quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Nazaré, homilia 27 Janeiro 2013


N A Z A R É

Quando Felipe anunciou a Natanael que haviam conhecido o enviado de Deus, “aquele de quem escreveram tanto Moises, como os profetas...”. e ele é de Nazaré.... – E de Nazaré pode sair algo bom?, replicou-lhe o colega (Jo 1,45s).

Naquele povoado de vinte e poucas casas, com menos de 250 habitantes, Deus não se escondeu, mas se revelou na realidade do filho de uma jovem chamada Maria. Seu nome era Jesus. Todo mundo, num lugarejo como aquele, se conhecia muito bem. Era um artesão carpinteiro como José, seu pai adotivo. Por mais de 30 anos o encontraram nas festas populares, na sinagoga local, nos caminhos aos povoados vizinhos, nas peregrinações que pelo menos duas vezes por ano se fazia a Jerusalém. No ano passado esteve convivendo com o grupo de João, que ficou mais conhecido pelo apelido de “Batista”, esteve também num tempo sozinho pelo deserto. Voltando à Galileia, ao passar pela Samaria comunicando uma mensagem, mesmo sendo judeu, foi muito bem acolhido. E agora, quase de surpresa, está novamente aqui na Sinagoga local, tomando a Palavra de Isaias para explicar o tal projeto que chegou até a entusiasmar aos samaritanos.

  - “O Espírito do Senhor está sobre mim, ele me consagrou para divulgar esta Boa Noticia de libertação...É para hoje!”

       A ordem é de não ficar olhando para trás e nem também num futuro distante. É para agora.

       A atenção da assembleia se despega do rolo sagrado e se fixa em Jesus.

- Quem é ele para estar fazendo esse anúncio? Todos conhecemos sua casa, seus parentes... Não é um Doutor da Lei, nem sacerdote ou levita, nem um chefe de família. Se a mensagem é tão importante, porque não foi fazê-la em Jerusalém, no templo, diante das autoridades competentes? Além disso, cortou o final do que dizia Isaias, não mencionou a “revanche” de nosso povo, o nosso lugar privilegiado de uma aliança  sagrada... Em vez disso acaba de anunciar que Deus preferiu dois estrangeiros: Nahaman o sírio e a mulher de Sarepta, na Fenícia.. e entre nos, a prioridade divina é para os que devemos excluir: os doentes, os pecadores, os indignos...

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Que nos diz a Palavra de Deus a partir deste evangelho de Lc 4,16-22?

- Deus e quem lhe é fiel como Jesus, não escolhe a miséria, mas o que, por causa dela, está sofrendo. Estar ao lado dos que sofrem não é para aumentar o número dos pobres no mundo, mas para com eles, sair da pobreza, da escravidão. Crena divindade de Jesus não é confessar teoricamente uma fórmula dogmática elaborada pelos concílios. Seguir a Jesus, ser seus discípulos é comprometer-se para libertar a nos mesmos e a todas as pessoas, do que as escraviza, desumaniza, diminui, desrespeita.

- Em Nazaré Deus não se escondeu mas se revelou.  Mostrou quem realmente é, tomando o rosto de um trabalhador pobre, de um povoado insignificante, numa região desprezada, de um pais militarmente submetido ao Império Romano.

A espiritualidade cristã não procura Deus “nos do alto” mais “nos de baixo”, perdido no meio do povão. Um Deus que se pode encontrar nos acontecimentos simples da vida de cada dia. O que exige “prestar atenção” nos eventos cotidianos, para encontrar e contemplar a misteriosa presença divina de Jesus que se colocou no último lugar (Fil. 2,6-8) e que encontramos particularmente presente nos que sofrem (Mt 25,36).

  Não há exclusivismos, senão preocupação para que ninguém seja deixado de lado: o último da fila não tem mais ninguém atrás dele. Então pode abraçar literalmente a todos. E ao fazê-lo, está abraçando ao próprio Deus.

 A comunidade de Jesus, é a que crê nisso. Faz isso. É portanto uma boa noticia porque se relaciona direta e pessoalmente com Deus, que não está distante, mas no meio de nós.

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