sábado, 29 de setembro de 2012

O casamento de Jesus. Fragmento copta


Nos últimos dias os noticiários focalizaram sobre um fragmento de papiro escrito na língua copta (do Egito antigo), escrito, copia de algo que tinha sido escrito no século II. O que fazia alvoroço era uma frase, não terminada:...”Minha esposa... e ela poderá ser minha discípula”.

O que pensar sobre isso?

1.  A primeira questão é se o papiro é autêntico ou falso. E nisto as opiniões se dividem: os especialistas consultados pelo Vaticano declaram: “falso”. Alguns da Universidade de Havard, “autêntico”

2.  No caso que fosse autêntico, que nos perturba? – Que Jesus fosse casado?

- Não perturba o fato de que ele veio do útero de uma jovem judia?

- O processo da geração humana tem em si algo de abominável?

- Quem perdeu a fé por causa disso?

Quando a religião Muzulmana se sentiu ofendida com um filme recente que ridicularizava a Maomé, em muitos países do mundo, os fieis do Islam saíram às ruas e mais de 40 foram mortos.

   3. No caso de ser autêntico, a redação que foi copiada, teria sido escrita pelos Gnósticos (século II), que se separaram da Igreja  e proclamavam que só eles conheciam toda verdade. Por exemplo, que Jesus não morreu na cruz... foi resgatado apesar dos soldados romanos que vigilavam o condenado e finalmente atravessaram seu coração com uma lança... Os discípulos se valeram de um bálsamo secreto e Jesus se recuperou, casou-se com a Madalena  e viveu na Índia, onde finalmente morreu.

  4. Não se pode tirar conclusões a partir de um texto incompleto.

Nos Salmos encontramos: - “Deus não existe” e continua “Diz o ímpio no seu coração!”; No livro do Cântico dos Cânticos... “A alma é a esposa de Deus”, no libro da Sabedoria, esta é considerada a esposa do justo. No Apocalipse, a Igreja é a Esposa do Cordeiro.

- Além do mais  existem também textos que são metáforas, simbólicos: Casar-se com a Igreja não implica uma relação matrimonial sexual.

   5. Em nenhum lugar do Novo Testamento (Evangelhos, Cartas, Ato dos Apóstolos, etc) se menciona explicitamente ou se insinua implicitamente que Jesus estava casado, o que foi afirmado de Pedro. Apesar do Talmute considerar o casamento como lógico para todos os varões, certamente Jeremias, Isaias, Elias, João Batista não eram casados...

Homilia Domingo 26 tp comum (Portugues)


30 de Setembro 2012 – Domingo 26 do Tempo Comum

1. João tomou uma decisão e veio comunica-la a Jesus: -“Nos lhe proibimos curar...não andava conosco” (Mc 9,38).

- Não lhe interessou que algumas pessoas ficariam sem ser curadas. O prioritário era o monopólio do seu próprio grupo em relação a fazer o bem.

       Foi esse João, com seu irmão, que caminho a fora, discutiam sobres os primeiros lugares do futuro Reino. Precisamente a mãe deles (-A pedido dos filhos?) havia rogado a Jesus o mesmo privilegio para os dois filhos.

2. Que pensava Jesus a esse respeito? - Decisão errada. Não proíba a quem faz o bem! (Em outra ocasião já havia dito: “Meu Pai manda a chuva sobre justos e injustos”)

Então:

+ Ninguém tem monopólio de Deus, nem a Igreja Católica determina o que Deus tem que fazer. A salvação e o bem é para todos.

+ Os discípulos de Jesus devem apoiar quem faz o bem: pessoas ,instituições, religiões: descobri-los, respeitá-los, apoiá-los

+ Quem está sofrendo e precisa de ajuda imediata, tem precedência sobre os preceitos religiosos. - Quero misericórdia e não sacrifícios, diz o Senhor. Isaias,   Como fez Jesus, que curou em dia de sábado! E disse: Não é o que diz Senhor, Senhor, mas o que faz a vontade do meu Pai.

       Em relação aos de outras religiões, ou sem religião:

- Olhá-los com respeito. Prestar a atenção no que fazem, mais do que dizem. E discernir qual foi a intenção ao realizar ou anunciar algo. Ser amigo, não inclui que abracem o catolicismo, nem que o católico se torne evangélico ou descrente.

- Ser católico não é carregar-se de medalhinhas, crucifixos e escapulários, nem atacar às outras religiões... mas apoiar-se reciprocamente naquilo que fez Jesus.

# A historia de Moisés, lá do Haiti, nos faz refletir. Ele é cego de um olho e vê pouco com o outro. Meia idade. Pobre. Fazia o caminho da cidade para casa, junto com um pastor pentecostal, que lhe repetia as acusações de praxe: Os católicos adoram imagens; Maria não era Virgem; não conhecem a Bíblia...

- “Faz 10 anos que me converti, e você?”

Então Moises lhe disse que já estavam chegando e poderia mostrar-lhe como se havia convertido. Entraram numa velha garagem transformada em casa de 8 crianças. – A minha conversão significou primeiro, socorrer a estes 8 órfãos... seus pais morreram todos no terremoto. Junto com outros discípulos de Jesus, nos os acolhemos com carinho, procuramos onde abriga-los e dar-lhes roupa, escola e cada dia pelo menos uma comida.

Claro, lemos o Evangelho para conhecer melhor o que Jesus fez e disse. Meditamos muitas vezes o Mt 25,39 até o fim: - “Eu estava nu, com fome...” e você sabe como terminava. Claro oramos com as crianças e sozinhos também.

Ainda não estamos convertidos como você, mas vamos em caminho.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Igreja, Cebs e Nova Sociedad. Marins


IGREJA, CEBs E NOVA SOCIEDADE (PAINEL ABERTO).

                           J.F.Marins e Teolide M.Trevisan

 

       1. A CRISE NUMÉRICA

O modelo eclesial mantido pela Igreja Católica enfrenta tempos de crise numérica e de não preferência, pela nova Sociedade. Não se trata de hostilidades, senão de desinteresse, que na prática é recíproco.

 

       # Em linguagem de futebol: - A Igreja Católica é considerada, cada vez       mais, como uma equipe que continua jogando, mas já perdeu o campeonato e     além disso, vai para a segunda divisão.

 

Até a metade do século XX, 90% dos brasileiros se diziam católicas. Agora só 65%, segundo o censo de 2010. Quer dizer que houve decréscimo de 25%. Num pais de quase 200 milhões de habitantes, isso significa que 50 milhões deixaram a Igreja nos últimos tempos. E os estudiosos dessa matéria afirmam que em três décadas, os Muçulmanos serão maioria na Europa, e no Brasil, os evangélicos[1].

      

       2. DESGASTE  INTERNO

       + Há desconfiança recíproca entre os que militam na igreja:

- por causa de diferentes visões teológicas e pastorais;

- por falta de diálogo e desconhecimentos recíprocos entre os diferentes movimentos, associações, grupos eclesiásticos, que se fecham ao redor do próprio método e conteúdo··.

       Estamos divididos – toda diferença passa a ser ameaça e não graça.  O ecumenismo cresceu entre as diferentes confissões cristãs e diminuiu dentro da própria casa (família, paroquia, diocese, CNBB, Igreja em geral). Entre nós, não se vê humildade grupal e estrutural. Nem grandes esforços para unir forças. A autocrítica é praticamente nula o ineficiente. A altero-crítica goza de níveis altos.

      

       # O nosso time não está entrosado, conta com bons jogadores, mas perde      o jogo. Alguns têm medo de se machucar, outros querem mostrar-se e se perdem em malabarismos que não concluem em gol.

      

       A Igreja tem que avaliar onde esta gastando seus recursos de pessoal, tempo e reservas econômicas. - Onde coloca suas prioridades? Como identifica oportunidades históricas para o Evangelho? Como ser a presença do apoio de Deus, onde o povo está gastando a sua vida?

Os grupos evangélicos insistem na conversão e na pertença a uma comunidade. A Igreja Católica, na pureza doutrinal e na prática dos sacramentos. Nem eles, nem nós, estamos transformando o mundo, tomando em sério a meta do Reino.

        Com qual “garra” os católicos, considerados como conjunto, se dispõem a enfrentar os desafios contemporâneos? O que se vê, nos níveis de “comando” e de estratégia é uma retirada para posições do passado, como se entrincheirados naqueles tempos solucionariam problemas de hoje. Ao nível das lideranças católicas, há maior medo de relativismo que de absolutismo[2] . A sociedade vem trabalhando cada vez mais para encontrar  formas mais participativas, a Igreja deu poucos passos na direção de uma verdadeira sinodalidade.

 Na base multiplicam-se devoções e aparições com excessivo sentimentalismo melífluo. O Jesus profeta de denúncias, sanando aos rejeitados... O crucificado é substituído pelo menino Jesus

 

       3. DESENCONTRO COM A SOCIEDADE MODERNA

A IGREJA Católica não está em sintonia com a dimensão macro cultural da modernidade secularizada, multicultural e multi-religiosa, experimental, democrática, participativa, pluralista, valorizadora da pessoa humana (não sangue ou da raça), respeitosa da subjetividade e da liberdade. Os instrumentos de comunicação da fé se revelam inadequados (Homilias, encontros multitudinários mais de celebração do que de formação) para escutar a voz de Deus nos sinais dos tempos.

   No anuncio contemporâneo da fé não se costuma associar a ideia de Deus e do religioso com a felicidade de viver, senão, com proibições de gozar do que gostamos (jejuns) e que nos faz feliz (sacrifícios). Domina o sentimento de culpa, insegurança, medo. Deus aparece como um juiz implacável que castiga sempre aos maus e também aos bons, quando se descuidam.

   As pessoas de hoje não perguntam: - “Quem é Deus?”, mas sim, - “Quem é Ele ou Ela, para mim?. Não pode ser Alguém que complica a vida. Nem uma dificuldade ou conflito para a nossa felicidade.

 

          4. HORA DE AVALIAÇÃO: A Igreja tem que mudar muito para ser crível pelos nossos contemporâneos. Muitas vezes é preciso sacrificar um modelo histórico para salvar a identidade da missão eclesial que é uma graça de conversão, para que seja anúncio-denúncia e convocação.

   -O Deus que Cristo nos apresentou coincide com os predicados divinos ensinados pela educação religiosa; as prioridades do ministério de Jesus, são as que aparecem não apenas nos discursos oficiais da Igreja, mas no seu cotidiano?

    “De outra parte, missas e ministros mediáticos, alinhados a padrões de marketing, podem destruir o sagrado.. adaptações apressadas; modernizações meramente técnicas; corrida atrás do sempre novo, sem consciência histórica” (Paulo Suess)

       

 

       5. HORA DO ESPÍRITO e DAS CEBs – A GRANDE PROPOSTA EM CAMINHO

*      É certo que o Espírito de Deus continua trabalhando também na nossa época.

*      O Vaticano II despertou uma imensa esperança: João XXIII o via como “um passo adiante”, “Um novo Pentecostes[3]

*      Os grandes teólogos anunciaram grandes passos realizados: “De uma Igreja ocidental a uma Universal” (Rahner); “Fim de um catolicismo de contrarreforma” (Congar); “Conclusão do Catolicismo constantiniano” (Chenu)

*      A Igreja perde prestigio e poder, mas ganha em liberdade e autenticidade evangélica, inspirado pelo Jesus histórico, ela se volta mais para a vida.

*      A partir do Vaticano II e de Medellín, a Igreja latino americano-caribenha decidi refazer o seu nível eclesial primeiro, a través das CEBs, que são não só um acontecimento de reforma estrutural e de modelo na Igreja, mas um acontecimento profético e missionário, uma vez que elas surgem habitualmente aonde a estrutura eclesiástica no chega de maneira habitual e significativa, são a presença da Igreja ao lado dos que sofrem, e os faz sujeitos na perspectiva do Reino.

*      Retoma a meta do Reinado de Deus; a Igreja como Povo Messiânico, profético, missionário, samaritano, ecumênico e dialogante.

*      Igreja dentro nesta nova sociedade será uma rede de comunidades menores: samaritanas e pobres, proféticas e missionarias. Presença e anúncio transformador do Crucificado definitivamente Ressuscitado (1Cor 3,15-28).

 

As Cebs são sujeitos de transformação da sociedade,

- pela análise estrutural da realidade e militância social,

- pelo seu modo de viver a comunitariedade, que cria alternativas de relações humanas;

- pela relação com a sacralidade da terra e da criação (ecologia);

- pelo diálogo ecumênico e com outras tradições religiosas;

- pelo serviço aos mais necessitados.

 

Este conjunto de relações ganha força de convencimento, porque é antes de tudo, uma atitude, um modo de ser. Vem a propósito das CEBs, a iniciativa da “Bandeira Amarela”, que salva da fome e da sede a tantos indocumentados na fronteira norte americana. Pessoas anônimas, ao redor de uma bandeira amarela, deixam alimentos e galões de agua, nos caminhos seguidos pelos migrantes. A mensagem é clara: Aqui nos importa a vida!

 



[1](Datos en artículo; “Brasil, un país de evangélicos”, Julia Carvalho, Rev. Veja 4 Julio 2012, pág. 62).
[2] Nunca houve tanto verticalismo e controle da opinião das iniciativas na Igreja, suscitando submissão a tudo que seja da hierarquia...nos níveis médios da Igreja há medo paralisante, triunfalismo pastoral de apoteoses mediáticas multitudinárias. De algumas reuniões dos “escalões superiores” saem mensagens comedidas, com argumentos tomados das últimas encíclicas. O magistério é exercido como um saber absoluto e não como um saber sobre o Absoluto. Surge um episcopado muito preocupado com as questões burocráticas, econômicas e com os temas da moral católica. Há um processo  cada vez mais exacerbado  de clericalização e verticalização. Enfatiza-se mais a obediência a rubricas e normas eclesiásticas do que a comunhão de caminhos de evangelização. “Há reuniões de autoridades eclesiais que se preocupam mais em não correr riscos que ser fiel  ao testemunho a ser dado. Multiplicam palavras mas estão dizendo o mesmo de sempre. Não percebem que pode estar acontecendo que a exceção passa a ser um caminho comum, e o que era caminho comum passa a ser exceção.
A formação clerical insiste mais no culto e  no exercício do poder administrativo-burocrático-canônico, em detrimento do evangelizador pastora. Formação estética, disciplinar e pouco ético-pastoral.  A unidade se entende como uniformidade.  Debates sem ação. Doutrina sem testemunho. Ação sem reflexão Cada religião se apresenta como a verdadeira e universal.  Surge uma Igreja alternativa, mais emocional, intimista, de movimentos, subserviente para evitar conflitos.
Jose Ratzinger no seu livro “Introdução ao cristianismo” escreveu “A igreja se torna o principal obstáculo para a fé. Luta pelo poder humano, aparece o mesquinho teatro dos que absolutizam o cristianismo oficial para paralisar o verdadeiro espirito do Senhor.
[3] G.Alberigo, Fedelta y creatividtá nella recepcione del Concilio Vaticano II. Cristianesimo en la historia, 21 (2000) 385ss

A hipótese do papiro sobre Jesus casado

A hipótese do papiro falso
Na semana passada, uma estudiosa norte-americana, Karen King, da Universidade de Harvard, apresentou em Roma um fragmento de papiro copta, com uma antecipação em Nova York no jornal New York Times, adquirida – segundo o que foi afirmado – de um colecionador que quer manter o anonimato, em que Jesus dizia: "Minha esposa... e ela poderá ser minha discípula"...

A reportagem é de Marco Tosatti, publicada no sítio Vatican Insider, 26-09-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Naturalmente, só a alusão a uma possível esposa de Jesus, nos EUA da era Obama, imediatamente se tornou interessante. Embora não o fosse no tempo de Jesus: Pedro era casado, e havia também uma tradição muito viva no judaísmo de célibes dedicados a Deus.

Mas agora um estudioso britânico, Francis Watson, da Universidade de Durham, lança a hipótese de que nos encontramos diante de uma falsificação, ou ao menos de um papiro "construído". Francis Watson, especialista no campo e que, aparentemente, tem no seu currículo a descoberta de outros documentos supostamente históricos e que mais tarde se revelaram falsos, defende que o texto foi construído.

"Karen King admite um ceticismo inicial – escreve Watson –, mas agora está convencida de que esse fragmento de papiro deriva de uma cópia do século VI de um texto do século II. Vou argumentar aqui que o ceticismo é exatamente a atitude certa. O texto foi construído a partir de pequenos pedaços – palavras ou frases – derivados principalmente do evangelho copta de Tomé, seções 101 e 114, e postos em um novo contexto. Mais provavelmente, trata-se do procedimento de composição de um autor moderno que não é um falante nativo de copta".

Obviamente, é impossível, por razões de espaço, acompanhar Watson na análise passo a passo, que parte do Evangelho de Tomé encontrado em Nag Hammadi, em 1945, cujo texto é acessível a todos. Ele afirma que, no curto fragmento, estão presentes frases (particularmente a fórmula: "Os discípulos disseram a Jesus") que morfologicamente não aparecem nos quatro evangelhos canônicos, mas pertencem ao Evangelho de Tomé.

Permanecem, no entanto, sempre válidas todas as possíveis interpretações dessa "minha esposa" que criou tanto interesse. A "esposa" poderia ser a Igreja, como no livro do Apocalipse e na tradição cristã de dois milênios. Poderia ser, como no Cântico dos Cânticos, a alma do homem em busca de Deus. Poderia ser, na tradição gnóstica, o discípulo que busca a perfeição.

Em suma, não se pode afirmar que Jesus estava falando da "senhora Jesus", mesmo que – e Watson afirma que não – o fragmento do século IV fosse um fragmento autêntico de sabe-se lá o quê. É preciso lembrar ainda que, na realidade, essa tese de um Jesus casado está bem presente na tradição Ahmadiya, que afirma que Cristo foi curado com unguentos milagrosos depois da crucificação, fugiu com Madalena e se estabeleceu definitivamente na Caxemira, onde ainda hoje pode-se ver o seu túmulo e talvez encontrar os seus descendentes.

Mulheres e Jesus (Texto Unisinos)

As mulheres de Jesus de Nazaré
Oito linhas num papiro do século IV, de um hipotético “Evangelho da mulher de Jesus”, voltou a colocar em cena não apenas o estado civil de Cristo, mas também sua relação com a outra metade do céu.

A reportagem é de Manuel Vidal, publicada no sítio Religión Digital, 23-09-2012. A tradução é do Cepat.

O que Jesus pensava das mulheres? Que papel as mulheres ocuparam em sua vida e, sobretudo, em seu movimento? O que consideram os mais sérios exegetas católicos sobre “Jesus e as mulheres”?

Apesar de ser o personagem mais estudado e analisado pela cultura ocidental, Jesus continua sendo um dos mais desconhecidos. Pouco se sabe com exatidão sobre o homem que é venerado por um bilhão de pessoas como o “Filho de Deus”. Séculos de manipulações apagaram as escassas pistas sobre sua realidade.

E os Evangelhos? Tradicionalmente nos são apresentados como textos históricos. Hoje, todos os teólogos reconhecem que a partir deles não se pode escrever uma biografia de Jesus.“O Evangelho é um testemunho dos crentes. O que os evangelistas contam não é história, mas expressão de sua fé em Jesus Cristo”, explica o prestigioso e já falecido teólogo holandês Edward Schillebeeckx.

Embora sendo difícil, a exegese moderna está demarcando cada vez mais a figura de Jesus. Inclusive nos aspectos mais fechados ou silenciados pela Igreja católica oficial. Por exemplo, a questão da sua sexualidade ou de seu estado civil.

Jesus de Nazaré foi casado?

Para a Igreja católica o assunto da sexualidade de Jesus foi sempre um tabu. A doutrina oficial só aborda esse tema para dizer que Jesus foi um homem de verdade, com todas as pulsões de um homem, mas que se manteve puro e celibatário em toda a sua vida.

Inclusive, em muitas ocasiões dá a sensação de que a Igreja católica cai no docetismo (a heresia que torna Jesus não um homem real, de carne e osso, mas um ser que, embora tendo aparência humana, era na realidade “outra coisa”) na hora de “limpar” a figura do Nazareno.

De acordo com a mais estrita ortodoxia católica, Jesus era um homem completo, de corpo inteiro e, consequentemente, sexuado. Deus se fez homem, e dentro dessa condição existe a sexualidade. Como a exerceu? Que relação manteve com as mulheres?

Os grandes exegetas concordam em negar que Jesus tivesse casado. E que o celibato transgredia as leis religiosas de sua época. “Quem não tem mulher é um ser sem alegria, sem a bênção, sem felicidade, sem defesas contra a concupiscência, sem paz; um homem sem mulher não é um homem”, diz o Talmude. E menos ainda, se esse homem era um rabi, um intérprete da Lei que, portanto, não podia se opor ao Talmude.

Um dos mais prestigiosos exegetas espanhóis, Xabier Pikaza, acaba de publicar o “Evangelho de Marcos. A Boa Notícia de Jesus” (Verbo Divino), um exaustivo estudo de 1.200 páginas. E sobre este tema conclui assim: “Não se pode demonstrar, de maneira absoluta, que Jesus foi celibatário”.

Alguns pesquisadores supõem que ele poderia ter sido viúvo ou sem filhos. Outros, mais fantasiosos, falam de suas relações com Maria Madalena ou de sua abertura afetiva mais aberta (um tipo de “amor” estendido para homens e mulheres, de forma não genital). Enfim, outros asseguram que, após a vinda do Reino (se houvesse chegado, sem que tivesse sido morto), Jesus teria casado, iniciando um matrimônio diferente...

Porém, não sabemos nada disso. Nada pode ser apoiado em fontes. A única coisa certa é que durante o tempo de sua pregação, a partir de sua missão com João, passando por sua mensagem na Galileia, até a sua morte foi “celibatário”.

Outro famoso teólogo espanhol, Rafael Aguirre, sustenta a mesma tese. Ou como disse o americano John Paul Meier: “Jesus nunca se casou, o que o torna um ser atípico e, por alcance, marginal diante da sociedade judaica convencional”. Nisso sim, todos os exegetas consentem, além de destacar o papel “especial” de Maria Madalena na vida de Jesus.

Ela não foi sua mulher, mas esteve muito perto dele. No grupo de mulheres que acompanhavam Jesus e seus discípulos, nunca está ausente. É a primeira receptora dos acontecimentos pascais. Por isso, é chamada “a apóstola dos apóstolos”.

“No entanto, casá-la com Cristo é um disparate”, afirma o teólogo jesuíta Juan Antonio Estrada. O disparate do “Código Da Vinci”, por exemplo, que muitos acreditam.

Discípulas e companheiras de Jesus

O que está claro em todos os textos evangélicos, canônicos e apócrifos, é que a sua relação com as mulheres foi um dos aspectos mais revolucionários do profeta de Nazaré.

Jesus rompe com todos os tabus, numa sociedade em que a mulher era definida como uma “lua”, porque só brilhava e recebia tudo do “sol”, que era o homem. “Dou-te graças, Senhor, por não me haver feito mulher”, rezavam os varões todas as manhãs, pois a mulher era um ser inferior.

Por isso, andava sempre com a cabeça coberta, não podia parar na rua para falar com um varão, não podia ser testemunha credível num julgamento, tampouco podia ter herança e no caso de que seu marido morresse, passava a ser propriedade de seu irmão. E, é claro, quando estava menstruada, não somente era impura, mas tornava impuro tudo o que tocava.

Jesus rompe com todas as tradições culturais de seu tempo e trata a mulher como igual”, explica Pikaza. De fato, as mulheres fazem parte de seu círculo mais íntimo, de seus mais estreitos colaboradores e acompanham o profeta itinerante em suas caminhadas apostólicas. “Varões e mulheres aparecem num projeto como iguais, sem prioridade de um sexo sobre o outro”, sustenta o exegeta espanhol.

E o catedrático Antonio Piñero, em seu livro “Jesus e as mulheres” (Aguilar), aponta que “Jesus foi um rabino relativamente anômalo no cenário dos mestres da Lei do século I, porque teve um ministério ativo, no qual as mulheres não apenas estavam presentes, mas eram discípulas”.

De fato, o Evangelho de Marcos diz que as mulheres “serviam” a Jesus. E o biblista argentino Ariel Álvarez explica que “se estas mulheres “serviam” a Jesus, é porque de alguma maneira pregavam o Evangelho, curavam enfermos, expulsavam demônios e realizavam as mesmas funções dos demais discípulos, e não porque cumpriam exclusivamente as tarefas de cozinha e limpeza”.

É que, como diz Pikaza, “Jesus não quis sacralizar a sociedade patriarcal de sua época” e “fundou um movimento de varões e mulheres na contramão dos rabinos de sua época, que não admitiam as mulheres em suas escolas”. Jesus não somente as acolhe, mas escuta e dialoga com elas, “como com pessoas livres”, respeitando e valorizando-as em igualdade com o homem.

Mais ainda, Pikaza sustenta que dentro de seu movimento, as mulheres foram as seguidoras mais fiéis e radicais de Jesus. “De fato, ao chegar à prova da Cruz, os doze lhe abandonaram; elas, ao contrário, permanecem fiéis até o final”.

Um Jesus, portanto, profundamente inclusivo, que desafia frontalmente os preceitos patriarcais profundamente estabelecidos. Em seu trato com a mulher, Jesus foi um revolucionário, um profeta que desafiou o legalismo confuso e inerte que mesclava a vida religiosa e social de seu tempo. Um visionário defensor dos direitos da mulher. Inteiramente um feminista.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Luxo- Luis Fernando Verísimo

"Dizem que a sugestão da Maria Antonieta para que os pobres comessem brioches se faltasse pão apressou a Revolução Francesa. Não se pode imaginar que a notícia da existência de um cortador de pelinho do nariz prateado vá provocar uma reação popular parecida. Mas quem sabe se o cortador de pelinho do nariz prateado não seja o limite?", escreve Luís Fernando Verissimo, escritor, na crônica publicada pelo jornal Zero Hora, 17-09-2012.
Eis o texto.

Vá entender. Em meio à crise financeira que assola o mundo, o único comércio que cresce e prospera é o de artigos de luxo. As grandes grifes nunca venderam tanto, publicações caras dirigidas a um público com sobra de dinheiro se multiplicam e tem cada vez mais gente comprando jatinhos executivos para combinar com seus iates.

A compulsão do consumo conspícuo é tamanha, que criou um problema inédito: como inventar coisas que se destaquem, pela exclusividade, num mercado em que o luxo se banaliza rapidamente e em que donos de Mercedes último tipo são obrigados a andar com um adesivo que diz “Meu outro carro é um Lamborghini”?

O uísque Johnny Walker é um exemplo desta busca incessante pelo cada vez mais exclusivo. Na sua forma original e acessível, tinha o rótulo vermelho. Depois, lançaram o Johnny Walker rótulo preto, mais caro e supostamente melhor. Depois, veio o rótulo azul, ainda melhor e mais caro do que o preto. Depois, o rótulo verde, uma depuração do azul. E agora existe o Johnny Walker rótulo ouro, feito para pouquíssimos – mas, dizem, vendendo muito bem.

Outro problema trazido pelo luxo banalizado é o que dar para o homem que tem tudo. Pode-se imaginar a angústia da mulher do homem que tem tudo à procura de um presente para lhe dar de aniversário. Um Porsche? Ele já tem dois. Um helicóptero? Muito barulhento. E então ela descobre a solução. Uma coisa pequeninha, mas que certamente nenhum dos amigos dele tem. Um cortador de pelinho do nariz feito de prata, que ela pede para ser personalizado com as iniciais dele.

Dizem que a sugestão da Maria Antonieta para que os pobres comessem brioches se faltasse pão apressou a Revolução Francesa. Não se pode imaginar que a notícia da existência de um cortador de pelinho do nariz prateado vá provocar uma reação popular parecida. Mas quem sabe se o cortador de pelinho do nariz prateado não seja o limite?

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

En otro momento histórico


LA IGLESIA DE AMÉRICA LATINA EN OTRO MOMENTO HISTÓRICO

       En tres décadas, en el Brasil, después de Puerto Rico y Guatemala, los Pentecostales van a ser la mayoría. Esos países y varios otros dejaran de ser un “país católico”.

       En mi país, hace treinta años, 89% de la población se declaraba seguidora de la Iglesia Católica. Ahora, el Censo de 2010 reveló que esa proporción bajo para 65%. El número de fieles, por primera vez, cayó. En 2012 hay en el país casi dos millones de católicos menos que en la década anterior. (Datos en artículo; “Brasil, un país de evangélicos”, Julia Carvalho, Rev. Veja 4 Julio 2012, pág. 62).   Nosotros los católicos, vamos tener más sacerdotes, mas diócesis y más seminaristas y menos católicos.

       Evidentemente, estamos hablando de la realidad numérica, no la cualitativa. Además, es posible siempre pensar en una perspectiva consoladora: - La iglesia Católica sobrevivió dos mil años no siempre fáciles; la crisis nos puede unir y seremos más coherentes con nuestras opciones por el Proyecto de Dios, proclamado por Jesús!

       Esa, es ciertamente, la mejor de las hipótesis. Infelizmente no parece ser la más probable, si tomamos en cuenta las prioridades pastorales actualmente dominantes. Una cosa es lo que desearíamos, otra la realidad. Basta que nos preguntemos donde estamos gastando los recursos de personal, tiempo y reservas económicas. Con cuál “garra” los católicos, considerados como conjunto, se disponen a enfrentar los desafíos contemporáneos? Lo que se ve, en los niveles de “comando” es una retirada hacia posiciones del pasado, como si desde aquellos tiempos se podría solucionar problemas de hoy.

Por partes: No resta duda que la Iglesia no nació para ser mayoría numérica, sino para ser fermento, que es siempre menor que la masa y actúa desde “minoridad”.  Pero esa es precisamente el corazón del reto contemporáneo. - El modelo actual del catolicismo no está incidiendo en la vida de los bautizados. La mayoría de los que han recibido los sacramentos de iniciación (bautismo, primera comunión... hasta el crisma) no asumió la fe cristiana como su modo de vida, sino como mera doctrina religiosa, entre muchas otras, aún que se proclame ser la mejor de todas.

        Las generaciones cristianas que nos precedieron, según lo que nos cuentan,  entendían su fe como el modo de ser tanto individual como colectivo. La fe que habían abrazado era una referencia indiscutible. Ella orientaba no solo la conciencia individual, sino la vida familiar, social, económica, cultural. Se trataba de un Pueblo Mesiánico.

       En el presente momento contamos con millones de personas que han sido bautizadas, y sin embargo no se convirtieron. No están evangelizadas. No tienen a Jesucristo y sus enseñanzas como la orientación de su presente y futuro. Se denominan " cristianos", pero no lo son. Lo mismo les da ser miembro de la Iglesia católica, como "hincha" de un equipo de futbol. A la mejor los hinchas son más fieles a su club. Para millones que siguen siendo bautizando, ese rito (o sacramento, como quiere la Iglesia), significa que tienen su nombre, y lo de sus padres y padrinos, escritos en un libro parroquial en alguna parte del país. Tratase de una burocracia que garantiza los documentos necesarios para que se pueda casar “por la Iglesia” y en algunos casos, para que los hijos sean admitidos en una competente escuela católica. Apenas una minoría de 10% a 15% de los registrados en los mencionados archivos, comparecen regularmente a una misa dominical. Pero aún eso no significa mucho. No se trata de una asamblea reunida para decidir sobre el caminar cristiano contemporáneo. Por lo general son masas anónimas y pasivas. Escuchan sin poder preguntar o contestar, colaboran con la colecta sin saber exactamente adonde será usada, no conocen el nombre de quienes están sentados en el mismo banco, no cantan (la mayoría de los coros parroquiales no ayudan en eso), no entienden la mitad de lo que escuchan, son anónimos y van a continuar así hasta el final de sus vidas. Y eso no los molesta.

       Cuando los ministros afirman y piensan honestamente que esas muchedumbres que todavía llenan los templos al domingo, son los sujetos de una comunidad estructuralmente formada para transformar el mundo, de acuerdo con las propuestas de Jesucristo… quien los escucha con atención tendría todo el derecho de preguntar:

- Los obispos que publican tantos documentos; los curas que nunca tienen tiempo para escuchar y dialogar con los fieles que jamás participaron de una pequeña instancia misionera, pueden ser identificados como la comunidad que continua la misión de Jesús, o forman un “gheto”? Cuando nos hablan del Evangelio y de la Iglesia, señal y primicia del Reino de Dios, estarían jugando con nosotros para ver como reaccionamos, o nos están tomando por idiotas?

       VEMOS ENTONCES, EL RIESGO DE LOS PIADOSOS CON INICIATIVAS!

Un obispo católico de una ciudad latino americana… ha interpretado, en pleno uso de razón y total honestidad religiosa, que el año de la fe decidido por el Papa de aquel tiempo tendría que significar un aumento numérico de celebraciones Eucarísticas. Entonces, tomó una iniciativa  que, de acuerdo con su visión teológica, sería la más apropiada, digamos “infalible”.

       Sin consultar la opinión de sus consejeros (que ciertamente existían o, por lo menos, habían sido nombrados), se comprometió a pagar cerca de 25 mil dólares (lo que en aquel tiempo, antes de la gran inflación, era mucho dinero) para pagar el espacio televisivo de una misa mensual - a las 9.30a horas de la mañana de un lunes. Misa celebrada, por supuesto,  por el Su-Excelencia, el mismo dignatario eclesiástico que tuvo la intuición.

       Comparecieron a la catedral, para el acto religioso, las personas de las llamadas tercera y cuarta edades. Al tratarse, evidentemente, no de un horario televisivo noble, sino del menos buscado, en las casas, los tele-espectadores fueron los enfermos crónicos y los jubilados. Los únicos disponibles delante del video, en un lunes a las 9.00 de la mañana. La población todavía operante se fue al trabajo, al mercado o a las escuelas.

       Las reservas económicas de las instituciones pastorales diocesanas han sido drenadas para el pago del mencionado espacio televisivo. El mismo prelado colocó edificantemente sus economías personales para el primer pago de los 25 mil dólares. Después, para que el proyecto continuara funcionando, reunió las casas de las congregaciones religiosas de su arquidiócesis y las "invitó" con suaves e persistentes presiones, y finalmente "determinó" que les tocaría pagar el espacio alquilado para el siguiente mes (la fidelidad a la Iglesia, la devoción mariana, en fin la sintonía con la autoridad eclesiásticas estaban en juego. En el mes siguiente, el "honor" de colaborar económicamente, tocó a los empresarios cristianos y así fueron siendo buscadas y “convencidas” a participar, otras categorías de personas, que no han sido consultadas si estaban de acuerdo con el proyecto, pero si han sido convocadas para pagarlo.

       Tengamos claro, que nadie duda del valor de la Eucaristía. Lo que estaría  en cuestión seria  el proyecto colocado en marcha. Resta saber si ese modo de proceder tiene cualquier chance de, en primer lugar, respetar la misma Eucaristía sin transformarla ("manipularla") en instrumento prestigio o de "resurgimiento" de instituciones católicas, aunque beneméritas?

       Los 25 mil dólares mensuales, al final de cada año fueron 300 mil dólares. Ciertamente esa considerable cantidad de dinero, una vez bien administrada, bastaría para, en la misma arquidiócesis, mantener por más de 10 años, equipos de formación bíblica, cursos intensivos de entrenamiento de asesores en los varios espacios de responsabilidad eclesial.

       # Esta historia verdadera, es solo la parte visible de un “iceberg” de  irresponsabilidades pastorales. El hecho provoca preguntas más serias: 

-Que instancia eclesial debe evaluar el procedimiento de autoridades aún piadosas y ciertamente bien intencionadas, pero incompetentes y al mismo tiempo dictatoriales en relación al caminar del Pueblo de Dios?

-Cómo desmitificar proyectos parroquiales, diocesanos presentados con argumentos piadosos, pero claramente manipuladores u orientados a mantener una falsa espiritualidad “pietista” y acciones inadecuadas que terminan en desprestigio de la fe cristiana?

-Por que la escoja de autoridades eclesiásticas no puede proceder con transparencia? En los primeros siglos, En la comunidad eclesial, excepción mantenida a lo que ha sido directamente decidido por Jesús, los que iban obedecer tenían el derecho de discernir y escoger sus autoridades.

       # Dios y su Iglesia tienen derecho de contar con hijos e hijas, que en el ejercicio de su ministerio, en su dedicación a la causa de Jesús, por lo menos se esfuercen en actuar con inteligencia y responsabilidad      (José F. Marins)

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Contacto con Alberto Rossa,Missionero en China


Partes de una reciente correspondencia con el P. Alberto Rossa, claretiano, misionero Argentino, ahora en Macau, China.

Fr. Alberto Rossa, cmf
Pastoral Bible Foundation and
Claretian Publications Macau
P.O.Box 1608
Macau, China


“Ojalá podamos volver a las fuentes.
Se van pasando los años... 'lo nuestro es pasar, pasar haciendo camino, camino sobre la mar'... como decía la canción de Serrat.
La vida tiene muchas vueltas y a mi me dejó en esta esquina del mundo que se llama Macau!
Te cuento que estoy bien. Tenemos mucho trabajo editorial en chino. Nuestra aportación es presentar de manera inteligible la Palabra de Dios... sabiendo que Él es el que dará el crecimiento.
A veces vamos como los indígenas del norte argentino: 4 pasos adelante y dos para atrás... pero nos movemos.
Tenemos bastante libertad de expresión, de publicación. En esta pequeña diócesis donde casi todo está por hacer, nos dejan trabajar y ayudamos en la pastoral diocesana y, especialmente, nos dedicamos a la formación de evangelizadores en China.


 

Amigo Alberto,

en tus frases siento la fuerza de una vida toda ella misionera, abriendo camino donde víamos piedras o arenal...

Tengo anotadas muchas freases tuyas,que he estado escuchando a lo largo de tu vida e todas han sido luces y fuerza para mi responsabilidad misionera. Lo que dá sentido a mi vida.

Desde la esquina del mundo adonde te mueves, sigues iluminando, animando, desafiando a tantos y tantas a lo largo de ese mundo que se hizo muy pequeño en lo que se refiere a las posibilidades de comunicación.

Lo que vas sintiendo en tu caminar es muy semejante tambien a lo que va pasando con las instancias de comunidades en el nivel de base de la Iglesia... caminan, vuelven atrás, se detienen, se hunden y despues mas adelante se despiertan. Hay cenizas sobre las brazas... todavía no son carbones apagados.

`Por toda parte se siente la gran crisis de conservadorismo, de centralización, de una Iglesia tan diferente de lo que han soñado nuestros Padres Conciliares, de lo que el Espírito nos ha manifestado. De pronto resurge la esperanza sorpresa, en un hombre como CArlo Martini, en una pequeña Iglesia allá en un recanto secundario de USA, de México, de Brasil... en la enferemdad de un Pedro Casaldáliga, como en los sueños de gente laica de Flórida,USa con quienes venimos de estar.

Tu y nosotros, casi escapados de algun Juracy Park, según lo veen algunos, seguimos con alegría, sin frustraciones o amarguras. Enfín, el director del proceso es el Espíritu. Colaboramos y no pocas veces, perturbamos el proyecto,pero volvemos a recuperarnos. En nosotros todavía no se desgastó la esperanza, tampoco na fé, faltaba más!

Como amigos nos hemos ayudado a lo largo de la vida. Gracias. No has sido nada secundario o marginal... vamos a mismo y estamos siempre más cercanos unos de otros de lo que se pudiera calcular.

Gracias por tu vida.

Marins

 


La experiencia de trabajar por el Reino en esta frontera tiene sus regalos y gratificaciones:

Hace unos años, un señor de Nueza Zelanda, Roger Butland (a quien nunca llegamos a conocer) nos comenzó a escribir y a ayudar en una mejor presentación del texto inglés de los Evangelios... Trabajó un par de años. Murió con el papel de corrección de la biblia en la mano, después de 11 días de no poder tomar alimento alguno. No lo llegamos a conocer.

Al poco tiempo apareció otro ángel, Adolph Dias, un ingeniero de la India trabajando en Dubbai, dueño de una fábrica de pintura. También un día recibimos un email anónimo preguntando por la biblia en inglés... Y desde entonces comenzó a trabajar: lectura super detallada de todo el texto y todos los comentarios. Es un especialista en lengua inglesa... ha escrito 250,000 frases en rima para Hallmark. Hemos hecho miles de pequeñas correcciones. Y ahora nos está escribiendo un comentario nuevo para los Salmos. Tampoco le conocemos.

Hace unos días... otro. Un tal Robert, de USA... ni sé de qué estado. Luego de preguntarle varias veces quién era, me dijo que era un plomero. Dice que le gusta mucho nuestra biblia en inglés y nos mandó una pequeña corrección. Luego comenzó a leer con detalle... Ahora me manda correcciones acompañadas del texto hebreo. Y ha comenzado a leer todo el AT.

Ninguno de estos tres ha querido recibir un centavo de pago.

Luego está el equipo chino. Además de sacarme 'canas verde' trabajan con mucha dedicación... pero son 'mujeres fuertes'... dónde a veces me toca ser director de orquesta para llevar buen ritmo.

Un OMI amigo, John Wotherspoon, es un misionero muy especial. Lleva 27 años trabajando en Hong Kong... expulsado de China (a la que ama de todo corazón) por su trabajo entre los más pobres. Visita 5 veces a la semana las cárceles de Hong Kong. Es australiano y habla mandarín y cantonés. Un 'loco lindo'.

Vive desde hace años en una zona asinada, en una habitación de 10 metros cuadrados (de los cuales la mayoría son cajas de libros qué el reparte gratis a la gente para que conozcan el Evangelio). Me pide referencias a páginas similares en inglés con noticias de América Latina... Si sabes de alguna, me lo dices.