terça-feira, 31 de janeiro de 2012

III Parte-Justiça.Profecia.CEBs

O POVO DE DEUS
O Concilio Vaticano II proclama: - “Aprouve a Deus salvar e santificar as pessoas, não individualmente, excluída qualquer ligação entre eles e elas, mas constituindo-os em povo que O conhecesse na verdade e O servisse santamente” LG 9
- “Esta nova aliança instituiu-a Cristo... (cfr. 1 Cor. 11,25), chamando-a de Seu povo (judeus e gentios). Formam um todo, não segundo a carne mas no Espírito e tornam-se o Povo de Deus. (LG 9).
- A primeira carta de Pedro também o diz: – Vos sois a gente escolhida, o sacerdócio régio, a nação santa, o povo que ele conquistou, a fim de que proclameis os grandes feitos daquele que vos chamou das trevas para a sua luz maravilhosa.. Vos sois aqueles que antes não eram povo, agora porém são povo de Deus; os que não eram objeto de misericórdia, agora porém alcançaram misericórdia (1 Pd 2,9).
- O Concilio expressa o básico da sua visão da Igreja, como Povo de Deus, no conjunto da constituição LG e dentro dela, no capítulo II. Esse capítulo foi colocado, de propósito, antes do capítulo sobre a Hierarquia (Teologicamente dizemos: a koinonia, isto é, a comunidade dos fieis, precede à diakonia (os ministérios, também os ministérios ordenados de bispo, presbítero, diáconos). Esta categoria do Povo de Deus não é uma volta ao Antigo Testamento, nem é para suscitar perspectivas políticas, partidárias e coletivistas...
O Povo de Deus não se esgota numa etnia, numa época histórica, nem no chamado povo escolhido (Povo Hebreu, do Velho Testamento) nem na Igreja.
É um povo profético, que explicita, recolhe, divulga, os momentos salvadores das ações de Deus na historia. Interpreta os acontecimentos na coerência dos desígnios divinos. É um povo sacerdotal, que consagra as realidades vitais, responde a Deus, agradece, louva, pede ajuda divina. É um povo real, que preside responsavelmente a criação, ligando tudo com a missão de Jesus (Tudo é vosso, vos sois de Cristo, Cristo é de Deus 1Cor. 3,21-23 e “quando tudo houver sido submetido a Ele, Deus será tudo em todos”, 1 Cor 15,28)
É da nossa fé afirmar que cada ser humano que vem a este mundo está vocacionado a ser Povo de Deus. Não vem para uma aventura individual, senão comunitária (LG 9... Deus salva como Povo), no mesmo dinamismo das pessoas da Trindade Santa. Unidade sem uniformidade. Diferenças sem dependências de inferioridade.
É um Povo exuberante nas suas diversidades de dons recebidos (LG 12), conquistas, criatividades e diferentes maneiras de seguir as inspirações divinas. Esse pluralismo, não divide, mas enriquece a comunidade. As diferenças não são ameaças, senão graças. “A cada um é dada a manifestação do Espírito, em vista do bem de todos (! Cor 12,7). Os dons devem ser discernidos e integrados na missão do conjunto eclesial. É o que entendemos pela comunhão peregrinante dos santos, em caminho.
O Povo de Deus é peregrino. Completa seus conhecimentos no próprio exercício da sua missão. Purifica-se aprendendo de seus próprios erros.
Essa comunidade já não se apresenta como Sociedade Perfeita (nunca o fomos). É um povo que caminha. Juntos caminhando, descobrem que o Senhor está também nesse mesmo caminhar.

+ O Concilio foi um divisor de águas. Saiu da mentalidade pastoral da Idade Média, e configura um modelo eclesial diferente: Em vez de patriarcal, machista, rural, piramidal, centralizador, clerical, monárquico, devocional, sacramentalista.. é um modelo de diáspora (pátio dos gentios), participativo, missionário, tendo os pobres como sujeitos, é pluralista, missionário e age como fermento no meio da massa, não fora dela.

+ Também as cEBs são um lugar privilegiado para recuperar-se o sentido de ser Povo de Deus, primeiro porque nelas se aprende a metodologia de ver, pensar, agir, avaliar, celebrar, como comunidade e constantemente.
As cEBs só sobrevivem na sua força evangélica, se estão enraizadas na Palavra de Deus e em contato direto com as pessoas, criando condições para que não existam processos “bancários” (no sentido de Freire, os que sabem e fazem discursos e os que não sabem e só escutam), mas todos são sujeitos.
1. Aqui vão 15 pensamentos de Freire: Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, as pessoas se educam entre si, mediatizados pelo mundo.
2. Ninguém nasce feito, é experimentando-nos no mundo que nós nos fazemos.
3. É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática.
4. Mudar é difícil, mas é possível.
5. Não há saber mais ou saber menos: Há saberes diferentes.
6. Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho, as pessoas se libertam em comunhão.
7. Não é possível revisar um país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor.
8. Educar e educar-se, na prática da liberdade.
9. O mundo não é, o mundo está sendo.
Não é, porém, a esperança um cruzar de braços e esperar. Movo-me na esperança enquanto luto e, se luto com esperança, espero.
10. Continuamos aprendendo durante toda a vida. Somos seres inacabados.
11. Aprender não é acumular conhecimentos, é aprender a pensar a realidade e transformá-la.
12. É cada sujeito que aprende, não o coletivo.
13. .O aprendiz tem que ter auto-estima, senão não aprende.
14. .A essência da ética do mercado (neo- liberal) é para que as pessoas deixem de sonhar... – Só este mundo é possível!
15. .A educação é política. Relativiza o mundo e as estruturas existentes.

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