunidades que caminham sem uma presença de formação, etc.

Dizem que temos que resistir. Nós dizemos que não, que temos que pasar da preocupação da resistência para o desafio da incidência, onde a comunidade está incidindo em pessoas, na vida da familia, na vida do bairro…Enfim, na relação com outras organizações civis ou sociais. É o momento de esperança e desafiante também. Porque aquí no México, por exemplo, nós estivemos em Chalco, em Neza últimamente, e vimos que há brechas na instituição que permitem, talvez, tomar a proposta de comunidade sem medo, sem reservas grandes que impeçam de continuar hoje. É um proceso muito lento, muito exigente, no qual debemos ser abertos à diversidade de modelos e de procesos, mas garantir o rumo que se requer.