Lembro-me dos "belos tempos" do Concílio. Recordo o entusiasmo que se acompanhavam os episódios conciliares. Sentia-se como a Igreja havia reencontrado uma linguagem simples e convincente, que falava ao coração do homem contemporâneo.
Eu estava então na comunidade do Pontifício Instituto Bíblico. Esperava-se com ansiedade a orientação que seria dada pelos Padres Conciliares com relação à exegese da Escritura: ou confiança no método histórico-crítico (que nós aceitávamos embora tendo presentes outros métodos de exegese) ou distância do método histórico-crítico como perigoso para a fé. O Concílio, com o documento Dei Verbum, respondeu plenamente às nossas expectativas. Foi um dos efeitos positivos desse Concílio. Daqui provém também uma sede dos fiéis pela leitura das Sagradas Escrituras.
Outros benefícios do Concílio? Não é fácil enumerá-los, pelo embaraço da escolha. Vai-se desde uma melhor compreensão dos textos da liturgia, graças ao uso das línguas próprias de cada país, até o encorajamento do diálogo com os cristãos não católicos (como com os protestantes, as maiores Igrejas Orientais etc.) e também com as religiões não cristãs, em particular o diálogo com o judaísmo.
Gostaria ainda de lembrar o impulso dado à reforma das ordens religiosas e o aprofundamento do mistério da Igreja, realidade visível e espiritual, em cujo centro está a Eucaristia.
Importante foi também o decreto sobre a liberdade religiosa e a constituição pastoral sobre a Igreja no mundo contemporâneo.
Seria longo continuar, mas gostaria de lembrar o título daquele opúsculo ao qual o autor da carta acena: o que foi distorcido? Parece-me que não houve nada particularmente distorcido nos documentos do Vaticano II. Distorcidas foram algumas das interpretações ou aplicações dadas a elas.
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