sexta-feira, 3 de maio de 2013

A Igreja do século XXI

A IGREJA DO SÉCULO XXI + Começou no Vaticano II. Seu fulcro referencial se configura no hemisfério sul. Seus ikons: os dois Francisco, o Santo e o Papa. Uma história: O carro vinha veloz. Parou só para recarregar o combustível. E já ia saindo novamente. - Qual a pressa, onde vai? - Não sei. - Então porque essa correria? - Assim me sinto bem. Não posso viver de outro modo. Acelerou a máquina e partiu. Anedota ou parábola, é o retrato de uma época. Questiona os modelos de sociedade, de Igreja e a nós mesmos. Em todos os empreendimentos humanos, mas particularmente na vida da Igreja, o desafio fundamental, hoje e sempre, é discernir: - Aonde vamos com tudo o que somos e fazemos? Onde gastamos as energias, o tempo e o dinheiro que nos foi confiado para a nossa missão? Que e quem nos impõe tais objetivos e estilo de vida que assumimos até heroicamente? As autoridades, os líderes, mesmo eclesiásticos, não têm o direito de impor aos fiéis objetivos e projetos que não foram suficientemente discernidos, com ajuda de assessorias qualificadas e discutidos por quem, nessas tarefas, vai gastar sua vida. A obediência cega pode ser um termo militar, certamente não é evangélica. Não é inocente plantar mensagens. As ideias, como as aguas que descem das montanhas em cataratas, fazem seu caminho correndo pelos vales, criando lagos, pântanos ou corredeiras. Hegel, (Georg Wilhelm Friedrich), alemão e filósofo da história, deixou-nos uma frase significativa: “Passam as ideias, pelas mesmas estradas, 50 anos depois, passam os canhões”. Na aventura da vida, a primeira e grande oportunidade que não se pode perder é a de unir-se com gente que pensa seriamente sobre os acontecimentos e possibilidades. Os caminhos podem surgir na medida em que se caminha, contando que se saiba para onde se quer ir. A tarefa é vasta: pensar e dialogar, considerar os eventos e as propostas no seu contexto e possíveis consequências. Não é tempo perdido aquele que se gasta na reflexão, nem atrasará a chegada. A pressa que suprime um discernimento objetivo, além de abrir espaço para confusões e ambiguidades que vão exigir inúmeros esclarecimentos, geram situações de risco que podem sacrificar projetos e mesmo pessoas. I. VER OS SINAIS DOS TEMPOS Estamos num mundo cheio de surpresas que encantam (oportunidades) e de contradições (que nos desafiam). Para não trazer uma lista abundante, delas, mencionaremos apenas alguns desses sinais que são de “alta tensão”, particularmente na nossa época. Veremos suas possibilidades e valores (com o sinal @), assim como suas ambiguidades desafiadoras (Sinal #). AS COMUNICAÇÕES, @ transformaram a noção do tempo e espaço. Reduziram o mundo e nos fazem contemporâneos dos que não são nossos coetâneos. Permitem-nos, não apenas a bilocação, que já seria algo magnífico, mas até a multi-presença simultânea. Com os celulares aconteceu uma mudança de paradigmas: já não somos nós que vamos ao telefone, mas é ele que nos procura e nos encontra donde quer que estejamos: dentro de um carro a 120 quilômetros por hora, num cinema o até no WC. @ Pelos computadores (com o programa Facebook, Twiter), as opiniões de pessoas sem projeção nas ciências, nas artes, na literatura ou nos esportes, podem chegar a milhões de contemporâneos, até nas partes mais distantes do mundo e de maneira instantânea. Com o Slype vemos e ouvimos as pessoas e o ambiente em que se encontram, e por elas somos igualmente observados. # Estamos inundados pelas informações e vazios de conteúdos. Escutamos e falamos sem comunicar-nos. Encontramos muita gente, sem relacionar-nos. As atrações da sociedade de consumo invadem todos os espaços da radio, TV, jornais, estádios, avenidas e todas as horas do dia e da noite. Milhões de pessoas são informadas dos detalhes da vida dos seus ídolos do esporte, do cinema, da passarela, das bandas... Toda essa publicidade não chega a transmitir felicidade, engana crianças e adultos dando-lhes ilusões de que a felicidade é o resultado da soma de prazeres e aquisições. @ Os jovens de qualquer parte do mundo, conhecem melhor os detalhes dos novos aparelhos eletrônicos e sabem como usá-los quase “automaticamente” deixando os adultos do seu ambiente (familiar, escolar, religioso) admirados e quase como inferiores. O analfabeto do século XXI é o que não sabe usar um computador, mandar e receber mensagens pelo celular. # Estamos construindo “super” seres terrestres, totalmente equipados na eletrônica e cibernética, mas emocionalmente infantis e segregados dos demais, isso acontecendo nas suas própria casa e família. @ As conquistas no campo da medicina são fantásticas e com consequências compensadoras para a humanidade. Em cada década, o número de pessoas que vivem para além dos 100 anos, se duplica. Em poucos minutos, com considerável eficácia, o laser executa intervenções que nunca antes sequer se podiam imaginar. # Ao mesmo tempo, a maioria dos pobres continuam fazendo filas intermináveis nos Pronto Socorro e nos corredores dos hospitais. Terão que aguentar suas dores e incomodidades por meses, até que lhes toque a vez para serem atendidas por algum médico de turno ou pelos estudantes dos últimos anos de medicina. # São milhares de dólares gastos com mascotes e também com a vaidade das pessoas (cremes, operações estéticas desnecessárias). Morrerão esbeltos e os circunstantes confirmarão: - A defunta não tinha celulite alguma! @ As religiões, felizmente estão apresentando uma nova imagem de Deus: Pai e Mãe de misericórdia e não um Ser Superior que vigia e anota nossas inflações, para que, oportunamente sejamos castigados com o rigor previsto na Lei superior. # As doutrinas parecem envelhecer porque os conhecimentos cresceram e chega um momento em que as explicações que se davam aos valores de fé já não são capazes de tocar positivamente aos corações. As prescrições detalhadas do comportamento religioso ainda permanecem no estilo do século XIX, insistindo em atitudes que não são essências para o que Jesus nos ensinou. # O descobrimento da religião como oportunidade de mercado tornou-se a grande atração (e o premio da loteria para pessoas hábeis em conquistar multidões que estão procurando ganhar a assistência divina – gratuita e imediata – a fim de solucionar suas urgências econômicas e de saúde. Cantores religiosos (católicos ou evangélicos, leigos ou ministros ordenados) se enveredaram pelo caminho de uma religião altamente emocional, que retribui graças e milagres na proporção das esmolas recebidas. A “demoniologia” alcança o ápice da sua gloria revelando a onipotência, onipresença e extraordinária capacidade dos opositores celestes profissionais, democraticamente permitidos por Deus, para colocar-nos à prova. Propiciando o surgimento de exorcistas poderosos que entram na luta para ganhar. @# E como as ciências evoluem, também acontecem que os costumes da sociedade mudam sem que atinemos até onde podem chegar. Assim, por exemplo, modelo da família em que nascemos e fomos educados já não existe. De nada vale procurar nos museus as roupas, os objetos de outras épocas. O desafio é fazer coisas diferentes para continuar sendo iguais. Quer dizer, são possíveis diferentes modelos, para manter os mesmos valores não negociáveis. CHEGAMOS ENTÃO AO PONTO CENTRAL DESTA REFLEXÃO: @ a Europa era o centro numericamente maior e mais efetivo do cristianismo. Por muitos séculos, sozinha, enviou missionários a todo o mundo. América Latina, formava uma das periferias a ser catequizada, quer dizer, destinada a ser fotocopia branco e preto do modelo do hemisfério norte europeu. Mas agora isso mudou. Nem a Europa, nem a América Latina são hoje, o que foram. As áreas com criatividade pastoral e maior número de católicos já não estão no hemisfério norte. Deslocaram-se para o Ocidente e mais ao sul. Até o Papa, pela primeira vez na história, veio “dos confins da terra”. Queremos insistir: Esta valorização histórica da Igreja da América Latina não significa referências de superioridade cultural, biológica, teológica, metodológica, espiritual reunidas numa geo-pastoral homogeinizadora. América Latina qualifica uma metodologia que parte da vida; que tem como sujeito privilegiado o Povo de Deus, particularmente a gente simples e fiel a Deus; que se dedica a fazer teologia em comunidade, valendo-se de assessores qualificados não somente nas ciências sagradas, mas também nos diferentes âmbitos das ciências sócio, políticas, administrativas... e estão insertos no mundo onde se encontram; que retoma a Palavra de Deus com um dinamismo missionário e servidor, unindo o social com a mística, o teológico com o pastoral, os carismas dos indivíduos com a responsabilidade comunitária de ser bom acontecimento e boa notícia; que se compromete numa caminhada ecumênica (conhecimento, respeito e diálogo recíproco com os demais cristãos), orientando-se todos, ao serviço dos mais necessitados. Tudo isso desenvolveu um estilo de cristianismo que se pode viver sem ter que mudar de residência a outro hemisfério. Não se trata de um esquema eclesial para ser exportado, repetindo então, noutra parte do mundo e noutra época, o que se denunciou, no passado, em relação ao centralismo da Eurásia. Além disso, na própria América Latina não há uniformidade no seguimento do Vaticano II. Em alguns lugares o Concílio ainda espera ser inaugurado. O que nossa Igreja experimentou como extraordinária oportunidade histórica e dom do Espírito, na simplicidade dos nossos poucos recursos de pessoal e de instrumentos, queremos compartilhar com todos, na mesa comum da grande família eclesial. Nunca passou por nossa cabeça exportá-los como produtos bem terminados e receitas imutáveis a serem usadas noutros latitudes. O que temos, oferecemos. E confiados na comunhão “católica”, esperamos também receber os dons dos demais. # De outra parte, a Igreja latino americana conheceu sucessivas ondas de desprestigio, de acusações, de irresponsabilidade, de corrupção. A Igreja Católica foi ferida pela culpa de seus membros e também pelas calúnias e suspeitas. Mas a Igreja não está morta ou conformada com os desastres que a lastimaram profundamente. Uma parábola diz mais do que muitas explicações: # O motorista da ambulância sofreu um acidente cardio-vascular. Então, o enfermo que estava deitado na maca, apesar de suas dores, levantou-se e com esforço, assumiu a direção do veículo rumando ao hospital. Ambos enfermos se salvaram @ A Igreja, mesmo pobre e pecadora, assume os comandos para levar à salvação, os ameaçados de morte. II. DISCERNIR 1. A Igreja do século XXI começou com o Concílio Vaticano II. Naquele 25 de Janeiro de 1959, um papa de “transição” (77 anos de idade) entrou na basílica de Paulo, no fim de uma semana ecumênica. Anunciou a decisão, que mesmo sem ele ter plena consciência, constituiu-se o “divisor de águas”, na nossa Igreja. Naquele acontecimento o papa Roncalli não se desanimou ao ver que os 18 cardeais que o acompanhavam, se mostraram indiferentes ao anúncio; A Igreja Católica, ha 400 anos depois de Trento, convocava um Concilio Ecumênico. Ao mesmo tempo, todo o povo de Deus presente, com aquele extraordinário “sensus fidelium” irrompia em aplausos, tamanho era o seu entusiasmo. Do alto e por cima das arcadas da Basílica, os 260 antecessores de João XXIII o contemplavam. Os artísticos mosaicos que perpetuaram suas ancestrais efígies hieráticas, disfarçaram sua admiração pelo extraordinário daquela manhã: O protagonismo da Cristandade medieval chegava ao fim: a contra-reforma católica perdia sentido; o gueto clerical dominante começava a perder sua justificação ideológica, ficando descoberto o absurdo teológico-pastoral de colocar os ministros da Igreja no vértice glorioso de uma pirâmide eclesiástica, fora do mundo e com empáfia de superioridade. A Igreja que havia mudado de organismo vivo a uma organização sócio-política-religiosa, agora faria o caminho inverso, passando novamente de organização retrógrada a um organismo vivo. 2. Hoje, 50 anos depois – e isso é pouco numa Igreja que conta com a promessa de que chegará até o fim dos séculos – confirmamos que o Papa João, foi profético convocando todos (homens e mulheres) de boa vontade, também os que não compartilhavam a fé que professamos, a que se unissem conosco em função da justiça e da paz. E que não renunciássemos à bandeira certa, como dizia D.Helder Câmara, só porque estava em mãos que julgávamos equivocadas. 3. Nas seguintes décadas passamos por um longo inverno eclesial: - o Vaticano II foi acusado de ser responsável por todos os males que estiveram surgindo dentro da comunidade católica - Varias decisões conciliares não saíram do papel (Colegialidade episcopal, a prioridade do Povo de Deus em relação à hierarquia, o Reinado de Deus como suprema referência, a Palavra de Deus acima das autoridades eclesiásticas, o primado da consciência, a Importância da Igreja local, a sede romana e o pontífice “primus inter pares” e não “super pares” – primeiro entre iguais e não acima deles. - A hermenêutica conciliar foi colocada em dúvida e acusada de romper com a tradição - O catecismo da igreja Católica e o Código de Direito Canônico, por vezes, colocado em situação de igualdade e superioridade em confronto com as decisões conciliares. - O termo teológico de “Povo de Deus” substituído pelo de “Corpo de Cristo” - Os sínodos episcopais que nunca foram deliberativos, ficando somente consultivos - A ausência de um organismo que velasse pela aplicação do Vaticano II, ficando em grande parte à mercê da Cúria Romana ENTRETANTO, COMO NÃO EXISTE MALES QUE NÃO VENHAM PARA BEM, essas contradições nos serviram para que tivéramos mais tempo para entender e assumir a nova vocação da humanidade e da Igreja, sonhadas e declaradas pelo Concílio. Não menos importante ter tido condições para refletir sobre os desastres que nos envolveriam se perdêssemos a oportunidade de manifestar uma Igreja mais evangélica, mais missionaria a serviço dos últimos, sinal e primicia de um novo mundo possível. -III. PODEMOS AGIR Nunca é demasiado cedo ou demasiado tarde para assumir os valores fundamentais da humanidade e ser fieis à missão da Igreja. + COLABORANDO COM MUITOS OUTROS Juntos com todos que desejam viver com dignidade, ser fermento dentro do mundo e não ao lado dele, temos como meta imediata: 1. Salvar o planeta. – “Quero pedir a todos que ocupam postos de responsabilidade no âmbito económico, político ou social, a todos os homens e mulheres de boa vontade: sejamos “responsáveis pela criação” (Papa Francisco) 2. Salvar centenas de vidas que estão sendo destroçadas pelo “tráfico de pessoas, que é a escravidão mais ampla do século XXI” (Papa Francisco) 3. Resgatar a força dos meios de comunicação (artes, uso do internet...) para criar programas, novelas, campanhas que dignifiquem a pessoa humana, as famílias e não defraudem ou desorientem a juventude. 4. Elaborar, propor, desenvolver uma educação básica, uma saúde essencial, uma dignidade humana para todos os cidadãos. 5. Colocar-se do lado dos que mais necessitam de apoio. “Se não houver esperança para os pobres, não haverá para ninguém, nem para os ricos” ; “Como eu gostaria de uma Igreja pobre e para os pobres” (Papa Francisco). 6. Denunciar a hipocrisia e corrupção que se apresentam como salvadoras do mundo. “Com a voracidade do poder, consumismo e falsa eterna juventude... os extremos débeis são descartados como material de lixo de uma sociedade que se torna hipócrita, ocupada em saciar seu “viver como se queira” (como se isso fosse possível), com o único critério de caprichos adolescentes não solucionados” (Papa Francisco). “A crise econômico-social e o concomitante aumento da pobreza têm suas causas nas políticas inspiradas em formas de neoliberalismo que consideram os ganhos e as leis do mercado como parâmetros absolutos em detrimento da dignidade das pessoas e dos povos” (Papa Francisco) + A IGREJA NÃO PELOS OUTROS PARA COMEÇAR 1.Tomar consciência de que a proposta de Jesus é o Reino, não a Igreja. E a Igreja não é o clero, mas o Povo de Deus. As devoções e os sacramentos ou são serviço missionário aos mais desfavorecidos da história, ou são espetáculo de circo, para “embaucar” as multidões que procuram espetáculo; ou são uma instituição que se transformou em empresa financeira. “Se não proclamamos a Jesus Cristo seremos uma ONG piedosa, mas não a Igreja” (Papa Francisco) + “Os presbíteros temos a tendência de clericalizar os leigos. E os leigos – não todos, mas muitos – nos pedem de joelhos que os clericalizemos porque é mais cômodo ser coroinhas do que protagonistas de um caminho laical” (Papa Francisco) 2. O dinamismo que convoca a humanidade é o do Jesus histórico, um de nós, que viveu o que anunciou e assumiu até as últimas consequências o que tinha anunciado com sua vida e palavras. E o Pai o Ressuscitou. Tudo o que é vida e salvação acontece nele. A meta é retomar o nível das suas atitudes e parábolas, para fazer acontecer o Reinado do Pai e o divino escondido na fragilidade humana de um galileu de Nazaré. Jesus é o mediador, não por possuir dons sobre-humanos, senão por ter colocado na sua vida a fidelidade a Deus e a misericórdia para com todos os seres. 3. Nossa Igreja entra numa “quaresma histórica” para livrar-se das pompas, de todo sentido de superioridade que humilha, paralisa, despreza as pessoas, mesmo que sejam pecadoras. “A incoerência dos fieis e dos pastores corrompe a credibilidade da Igreja (Papa Francisco). –“ Que o Senhor nos livre de maquilar nosso episcopado com os ouropéis mundanos do dinheiro e do clericalismo de mercado” (idem) Ao mesmo tempo, a instituição eclesial necessita libertar-se da burocracia; do fechamento em si mesma cuidando unicamente das suas organizações e estruturas. – “Devemos exigir a distribuição das riquezas” (Papa Francisco). A Igreja precisa salvar-se da contaminação com a sociedade de consumo materialista. “Os sacerdotes devem sair às periferias onde há sofrimentos, há sangue derramado, cegueira que desejaria poder ver, onde há escravos de tantos patrões maus (Papa Francisco) 2. Criar um Advento estratégico: Tendo em consideração que quando uma época agoniza, outra está despontando, é importante: - Não sacrificar o essencial pelo urgente - Não é suficiente destruir o que sobra, é necessário construir o que falta - Manter uma visão ampla e universal, mas com os pés no chão... comprometendo-se em ações locais - Colocar cada parte na perspectiva do conjunto - Transformar a meta final em muitas metas cotidianas possíveis - Em vez de lamentar-se pelos problemas, tentar propostas de solução - Ganhar a interpretação dos fatos - Poderemos sempre começar com o que não foi proibido e também não foi mandado, - Considerar sempre, antes de agir, as fortalezas e debilidades, oportunidades e ameaças, para então pensando, decidir, agir, avaliar e celebrar constantemente e como equipe - Capacitar os escolhidos e escolher os capacitados - Não é problema ser minoria, senão não saber o que se quer e para onde se está indo. E não estar unidos - O sucesso não permanece para sempre e o fracasso não é definitivo. # Sirva de lição o que aconteceu com “moderníssimo” avião criado por Haward Hughes: Era uma aeronave tão perfeita e completa, com abundância de instrumentos e recursos, que não conseguiu voar. E ainda hoje é um museu para turistas, num porto da Califórnia 3. É hora de sair de um ecumenismo acadêmico para uma comunhão efetiva a serviço dos que mais necessitam, libertando-nos da corrupção, da violência, das drogas, das manipulações e enganos. 4. Não é pequena tarefa recuperar a dignidade de uma Igreja desmoralizada pela debilidade moral (sexual) de alguns de seus ministros; pela ambiguidade no uso dos recursos econômicos próprios e alheios (Bancos). Trata-se de recuperar o sentido de pertença a essa família humilhada, mas cheia de futuro, liderada por um réu de morte, que o Pai ressuscitou. Comunidade que conta, felizmente, com milhões de membros que são coerentes e até heroicos Também, em nossos tempos, muitos deram o testemunho não somente de fidelidade, más até mesmo do sangue. Eles estiveram conosco em tantos dos nossos encontros, congressos, reuniões. Logo estarão nos altares. Já estão canonizados no coração das comunidades eclesiais que com eles compartilharam o medo, a tensão, a repressão violenta e a perseverança do compromisso com os sofredores e fieis seguidores de Jesus, que formam hoje a constelação luminosa de nossos mártires: Oscar Romero, Juan Gerardi, Ita Ford, Maura Clark, Doroty Stang... 5. A Igreja Latino Americana, mesmo com suas limitações, está colocando na mesa comum da grande família eclesial, dons preciosos do Espírito que ela recebeu, assumiu e compartiu: – a religiosidade da sua gente, explicitada como catolicismo popular. Uma prática evangélica com mínimo de teoria e muito de vida, que é alegria, misericórdia, festa e acolhida a todos, compartilhando comida, conhecimentos, favores, casa e bens - A mariologia que recupera, no catolicismo, o sentido do carinho, da acolhida, da dignidade pessoal e da família aberta para incluir novos membros, - A originalidade das Comunidades Eclesiais de Base (CEBS) e de fazer Teologia a partir da vida, da luta para superar os sofrimentos e medos, viver a fé mesmo em circunstâncias limites de sobrevivência econômica e de insegurança total - o testemunho de centenas de mártires (como já o mencionamos) - A vivência da mística no social, na comunidade e na experiência pessoal 7. Uma Igreja Missionaria. O papa Francisco escreveu aos bispos Argentinos (25/3/2013):- “Toda a pastoral deve ser missionaria. Devemos sair de nos mesmos e dirigir às periferias existenciais e crescer em audácia”. - “Uma Igreja que não sai, cedo ou tarde adoece no ambiente viciado do seu fechamento. É certo que a uma Igreja que sai pode lhe acontecer o mesmo que a uma pessoa que anda pela rua e sofrer um acidente. Diante dessa alternativa, quero lhes dizer francamente que prefiro mil vezes uma Igreja acidentada do que uma Igreja doente. A doença típica de uma Igreja encerrada é o estar fechada sobre si mesma, curvando-se como aquela mulher do Evangelho. É uma espécie de narcisismo que nos conduz à mediocridade espiritual e ao clericalismo sofisticado...” (idem) - + “Em vez de ser uma Igreja que acolhe e recebe, procuremos ser uma Igreja que sai de si mesma e que vai aos que não a frequentam, que não a conhecem, que se foram com indiferença” (idem) @ Resumimos fato do protagonismo da Igreja latino americana num quadro referencial que certamente no está completo, mas ilustra o que dizemos: TRADIÇÃO DO HEMISFERIO NORTE NUESTRA ORIGINALIDAD 1.Igreja sociedade perfeita, ao lado do mundo 1.Igreja fermento no mundo 2.Teologia do dogma à vida(descendente) 2.Teologia ascendente 3. Clerical 3.Povo de Deus 4.Devocional 4. Palavra de Deus 5.Monarquia eclesial absolutista 5.Colegiado 6.Santoral dominante 6. Cristología 7. O Cristo da Fé 7.Jesús histórico 8.Mariología dominante 8.Misterio Pascoal 9.O edifício 9.A Comunidade 10.Inquisição 10.Pluralismo 11.Cruzadas 11.Diálogo 12.Contra Reforma 12.Ecumenismo 13.Igreja 13.Reino de Deus 14.Proselitismo 14.Testemunho,Missão 15.Multidão 15.Pequena Comunidade 16. Autoridade indiscutível 16.Ver,Pensar,Agir,etc 17.Movimentos, Associações 17.Pastoral de Conjunto 18.Modelo piramidal 18.Circular 19.Código Direito Canônico. Catecismo 19.Concilio 20.Tradição Medieval 20.Começou séc. XVI A Igreja da América Latina, pela sua realidade e dinamismo, pelo seu peso numérico, pela maioria de jovens que a compõem, pela plêiade de seus filhos e filhas martirizados por fidelidade ao Evangelho e ao Vaticano II, pela sintonia profunda com o pontificado do papa Francisco, terá que assumir a responsabilidade de ser um dos principais centros de irradiação da proposta de Jesus. Nesse sentido ela vai constituir-se como o centro referencial católico do século XXI. Rezamos, com o pensamento do nosso irmão mais velho e papa Jorge M. Bergoglio: - “Por mais que o destruamos, o poder do amor como serviço, sempre ressuscita. Sua fonte está para além de toda perspectiva humana; é a paternidade amorosa de Deus fonte inalcançável e inquestionável” (Papa Francisco). E Deus nunca se cansa de perdoar (Papa Francisco) e de fazer nova todas as coisas (Livro do Apocalipse 19,5). José F. Marins Teo

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