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sábado, 25 de fevereiro de 2012

Palavra do Card. Carlo Maria Martini, emerito Milão

Fala o Cardeal Martini, agora vivendo na Escola Bíblica de Jerusalén, arc. emérito de Milão, Cardeal. Antigo REitor do Inst. Biblico de Roma. 

Lembro-me dos "belos tempos" do Concílio. Recordo o entusiasmo que se acompanhavam os episódios conciliares. Sentia-se como a Igreja havia reencontrado uma linguagem simples e convincente, que falava ao coração do homem contemporâneo.

Eu estava então na comunidade do Pontifício Instituto Bíblico. Esperava-se com ansiedade a orientação que seria dada pelos Padres Conciliares com relação à exegese da Escritura: ou confiança no método histórico-crítico (que nós aceitávamos embora tendo presentes outros métodos de exegese) ou distância do método histórico-crítico como perigoso para a fé. O Concílio, com o documento Dei Verbum, respondeu plenamente às nossas expectativas. Foi um dos efeitos positivos desse Concílio. Daqui provém também uma sede dos fiéis pela leitura das Sagradas Escrituras.

Outros benefícios do Concílio? Não é fácil enumerá-los, pelo embaraço da escolha. Vai-se desde uma melhor compreensão dos textos da liturgia, graças ao uso das línguas próprias de cada país, até o encorajamento do diálogo com os cristãos não católicos (como com os protestantes, as maiores Igrejas Orientais etc.) e também com as religiões não cristãs, em particular o diálogo com o judaísmo.

Gostaria ainda de lembrar o impulso dado à reforma das ordens religiosas e o aprofundamento do mistério da Igreja, realidade visível e espiritual, em cujo centro está a Eucaristia.

Importante foi também o decreto sobre a liberdade religiosa e a constituição pastoral sobre a Igreja no mundo contemporâneo.

Seria longo continuar, mas gostaria de lembrar o título daquele opúsculo ao qual o autor da carta acena: o que foi distorcido? Parece-me que não houve nada particularmente distorcido nos documentos do Vaticano II. Distorcidas foram algumas das interpretações ou aplicações dadas a elas.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Curso Vaticano II clero Crato,Ce

Síntese do encontro do clero (3 e 4/01/12) - Diocese de Crato
(Pe. José Marins e Ir. Teolide)

O Vaticano II é um divisor de águas na Igreja e tem como discussão "a vida pastoral" e palavra chave "comunhão". Para muita gente, o Concílio Vaticano II ainda não foi inalgurado, uma vez que a maioria dos ministros ordenados estão dedicados a sacramenos, devoção e administração. Podemos constatar que o grande problema para a Igreja católica não são as seitas, mas o ateísmo que não é agressivo e sim silencioso. Isso questiona o padre do futuro. Muita coisa nos sentimos urgentes nas mudanças de época para a Igreja. O padre não pode renunciar ao que exige o seu ministério: coordenar a comunidade. A ministerialidade não é um status social: todos os ministérios estão no meio do povo. O Vaticano II propõe a Igreja dar uma revisada onde estamos. Dom Hélder propôs que escutasse o Espírito a partir do 3º mundo.
O Concílio coloca os seguintes elementos: a Igreja como povo de Deus e mediação do Reino. Jesus é o sacramento de Deus e a Igreja é o sacramento de Jesus. E as duas realidades medianeiras da fé é a comunidade e a missão. Portanto, a missão não é um ato de piedade, mas a dimensão do mistério da fé. A salvação é comunitária. Isso traduz que a Igreja é comunidade - Igreja de base. O concílio Vaticano II não vai tratar de mudar a fé das pessoas, mas mudar o modelo histórico. É um Concílio que se reune para resolver um problema puramente pastoral. Trata-se de um Concílio que se dirige não só aos católicos e nem é voltado só para os cristãos, mas a todo o mundo. Foi a primeira vez que um Concílio era universal.
Com o Vaticano II, a liturgia ganha uma participação enorme na Igreja. Ela é colocada no nível do mistério trinitário: é Igreja do serviço que se renova em um nível orante - liga a liturgia a memória pascal e toda a assembléia se torna celebrante. Outro aspecto imporante tratado no Concílio é a dimensão ecumênica da Igreja que torna-se essencial para a nossa fé. Conclui-se que há uma só fonte de revelação: a Sagrada Escritura. O magistério só ajuda. Com isso, o catolicismo social vai recuperar o sentido do Reino de Deus pela caridade também vivida por aqueles católicos anônimos e os que fazem a vontade de Deus, sem mesmo serem católicos. Outro aspecto essencial da Igreja no Vaticano II é o decreto sobre missão: é da essência da Igreja ser missionária. Ela existe para anunciar o Reino.
Pontos centrais do Concílio: atualização da Igreja; volta às fontes bíblicas e patrísticas; metodologia pastoral da Igreja; estar ao lado de uma Igreja que sofre do lado dos pobres; viver a comunhão e participação em comunidade. Pontos que foram debatidos no Vaticano II: tradição e escritura; liberdade de consciência; colegialidade; modelos de autoridade; modelo de Estado; autonomia com comunhão; evolução do dógma; os judeus e as religiões não cristã; as congregações romanas como forma de serviço para a Igreja.
O Concílio Vaticano II se propôs a abrir caminho aos sinais dos tempos, procurar o que nos une e não o que divide, questionar qual o papel da Igreja no mundo, deu mais confiança ao gênero humano, identifica pelo Espírito de Deus os sinais de graças para o nosso tempo, procura não combater heresias e nem proclamar novos dógmas, mostra que a Igreja está aberta ao diálogo e a reformas, afirma que a Igreja se compromete a defender a dignidade da pessoa humana, principalmente dos pobres. E Maria é apresentada não como mãe da Igreja, mas como critério de devoção.
Conclui-se que a meta não é a Igreja, mas o Reino de Deus. E a Igreja local é onde a Igreja acontece e onde decide o seu futuro. Pois, a meta do Reino é o mundo e a Igreja é comunidade, sendo que na América Latina a Comunidade de Base ajuda a Igreja manter o nível eucarístico ao identificar os valores essenciais de Jesus Cristo. Medellin é o início do Vaticano II na América Latina, redefinindo a paróquia em comunidade de comunidades e a Comunidade Eclesial de Base (CEB) é a Igreja que se reconstrói no mesmo nível da paróquia.

Pe. Vileci Basílio Vidal - Coordenador do 13º Intereclesia