Homilia
Segundo domingo da Quaresma
Pedro, Tiago, João, André, Felipe, Nata,
Mateus... e os outros discípulos e discípulas já vinham acompanhando a Jesus
por vários meses. Naquela manhã porem Jesus interrompeu o ritmo habitual da
equipe e convocou pessoalmente ao Pedro, ao Tiago e ao João para subir com ele
a montanha do Tabor..
Era
caminhada de varias horas e oportunidade para star a sós com Jesus. Os três que
iam com Ele, podiam conversar mais à vontade, sem as multidões que
constantemente envolviam a todos não lhes deixando nem tempo para comer. Os
outros discípulos provavelmente tomaram a oportunidade para visitar os povoados
vizinhos ou ir rapidamente às suas famílias, pois era de esperar-se que o
roteiro do Tabor exigiria dois ou três dias entre ir e voltar, com uma
permanência de comida e descanso.
A escalada do Tabor foi um marco
inesquecível. Os três evangelhos sinóticos a mencionam, com a particularidade
de Lucas, que sublinha que iam até o topo da montanha, “para orar”. Na verdade
terminou sendo para que conquistassem um novo conhecimento de Jesus.
Transfiguração dupla: a de Jesus e a dos apóstolos.
Assim
foi que os três apóstolos viram o que ainda não haviam captado sobre a pessoa e
missão do Mestre. E essa surpresa não foi maior do que a segunda, a que se
referia a eles mesmos: -“Nunca mais deixemos este lugar !?
Como as multidões
iam ao Jordão para encontrar-se com o Batista, agora vão subir o Tabor para ver
a glória de Jesus, entre Moisés e Elias. E nós estaremos aqui como
facilitadores deste novo espaço sagrado...”, em torno das três novas tendas que
vamos erguer.
Que haviam visto e captado?
Deus estava
manifestando que em Jesus, todas as profecias chegavam à sua plena manifestação
(Elias). Daí o entusiasmo, o dinamismo, a atração ... concentradas no Filho
Bem-Amado. Um tempo de felicidade se abria para todo vivente e para sempre.
Com Moises
a história de um povo- nação unido a Deus pela aliança, chegava, por meio de
Jesus, à sua maturidade.
O que os
três atônitos e entusiasmado (fora de si), estavam
recebendo não era uma preleção sobre um plano operativo universal. Era
sim a força, a atração, o magnífico de Deus. Agora tudo tinha sentido. Não
havia nada mais importante do que aquilo que se lhes revelará – Moises e Elias
haviam preparado os caminhos para a missão de Jesus. Eram seus servidores. O que o Pai tinha dito a Jesus nas aguas do
Jordão, agora era dinamismo, compromisso, beatitude.
Os três companheiros de Jesus não estavam
pensando em nenhuma estratégia a seguir.
Nem por um momento se lhes passou pela cabeça qual seria o procedimento dos
discípulos de Jesus e deles mesmos: – Ficar aqui no Tabor e agir daqui para o
resto de Israel e do mundo? Esperar a
peregrinação escatológica de todos os povos da terra, não já a Jerusalém, mas
ao Tabor?
A etapa de um Jesus sem poder, nada
resplandecente de gloria e majestade, já teria passado e estava sendo
substituída pela que acabava de ser revelada pelas recentes aparições?
Como que as luzes se apagaram. O Jesus de
sempre. O que eles bem conheciam, pobre carpinteiro de Nazaré, sem os
acompanhantes celestiais, desceu junto com eles pelos caminhos de volta.
E o texto do Evangelho conclui: Ficaram
calados e não contaram a ninguém nada do que tinham visto (Lc 9,36)
QUE
SIGNIFICA PARA NOS ESSE ACONTECIMENTO?
- Como sempre a Liturgia nos traz a
Palavra revelada sobre o projeto de Deus em Jesus e para seus seguidores. O
Jesus dos Evangelhos se transfigura. Não é somente quem nos faz conhecer o Pai,
mas nos coloca dentro do seu Plano como sujeitos.
Faz acontecer para nos a transfiguração. O
que nos foi comunicado se transforma de historia em evento.
A
transfiguração de Jesus é também a transfiguração de nos mesmos. Não como uma
conquista intelectual que a gente vai guardar na memoria de um livro e na
saudades das recordações, mas como algo que entrou dentro de nos e passou a ser
parte da nossa própria vida (Como uma injeção endovenosa cujo líquido se
integra no organismo. Como o pão e o vinho, que são assimilados e se tornam
nosso próprio sangue, nossa própria vida).
Saímos “outros”. Já não somos os mesmos que
havíamos chegado. Fomos transfigurados, tanto como cristãos individuais, mas
também como Igreja.
# A
celebração litúrgica da transfiguração, como afeta a comunidade eclesial?
- A Igreja
se identifica como a comunidade do Reino, desbordante de jubilo, dinamismo e
profecia? Entusiasmada pelo que cre e ama e por isso o comunica?
Então:
1. Não ficará mais esperando pelos que
se decidem vir até Ela, mas irá descer do Tabor e procurar os sendeiros da
historia que lhe permitam chegar até os confins da terra
2. Não pretenderá que se comece onde
chegaram seus heróis depois de anos e anos de fidelidade heroica, mas estará ao
lado dos pecadores, indignos, caídos, desanimados... como o médico que vem para
quem está enfermo.
3. Não comunicará “verdades”, mas modo
de ser individual e comunitário; local e universal. Não falará como quem dá
informações, mas como testemunho, às vezes até martirial”, de quem esta
procurando caminhar, apesar de tudo.
4. Não será uma experiência paralela à
vida comum e corrente, mas uma transfiguração do que existe que desenvolve
todas suas capacidades. Não se trata de uma comunidade eclesial paralela à
vida, mas dentro da mesma, como fermento do Espírito em função do Reino de
Deus.
5. Na conjuntura em que estamos não se
trata de ver em primeiro lugar quem vai ser o novo papa, mas como vai ser o
Papado; não um ministro da Igreja, mas a Igreja em relação ao mundo (Reinado de
Deus).
6. Quem já está na base (cEB), não
sonhar como uma Igreja que se sente melhor fora disso.
7. Quando Jesus e a pequena equipe
desceu do Tabor, foi para encontrar-se outra vez com a dor humana (Lc 9,38 ss)
e as limitações-incapacidades dos discípulos (Igreja). El texto es de Mt
17,19ss.
. O
extraordinário do Tabor não solucionou problemas, mas orientou a comunidade, os
seguidores de Jesus
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