segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Constituição Gaudium et Spes


I)   # Constitução GAUDIUM ET SPES,

PONTOS IMPORTANTES

É uma Constituição de princípios. A Igreja tem consciência de formar parte da historia humana como povo de Deus. Encerra a época dos documentos eclesiais que colocam a Igreja fora do mundo e contra ele, como o Syllabus de Pio XI e da Encíclica Pascendi de Pio X.

Ø  Situa a Igreja no interior da historia. Dai entende a sua identidade e missão próprias.  Não se ocupa com a revelação de verdades sobrenaturais que caem sobre o mundo para castiga-lo, mas da manifestação de Deus nos acontecimentos. A Igreja coloca como base de um solene documento a análise da situação para nela descobrir a presença do Espírito. E a esperança do mundo.

 

Ø  Pela Encarnação, Deus se faz historia. Durante séculos o tema Igreja – Mundo não foi tratado, a não ser com uma visão de superioridade eclesial sobre o mundo.

Ø  O mistério pascal vale para todas as pessoas. O Espírito Santo a todos oferece a possibilidade de que, em forma que só Deus conhece, se associem ao mistério  da Salvação em Jesus (GS 22). O método é o de ler, na realidade da vida, a chamada de Deus que só acontece dentro do caminhar humana. E isso é fazer teologia.

Ø  A Igreja deve analisar os problemas da existência humana. -  É seu dever escrutar os sinais dos tempos e interpretá-los à luz do Evangelho, para que possa responder às perguntas da humanidade sobre o sentido da vida presente e futura e sobre a mutua relação entre ambas.

Ø  A Igreja tem muito que aprender – receber – do mundo. Mas a Gaudium et Spes nega porem qualquer possibilidade de transferir o modelo de autoridade deste mundo, ao modo de agir da igreja e das autoridades  eclesiásticas.

Ø  A Igreja não é uma democracia no sentido socio-político do termo. Suas autoridades não recebem o poder por meio do povo. Mas este deve confirmar se as autoridades eclesiais estão de acordo com o Evangelho.

Ø  Todo descobrimento humano é também um canal para a acolhida e realização da graça divina. Todas as coisas têm a sua própria verdade e bondade. Isso corresponde à vontade do Criador. GS 36 (Autonomia do criado GS 41);

Ø  A dimensão religiosa é constitutiva do ser humano  mas isso não significa que seja missão da autoridade religiosa dar soluções concretas às diversas questões, mesmo graves, que surjam. 

Ø  A mensagem de Cristo não mira dar uma visão uniforme à ordem social de maneira que obrigue a todos a aceitá-la. Os espaços que antes eram da Igreja, agora são pluralistas. A democratização levou ao pluralismo religioso. 

Ø  A Igreja deve fazer diálogo aberto com a modernidade, para entender o que o progresso científico, a globalização , a dinâmica da sociedade significam para a fé. Deve dar testemunho da fé no processo econômico, político, no mundo das ciências e da cultura.

Ø  A modernidade é a caída das grandes referencias, incluindo das religiões. Cada quem tem que criar a sua síntese pessoal. E a pessoa humana tem direito à liberdade religiosas.

Ø  Deve existir autonomia em relação às investigações científicas; a solidariedade internacional obriga a todos; deve-se buscar condições de vida digna para todos os seres humanos (GS 57). As realidades terrestres: artes, ciências, invenções têm a sua própria autonomia (GS 59,62,75)

Ø  A Igreja e o Estado são entidades separadas e independentes. Não se usa mais a terminologia de Sociedade perfeita seja em relação ao mundo, como em relação à Igreja.

Ø  A Igreja não é o Estado do Vaticano.

Ø  Afirma-se a destinação universal dos bens terrestres

Ø  A dimensão religiosa é constitutiva do ser humano

Ø  A autenticidade e o testemunho das pessoas são a força da Instituição religiosa (não a instituição em si mesma)

Ø  A objeção de consciência é legítima moralmente. Também em matéria religiosa (LG 41)

Ø  Não existe guerra justa. Toda guerra é contra o espírito evangélico

Ø  O documento denuncia os crescimentos econômico desiguais que cegam as necessidades das maiorias e é indiferente aos rejeitados pelo sistema econômico, político social dominante.

Ø  A Palavra e o Espírito estão sempre ativos, em todo lugar, oferecendo a cada pessoa uma participação no mistério Pascal do modo que só Deus conhece (GSp 22)

Ø  Gaudium et Spes não apresenta uma visão negativa do mundo moderno (secularização, ateísmo) -  O Documento é dirigido a toda a humanidade, 40-44 (particularmente à família, cultura , desenvolvimento econômico, politico, paz (G Spes 53-62), e também:a situação da pessoa humana no mundo moderno.

Ø  Todo descobrimento humano é canal para a realização e acolhida da graça divina. Afirma-se uma justa autonomia das ciências humanas

Ø  Toda guerra é contra o espírito do Evangelho. Não existe guerra justa.

Ø  O principio de autoridade não pode ser imposto. A autoridade deve ser ganha, conquistada.

Ø  Toda repressão da liberdade deforma a verdade. A repressão defende sua verdade ideologizada.

Ø  A Constituição enfim examina a originalidade da Igreja, que não pode ser reduzida a nenhum modelo político. Não hesita em apresentar a Igreja e a sociedade em situação de reciprocidade. O que a Igreja dá ao mundo não está desvinculado do que ela recebe do mundo (nn. 41 a 44).

Ø  É de Cristo que recebemos incessantemente o Evangelho da salvação para propô-lo ao mundo. É "da história e do gênero humano" que a Igreja recebe novas perspectivas para a sua presença efetiva entre as pessoas  desta época[i].

 

A Gaudium et Spes foi aprovada no dia 7 de Dezembro de 1965.

Votos contrarios: 75

Citada 42 veces en el documento de Medellín.[ii]



[i] A ideia democrática, por exemplo, não se aplica à Igreja do mesmo modo que na sociedade política. Ela pode e deve, no entanto, inspirar os modos de relação dentro da comunidade cristã. Não basta repetir abusivamente que "a Igreja não é uma democracia". Seria melhor mostrar o que um sadio espírito democrático pode oferecer de vivificante na atuação daquele "momento comum" que é a expressão do povo de Deus.
[ii] A POPULORUM PROGRESSIO – ha sido citada  26 veces en Medellín
EL DISCURSO DE PAULO VI EN BOGOTA- citado 10 veces en Medellín
EL DISCURSO DEL PAPA AL EPISCOPADO AL FINAL DEL CONCILIO es citado 10 veces en Medellín.
 

Constituição Lumen Gentium, sobre a Igreja


#  CONSTITUÇÃO LUMEN GENTIUM

Aspectos críticos sobre L.Gentium

 

1.   La constitución L.G. consta de 69 números, de los cuáles los dos primeros capítulos: I. El misterio de la Iglesia, II. El Pueblo de Dios son muy bien trabajados y concentrados sobre pasos nuevos que la comunidad eclesial está decidida a asumir. A partir del capítulo III, los conservadores tuvieron su revancha y entraron con una visión de Iglesia que es más del Concilio de Trento… vuelve la visión piramidal: Papa, bispos, curas, diáconos… laicos

2.   A partir del capítulo III, cambia el estilo del documento conciliar: se vuelve más difuso, repetitivo sobre el lugar del Romano Pontífice… cada vez que habla de los obispos o del conjunto eclesial, vuelve a insistir: “pero con el Papa, con su aprobación, en unión con el…” y la mencionada nota Explicativa también explicita: el Papa hablando sin el colegio, y con el colegio… a veces llega a un punto de saturación.

En momentos, algunos capítulos de LG no parecen ser de una Constitución Dogmática, sino más bien una conferencia espiritual sobre fidelidad a la tradición medieval y tridentina, aún que no repita tales nombres. Los textos son más prolijos y el estilo es casi exhortativo.

PONTOS IMPORTANTES

Ø  A Igreja é um mistério de comunhão (primicia e sacramento) com Deus e todo o gênero humano. Está em analogia com a Trindade, desse modo complementa a imagem do Corpo de Cristo. O concílio, no que se refere ao mistério da Igreja, passa da perspectiva cristológica à trinitária. A META DA IGREJA É O REINADO DE DEUS.

Ø  A Igreja não é apresentada como uma “sociedade perfeita” (Berlarmino), mas como comunhão. Ela traduz em visibilidade histórica a manifestação (proposta) de Deus em Jesus.  Toda a importância da Igreja vem dessa sua conexão com Jesus. A experiência de Jesus e a identidade dos fieis com Ele é o primeiro constitutivo da comunidade fiel.

Ø  Cristocentrismo. Por primera vez se usa la palabra Iglesia Sacramento (LG 1). Cristo é sacramento de Deus. Ele mostra visivelmente como Deus quer ver a humanidade toda. A Igreja é sacramento de Cristo. Supera-se assim a perspectiva do Concilio de Trento – Igreja, sociedade perfeita. Ela tem como meta de que o mundo todo seja o Reinado de Deus.

Ø  A Igreja local não gera em torno da chamada Igreja Universal. Não é um distrito administrativo da grande organização religiosa eclesial, senão uma plena concretização da Igreja)[i].

A Igreja local não é assim, um fragmento imperfeito da Igreja Universal. É a Igreja universal (que não é a soma das igrejas particulares) por inteira, acontecendo em um lugar (LG 26). 

Ø  O episcopado, juntamente com o presbitério é um serviço de unidade e animação. A comunidade é a base primaria e fundamental da comunhão de todos entre si, com Deus e o mundo. A igreja não é primariamente a hierarquia senão uma comunidade de fieis que goza da ajuda de    um corpo ministerial.

Ø  A autoridade do bispo procede de Cristo e não do Papa. O bispo recebe sua consagração e ofício e, de maneira imediata, a plenitude da missão apostólica.

Ø  O ministério hierárquico e a comunidade não podem separar-se. Um não está acima do outro[ii]

Ø  O bispo tem uma vinculação colegial com toda a hierarquia a Igreja. Nessa comunhão a tarefa de Pedro (Papa- “Ministério Petrino”) se realiza cuidando dos seus irmãos e sendo o “primeiro entre iguais”.

Ø  O bispo não é sucessor de um apóstolo particular (Como o Papa o é de Pedro), mas sim do Colégio Apostólico.

Ø  A Cúria é um organismo executivo do colégio dos bispos, não está acima dele.

Ø  O chamado “sensus fidelium”, goza da infalibilidade de toda a igreja (LG 12)[iii]

Ø  Por muito tempo a experiência da fé foi entendida unicamente como uma relação vertical entre o fiel e Deus. A perspectiva conciliar volta à tradição eclesial “Solus Christianus. Nullus christianus” (Nada de cristão sozinho).

Ø  La Igreja é, toda ela, santa e pecadora

Ø  A designação de “Maria Mãe da Igreja” , embora dada por Paulo VI, não entrou no capítulo VIII da L.Gentium, por no ser um tema devocional e não doutrinal

Ø   O capítulo II de LG, coloca como centro da Igreja, não a hierarquia[iv], senão o Povo de Deus. E fala, a) da condição peregrinante da Igreja; b) da continuidade dela com o povo de Israel, c) que Deus se revela nos acontecimentos históricos, d) do lugar eclesial entre as vítimas dos ódios, explorações, desprezos, descriminações

Ø  A realidade histórica de Cristo que é sua condição peregrina, não é um mero meio para a salvação, mas a forma histórica concreta com que a salvação se manifesta.

Ø  O mistério de Cristo nos pobres e orientação à evangelização dos mesmos é a proclamação do Reino (Lc 4,16-22). No LG 8, sublinha “reconhecer nos pobres e nos que sofrem a imagem de Cristo pobre e sofredor”.

Ø  O texto da L.G. revela, no conjunto, a opção por um novo MODELO DE IGREJA

o   De Cristiandad a Igreja em diáspora

o   De uniforme a pluralista

o    De Patriarcal a Familia de Iguais

o   Devocional a servidora, missionaria, bíblica

o   De Hierquia ao Povo de Deus

o    Desigual a fundamentalmente iguais

o   Eclesiástico – Reinado

o   Santoral – cristocentria, trinitária

o   Clerical – comunidade dos fieis

o   Satélite da Igreja Universal, a Igreja local

o   Apologética, em diálogo

o   Ocidental, católica

o   Grego e latim às línguas vernáculas

o   Da lei à consciência

o   Do medo, a alegria e esperança

o   Passiva, esperando decisões  de cima, a creativ, responsável

o   Do castigo, da misericórdia

o   Do feudal ao democrático

o   Do rural ao urbano

o   De monarquia absolutista a colegiado participativo

o   Piramidal, circulas

o   Centralizadora, descentraliza

 

+ A Constituição Lumen Gentium foi aprobada no día 21 de noviembre de 1964. 5 votos contrarios.

o   @ Citada 36 veces en Medellín



Ø  [i]Rahner, Das neue Bild der Kirche, em Schriften Zur theologie, VIII
Ø  [ii] No capítulo III da Lumen Gentium, os conservadores conseguiram  impor a estrutura hierarquica (Artigo 25) e em concreto o Primado Papal como princípio hermeneutico. O colegiado, de certo modo, ficou sobrando.
[iii] El sensus fidelium del pueblo cristiano, en el siglo IV salvó la Iglesia del arianismo, aún cuando la mayoría de los obispos estaban del lado de esa perspectiva herética.
[iv] La Iglesia no es, en primer lugar la jerarquía. Es la comunidad de los fieles que es previa a todas distincciones y servicios. De eso se ve clara la igualdad fundamental de todos los miembros de la Iglesia, manteniendo la diversidad de servicios (Lo de Agustin: “con ustedes soy cristiano…)

Vaticano II, Constituição Dei Verbum (A Revelação Divina)


 

# + Constitución  DEI VERBUM, aprobada en el día 18 de Noviembre de 1965. VOTOS  CONTRARIOS 6.

              Citada en Medellín, 9 vezes.

PONTOS PRINCIPAIS

Ø  Foi considerado o documento “pérola” do Vaticano II

Ø  O Magistério não está acima da Palavra de Deus, mas é a ela submetido.

Ø  A Tradição e a Bíblia não são fontes separadas mas uma unidade dinâmica. A fonte é uma só: Jesus.

Ø  O sujeito da tradição é também o Povo de Deus, na sua totalidade e não somente a hierarquia

Ø  O antigo Testamento mesmo contendo elementos imperfeitos e transitórios, manifesta, sem dúvidas a pedagogia de Deus e se orienta a preparar e anunciar a vinda do Messias (O Novo estava escondido no Antigo e o Antigo foi esclarecido pelo Novo) .

Ø  Os quatro evangélicos são de origem apostólica

Ø  É aceito o método crítico da exegese moderna, e a evolução dos dogmas.

Ø  As Escrituras são instâncias crítica em relação à vida religiosa e cristã, assim como para a pregação eclesial

Ø  Deve-se venerar as Sagradas Escrituras, de modo modo que se respeita o Corpo de Cristo
A Escritura deve ser lida e interpretada segundo o Espírito com que foi escrita, por isso é preciso tomar em consideração  o conteúdo e a unidade de toda a Escritura, a Tradição viva da Igreja e a analogia da fé (ver o texto no contexto e em coerência com o conjunto da Bíblia).

Vaticano II, Constituição sobre a Liturgia


# DOCUMENTO LITURGIA SACROSSANCTUM CONCILIUM

A constituição SACROSSANCTUM CONCILIUM: sobre a liturgia, foi promulgada pelo papa no dia 4 de Dezembro de 1963.

@ Em Medellín está citada 41 vezes.

ELEMENTOS IMPORTANTES

1.A Eucaristia é a celebração do Mistério Pascual, plenitude e fonte do ser e agir da Igreja (SC 10). É o centro da unidade da Igreja com o mistério Trinitário.

2.A celebração da fé e a vida são momentos inseparáveis da celebração Eucarística e de toda a liturgia.  A Eucaristia leva  viver o que se celebra. Dela vem a força para a evangelização

3.A Igreja é um povo que vive da escuta da Palavra e da Celebração dos Sagrados mistérios. A Eucaristia é o momento culminante da comunidade eclesial.

4.O sujeito principal da liturgia é a comunidade (todo o povo de Deus é sujeito) presidida pelos seus pastores. O único sacerdote é Cristo.

5.A Eucaristia é um direito da comunidade.

6. O pão e o vinho são, antes de tudo, para ser compartilhado e comidos e não só para ser adorados. Não se trata de uma comida “fast food”, - rápida, individual, mas da comunidade que se alimenta de Cristo (seu ideal, sua missão, seu modo de ser).

7.A presença de Cristo na Eucaristia não depende magicamente das palavras “Isto é o meu corpo... o meu sangue...” A Igreja Oriental coloca a consagração nas palavras: “Santificai pelo Espírito Santos estas ofertas...”. É o conjunto da celebração, a anáfora que consagra.

8.Principios afirmados pela Constituição: Papel e competência da Igreja local para as adaptações às circunstancias locais (Inculturar os símbolos e orações); exigência de plena participação dos fieis.

 

9. Tomou-se consciência prática de que a liturgia da igreja não estava, de modo algum, reduzida à uniformidade do rito latino e que a diversidade dos ritos não colocava em risco a sua unidade. Fez também ruir a imagem que reduzia a igreja católica à igreja latina romana e ruir também a arraigada convicção que por toda parte se celebrava num único e mesmo rito, o romano, e numa única e mesma língua, o latim.

10. Novidades: Uso das línguas vernáculas; concelebração; posição do altar e do celebrante; comunhão na mão; comunhão sob as duas espécies; diferentes ritos, não só o latino; desaparece o termo “ante missa”

CRÍTICA:

Ø  Demasiado Prudente

Ø  Positivo: - la concepción comunitaria de la Liturgia :”Todo el pueblo de Dios es sujeto y no solamente los ministros ordenados”

Ø  Cambio de la perspectiva sacrificial para la Pascual (Muerte martirial de Jesús)

Ø  Ao iniciar o debate conciliar pela liturgia, estava colocada, de imediato, a questão dos ritos. Mais do que os debates, a celebração diária da eucaristia, presidida muitas vezes por patriarcas e bispos orientais, maronitas, Melquitas, Malabares, Coptas, Rutenos, Sírios, Ucraínos e outros mais, colocou a maioria dos padres conciliares, pela primeira vez, em contato com a rica diversidade cultural no campo litúrgico católico.

 

 @ Não foi citado no documento de Medellín.