segunda-feira, 25 de março de 2013

Pluralismo

Creo que los católicos tenemos mucho que aprender de nuestros hermanos evangélicos y ellos de nosotros. Cuando conversaba con mis hermanos indígenas Awajún (amazonía peruana) encontré una nueva forma de expresar la unidad en la diversidad.... te cuento: la Iglesia es como el bosque, en el bosque hay diversidad de especies vegetales, animales, diversos recursos como agua, suelo, etc. bien todos son diferentes, hay árboles frondosos, medianos, pequeños, arbustos, plantas grandes y muy pequeñas... hay plantas que no tienen raíces en el suelo, son plantas que viven de otras, las llaman parasitarias, pero esa es una falsa apreciación... todas las plantas dependen unas de otras, los insectos son valiosos en el bosque, no solo por la polinización sino porque también ayudan a crear microorganismos que descomponen las hojas y se convierten en alimento de los insectos y de las plantas... en fin así... se crea una interdependencia y armonía que tiene como resultado un bosque bello, riquísimo... en la iglesia tenemos de todo y entre todos nos podemos fortalecer, alimentar, no hay nadie inútil, y cada parroquia cada comunidad cristiana (no interesa la denominación) es como un micro ecosistema en el que se desarrollan determinadas formas de vida y el conjunto de micro ecosistemas hacen el gran sistema del bosque... y el único que es capaz de romper esa armonía es el "ser irracional llamado hombre", igual pasa en la Iglesia, santa por su misión pero violentada por nuestros pecados, los pecados de nosotros los seres humanos...

quinta-feira, 7 de março de 2013

Dr.Brenda C., - Improvável um Papa...


  •  — Doutora em Sociologia da Religião, pesquisadora da Universidade da Califórnia e professora da PUC de Campinas, a guatemalteca Brenda Carranza considera improvável a eleição de um Papa progressista e não vê disposição da Igreja para recuperar os fiéis perdidos nas últimas décadas.
O GLOBO: Estamos às vésperas de um conclave e muito se fala sobre a possibilidade de um Papa progressista. Na sua opinião, esta ala do catolicismo teria força para eleger o sucessor de Bento XVI?
Brenda Carranza: Parece improvável. Quando pensamos na ala progressista da Igreja, nos referimos a ideias fortemente críticas à Cúria Romana, cujos pensadores foram até silenciados. Se levarmos em conta que tanto João Paulo II quanto Bento XVI nomearam o Colégio Cardinalício, de onde virá o novo Papa, certamente o eleito para o cargo estará alinhado com as mesmas diretrizes das últimas décadas. O que pode acontecer é que tenhamos um Pontífice mais moderado.
Somente no Brasil, entre 2000 e 2010, o catolicismo perdeu 465 fiéis por dia, segundo o IBGE. A mesma debandada ocorre em outros países. Estancar esta ferida só seria possível com um posicionamento mais liberal?
Brenda Carranza: A academia tem pensado isso, quando aborda a dobradinha carismáticos versus Teologia da Libertação. As duas são desdobramentos do Concílio Vaticano II, que foi a maior renovação da Igreja, quando ela se tornou mais aberta ao diálogo, no fim dos anos 60. Acusava-se a Teologia da Libertação de ser responsável pela perda de fiéis da Igreja, por usar o Evangelho para enfatizar questões políticas e reivindicações sociais. Isso teria provocado a perda de espiritualidade e, consequentemente, a fuga do rebanho. Da emergência da Renovação Carismática Católica, por outro lado, esperava-se um reavivamento espiritual, que atraísse quem trocou os afastados do catolicismo por outras religiões, principalmente as pentecostais. Mas nem um movimento, com sua opção pelos pobres, nem o outro, com a fé no Espírito Santo, impediu a redução de 20% dos católicos nos últimos 20 anos. Então, é um problema muito mais profundo, relacionado à própria posição ocupada pela Igreja no mundo e ao diálogo com as novas gerações, que não estão adotando a fé de seus pais.
Os jovens, então, vivem a expectativa de uma mudança na abordagem da Igreja?
Brenda Carranza: Sim, ao menos entre os engajados na ala progressista, que pedem para a Igreja discutir as mudanças culturais das últimas décadas, como a flexibilidade moral na esfera sexual. Os jovens pagãos também pedem um outro posicionamento. São aqueles que criticam o Vaticano por pensarem que ele é rico e não divide seus bens com os pobres e que condenam a religião por se meter em assuntos como o uso de anticoncepcionais ou por sua falta de moralidade. Neste caso, o prato cheio são os escândalos de pedofilia e a condução desses casos. Já os jovens alinhados a movimentos carismáticos querem uma Igreja preocupada com a liturgia e rigorosa com a moralidade sexual cristã.
E a Santa Sé estaria decidida a dar um passo concreto agora para atender a essas demandas?
Brenda Carranza: Não acho que os cardeais acreditem que, flexibilizando as normas e a doutrina, seja revertida a perda de fiéis na América Latina. O próprio Bento XVI mencionou ser melhor uma minoria de cristãos convictos do que massas de fiéis sem compromisso profundo com sua fé.
Se não agora, quanto tempo seria necessário esperar?
Brenda Carranza: O tempo institucional da Igreja Católica é muito elástico, se comparado à urgência apresentada pelo presente. É uma espera que não tem prazo. Basta lembrar que só há pouco tempo a Igreja reconheceu que foi um erro histórico condenar Galileu Galilei por ter dito que a Terra gira ao redor do Sol, e não o contrário.

terça-feira, 5 de março de 2013

A Sinodalidade


A SINODALIDADE É UM CAPÍTULO DECISIVO NA ECLESIOLOGIA.

A restauração da forma sinodal da missão da Igreja não deveria se reduzir a uma banal democratização das decisões a serem tomadas pela maioria.  Ela requer, a atribuição de formas adequadas de autoridade aos fiéis, em harmonia com o ministério ordenado dos pastores da Igreja. Sua tarefa é a de garantir a autenticidade da fé e a unidade da Igreja.

No rito latino da Igreja os fiéis leigos, e também os diáconos e os padres, no, não têm nenhuma disposição canônica que lhes permita dar um voto deliberativo sobre as questões eclesiásticas.

 Em outras fases da história, ao invés, muitas decisões importantes, a partir da eleição dos bispos, eram tomadas pela comunidade. Ainda hoje, o ordenamento canônico oriental estabelece a convocação anual de um sínodo patriarcal para a eleição dos bispos e para "emanar leis para toda a comunidade patriarcal" (cânones 106 § 2; 110 §1). E a cada cinco anos,  reúne-se a assembleia patriarcal de bispos, dos superiores religiosos, dos representantes dos padres e dos leigos, das universidades, das faculdades teológicas e dos seminários (cânones 140 e 143) para tratar das coisas da Igreja.

       O Vaticano II estabeleceu que o primeiro e fundamental sujeito responsável pela missão é o conjunto de todos os fiéis. O povo de Deus, "populus messianicus…instrumentum redemptionis", é o sujeito responsável pela missão  (LG 8). Em outras palavras, todos os fiéis, pelo carisma  que lhes foi infundido no batismo e na confirmação, são os sujeitos da comunicação da fé, da qual depende a vida da Igreja.
       Cada cristão, seja ele quem for, é sujeito original da evangelização e a ela deverá estar orientado durante toda sua vida. Para isso, não precisa de nenhum outro sacramento além do batismo, nem de alguma delegação por parte da hierarquia. O Código traduz esse dado no cânon 781, atribuindo ao povo de Deus, como seu dever fundamental, a opus evangelizationis.
       Portanto, a comunicação da fé, ato decisivo da missão eclesial, é competência própria de cada fiel.

       # Por que então, uma CEB, em coisas de menor importância, por exemplo na escolha dos instrumentos e dos modos mais oportunos para evangelizar os que encontra na sua realidade, particularmente urbana?

       Os membros do Povo de Deus expressam a fé e exercem o seu sacerdócio comum (empenho numa profissão, responsabilidades cidadanas, sociais e políticas, serviços diversos às causas da justiça, da verdade, da paz...) segundo a vocação à qual se sentem chamados: matrimônio, vida consagrada ou ministério ordenado.

       Todos esses aspectos da vida cristã não podem ser considerados como uma realidade profana, desprovida de um caráter eclesial, útil apenas para o fiel para ganhar méritos para a vida eterna: são de fato o exercício do sacerdócio comum. Na vida cotidiana comum, na qual família, profissão, responsabilidades sociais ocupam os dias dos crentes, os fiéis realizam o mandamento do Apóstolo oferecendo seus corpos, sua vida, como culto espiritual e dando o testemunho de Cristo nas suas relações interpessoais e sociais.
       Bento XVI, em um discurso de 16 de maio de 2011, afirmou que os fiéis não devem ser "apenas executores passivos" do que é ditado pelo magistério, mas sim "protagonistas no momento vital da sua implementação". O papa, depois, estende esse pensamento até dizer que, com relação ao magistério, eles devem ser "também colaboradores preciosos dos pastores na sua formulação". Eles o serão "graças à experiência adquirida e de acordo com suas competências específicas".
       A sinodalidade, portanto, deveria acontecer na valorização das experiência e das competências. O carisma dos esposos e dos pais, se fundamenta em um sacramento particular. O seu sensus fidei em interpretar o evangelho da vocação à vida familiar é indispensável para o conjunto da vida da Igreja e não pode ser reduzido apenas à virtude de escutar ao magistério. O mesmo se diga para qualquer âmbito em que os fieis tenham experiência e competências que os pastores da Igreja não tem.

José Marins (Fundamentado na entrevista de Severino Dianich, Unisinos, março 2013)

domingo, 3 de março de 2013

Jovenes de las áreas periféricas (favelas) y Internet


EL USO DEL INTERNET POR LOS JOVENES POBRES EM LA GRAN CIUDAD.

1.  El uso del internet significa la posibilidad de usar tecnologías que dan a los jóvenes de origen popular la entrada en un mundo del cual han estado excluidos. Por otro lado, es la posibilidad formidable de ampliación de su experiencia de tiempo y espacio. El joven de las periferias urbanas (no solamente geográficas) esta estigmatizado por su pobreza, poca cultura sistemática y relaciones de amistad limitada a la gente de su misma área o cultura.

Os Cibers Café y la pose de una computadora que le permita acceso a las redes de comunicación, les abren todo un mundo virtual, con informes y abundancia de comunicaciones prácticamente universales.

-    A lo largo de las calles, en los estadios deportivos, en la playa el joven de las favelas es solamente un “joven de los suburbios”, no es ciudadano. Su mundo (o sub-mundo) es motivo de sospechas gratuitas y a veces despierta miedo en la gente de otras partes de la ciudad.

 

Pero, por el Twister, el Facebook y congêneres, aquel joven de periféria habla de si, identifica sus preferencias, afirma sus gustos, enuncia sus conflictos, revela su equipo de futbol, sus preferencias a propósito de artistas y de músicas, muestra sus fotos y la de sus amigos y amigas. Ya no se siente solo o inferior, o un ser raro. Entra en contacto con jóvenes semejantes a el y diferentes de el. Acontece lo que llamaríamos de “conquista de un territorio virtual” e una nueva pertenencia: -El joven ya no se define como habitante de la periferia, sino como ciudadano del mundo. Conquista otros signos, gustos, lenguaje, preferencias y amistades de internet, que son propias del nuevo territorio virtual.

La conversación es sobre los hechos de vida y no sobre grandes temas políticos, religiosos, artísticos. Os jóvenes se tornan sujetos en un espacio humano desligado de su casa, barrio y periferia.

Existen, por lo tanto, mediaciones importantes para la construcción de una ciudad plural en sus relaciones y unificada por sus instrumentos de comunicación.

 

= Nace un cambio revolucionario del imaginario urbano. Los jóvenes de áreas populares construyen su repertorio simbólico. Elaboran un ambiente propio a partir de la navegación en la red, al bajar músicas y fotos, películas y programas.

Experiencia esa que no ha sido posible para la generación anterior. Es una nueva historia personal y colectiva que se hace contemporánea.

- Los jóvenes de espacios populares crean estilos,  palcos y escaleras, inventan sus pasos en la música, graban vídeos e colocan  You Tube. En los siguientes días, otros jóvenes de las favelas están mirando a todo eso y creando sus propias expresiones.  Esa circularidad alcanza a los jóvenes de los condominios y de los barrios de clase media alta.

Las computadoras com internet ocupan el espacio que era de la TV.

También  tiene el valor de mantener los hijos dentro de casa y lejos de las situaciones de conflictos armados entre facciones crimonosas y entre ellas y la policía.

Hay un movimiento de individualizar los jóvenes de los espacios populares.  Mostrar lo que son, lo que sueñan y lo que quieren.  Es la construcción del sujeto mirando hacia el futuro.  La identidad necesita tener esa relación con el futuro. Sino se banaliza.

 

Paradoxos


O paradoxo do nosso tempo é que temos edifícios mais altos e temperamentos mais reduzidos,

estradas mais largas e pontos de vista mais estreitos.

Gastamos mais, mas temos menos,

Temos casas maiores e famílias menores,

Mais conforto e menos tempo

Temos mais graduações acadêmicas, mas menos sentimentos comuns

Mais conhecimento, mas menor capacidade de julgamento,

Mais peritos  mas mais problemas,

Melhor medicina, mas menor bem-estar.

Bebemos demasiado, fumamos demasiado, desperdiçamos demasiado, rimos muito pouco.

Movemo-nos muito rápido, nos irritamos demasiado,

Mantemo-nos muito tempo acordados, amanhecemos cansados,

Lemos muito pouco, vemos televisão demais e oramos raramente.

Multiplicamos o nosso patrimônio, mas reduzimos os nossos valores.

Falamos demasiado, amamos demasiado pouco e odiamos muito frequentemente

Aprendemos a ganhar a vida, mas não a vive-la.

Adicionamos anos às nossas vidas, não vida aos nossos anos

Conseguimos ir à lua e voltar, mas temos dificuldade em cruzar a rua para conhecer um novo vizinho

Conquistamos o espaço exterior, mas não o interior

Temos feito grandes coisas, mas nem por isso melhores

Limpamos o ar, mas contaminamos a nossa alma

Conquistamos o átomo, mas não os nossos preconceitos

Escrevemos mais, mas aprendemos menos,

Planejamos mais, mas desfrutamos menos

Aprendemos a apressar-nos, mas não a esperar

Produzimos computadores que podem processar mais informação e difundi-la, mas nos comunicamos cada vez menos e menos

Estamos no tempo das comidas rápidas e digestões lentas,

De homens de grande estatura e de pequeno carácter,

De enormes ganhos econômicos e relações humanas superficiais

Hoje em dia,há dois ordenados, mas mais divórcios,

Casas mais luxuosas, mas lares desfeitos.

São tempos de viagens rápidos, fraldas descartáveis,

Moral descartável, encontros de uma noite, corpos obesos,

E pílulas que fazem tudo, desde alegrar e acalmar, até matar.

São tempos em que há muito na vitrine e muito pouco no armazém.

A vida não se mede pelo número de vezes que respiramos, mas pelos extraordinários momentos que passamos juntos.

George Carlin.

 

IRONIA.

1.  Uns queriam um emprego melhor; outros só um emprego

2.  Queriam mais festa; bastaria uma comida

3.  Vida mais amena; apenas viver

4.  Pais mais esclarecidos; só ter pais

5.  Olhos claros; só enxergar

6.  Voz bonita; falar

7.  Silêncio; ouvir

8.  Sapato novo; só ter pés

9.  Um carro; andar

10.            O supérfluo; apenas o necessário.

A SABEDORIA EVANGÉLICA É:

1.  Tolerar, não julgar

2.  Aliviar; não culpar

3.  Perdoar, não condenar.

catolicismo do Brasil


CRISE NO CATOLICISMO DO BRASIL (SÓ DO BRASIL?)

Há pelo menos três décadas, o Censo demográfico vem confirmando com números o que se observa nas ruas: uma intensa movimentação no ambiente religioso da população brasileira, com destaque para uma redução do número de católicos, além de um crescimento acelerado do protestantismo pentecostal, iniciado na década de 1970.

Ao longo da década de 1990-2000, dez por cento dos católicos migraram para as denominações pentecostais e para o segmento dos sem-religião; então, o catolicismo abarcava 73,6% da população brasileira. Essa tendência continuou e, no final da década seguinte 64,6% dos brasileiros pertenciam a um catolicismo ainda hegemônico, conforme dados divulgados no final de junho.

A realidade captada pelo Censo de 2010 provocou uma avalanche de questionamentos e interpretações. Há quem festeje a crescente diversidade e a secularização no quadro religioso em nosso país; há quem lamente a perda de contingente no seio do catolicismo, afinal um dos componentes históricos da identidade brasileira.

Internamente à Igreja Católica, não faltam acusações a torto e a direito. Um lado atribui essa sangria à rigidez doutrinária e moral, ao centralismo monárquico, ao celibato obrigatório para os padres, à desatenção para com as questões das mulheres, a recusa do sacerdócio para elas e ao alijamento do laicato (sobretudo jovens) das decisões. O outro lado debita essa queda a uma alegada influência marxista da Teologia da Libertação, ao reduzido amor à Igreja, ao relativismo moral e a um eclipse do senso de Deus. Que lado tem razão? Ambos? Nenhum? Nessa hora, a atribuição de culpa só serve para exaltar os ânimos e obscurecer o juízo. Provavelmente o catolicismo brasileiro sofre perda de fiéis tanto quanto as outras grandes religiões em outras sociedades pelo mundo.

Diante dessa situação, o que resta ao catolicismo fazer? Há grande perplexidade, o que não é algo a se lamentar, necessariamente. Um primeiro passo é admitir que a situação é mesmo complexa e não cabem soluções singelas. O passo seguinte é fugir da tentação de refugiar-se em princípios que (só aparentemente) são eternos e que, gestados em outras eras, mal e mal dão conta de desafios que o tempo não se cansa de produzir: é como aplicar remendo velho em pano novo.

A meu ver, da fixidez – se dogmática ou moralista, pouco importa – resulta a grave doença que afeta “um certo catolicismo”, doença da qual a perda de fiéis é apenas um sintoma. Tal enfermidade reúne perdas mais profundas, como a da capacidade de instilar entusiasmo e de inspirar ações generosas e duradouras – enfim, a perda de influência e de autoridade no campo ético. Um catolicismo acomodado no poder imperial e indutor de infantilismo se descolou de suas bases, tanto clericais quanto laicas, e acabou falando sozinho. Tendo perdido a capacidade de anunciar boas-novas que vão ao encontro do inédito da História, acabou propondo “mais do mesmo”. Daí, o crescente desencanto de fiéis leigos e leigas, de sacerdotes e religiosos(as) e, consequentemente, seu afastamento. Claro que, se estivesse satisfeita, essa massa não se apartaria – seu movimento representa um grito a ser decifrado.

Em favor dos dirigentes máximos do catolicismo, reconheço ser sobre-humana sua tarefa, que os verga sob o peso da instituição. Afinal, trata-se de um contingente de um bilhão de pessoas e de um patrimônio cultural e material acumulado durante milênios. Não é de estranhar que gerenciar esse empreendimento colossal embote um olhar mais sensível para as emergentes necessidades e urgências humanas. Daí o apelo a um armazém empoeirado, repleto de indulgências plenárias, de beatificações meio oportunistas e de eventos espetaculosos.

Mas o catolicismo institucional não é o único tipo de catolicismo. Há, pelo menos, um outro, que atrai católicos(as) inspirados no exemplo de seu Mestre na tarefa de tocar de forma digna seu cotidiano familiar, profissional e cidadão. São leigos, leigas e clérigos “da base”, que se agregam numa multidão incalculável de comunidades ocupadas em ver a realidade e interpretá-la para transformá-la. Capilarmente comprometidos com ações articuladas a favor da humanização, contra o sofrimento humano, ousam demolir as fábricas de tanta dor. Eles não veem ameaça no esvaziamento demográfico de seu grupo religioso, pois o fundamental é realizar a tarefa.

Enfim, o que parece estar em xeque no catolicismo não é a quantidade de fiéis, mas o fulgor da chama. Se conseguir estancar a desidratação de sua seiva, se não abortar o espírito que o insufla desde sua origem, então o catolicismo se manterá relevante. O mesmo vale para todas as religiões e interessa à humanidade

 

Usando as palavras de Cesar Cuzma


Saiu o Papa e apareceu o peregrino, saiu o que governa e entrou aquele que se une a todos em oração

Ele e nos, em oração, queremos pedir por um Papa que tenha um grande tato e perfil de "Pastor", não na autoridade administrativa e institucional (como muitas vezes se pensa), mais no zelo e no cuidado, no acolhimento e no “entranhamento” do sofrimento do povo, que tenha grande vivência espiritual, que seja aberto a ouvir (internamente e externamente na Igreja) e tenha o papel de diálogo (com todos), que saiba acalentar aqueles que mais sofrem e que são as grandes vítimas.

Que tenha a coragem e a humildade para enfrentar os problemas internos da Igreja, situações até constrangedoras (que afetaram Bento XVI), mas que devem ser enfrentadas para resgatar credibilidade, confiança e respeito.

IGREJA

Para ser sempre a mesma comunidade de Jesus ela deve continuamente ter a coragem de mudar. O que não significa ir contra a tradição eclesial, não significa romper com questões caras a fé; ao contrário, significa ir ao centro da fé, significar ir ao encontro e acolher o mundo que ri e que chora, que espera e que ama. Mudar, em muitos casos, é saber dar um rumo certo a situações que não se pode mais suportar. Neste ponto, há coisas sim, que devem mudar.

Apegados ao Vaticano II e deixando o Espírito de Cristo soprar na Igreja, queremos ser:

+ Uma Igreja que saiba ouvir os sinais dos tempos e que saiba dar uma resposta corajosa e de esperança aos que esperam em nome de Cristo. Queremos ter uma Igreja que saiba ser sinal e que não centralize em si mesma, apenas institucionalmente, todas as questões, mas que aponte o caminho, que conduza à verdade, que oriente e bem guarde os seus fiéis. Queremos uma Igreja que saiba ser Católica, no sentido autêntico de sua palavra, que seja aberta, que saiba acolher a todos e que possa sentar-se a mesa com todos; que não rejeite o diferente, mas que a exemplo do bom samaritano, passe a acolhê-lo e a protegê-lo.

+ Uma Igreja que se faça perceber em cada canto do mundo e que cada canto do mundo possa se fazer perceber na Igreja, mostrando a riqueza cultural de cada gente, de cada povo, de cada música e oração, mostrando os traços de cada rosto que formam este único corpo, que é a Igreja.

+ Queremos uma Igreja que tenha “jeito” de povo e que o “povo” se identifique com ela.

+ Queremos uma Igreja que seja ecumênica e que se coloque em diálogo religioso para o resgate do mundo, a serviço de Deus e em favor do mundo.

+ Queremos uma Igreja com espaço para os jovens, para as mulheres e para todos os leigos e leigas que se alimentam de sua fé, que desejam e querem trabalhar na Vinha do Senhor.

+ Queremos uma Igreja que seja a casa dos pobres, que acolha os aflitos, que ampare os doentes e que seja um autêntico testemunho de Cristo.

+ Queremos uma Igreja que se encontre com Cristo e que Este diga a Igreja: “Eu tive fome e me deste de comer, eu tive sede e me deste de beber, eu estava nu e me vestiste, estava preso e me visitaste, era estrangeiro e me acolheste...”. Aí sim, poderemos dizer, com Cristo, “que o Espírito de Deus está sobre nós, e que Ele nos ungiu, para evangelizar os pobres, para curar os doentes, para libertar os presos e para proclamar o tempo da graça do Senhor”.