A RIQUEZA O PODER E O
PRAZER
- O mundo
não se humaniza com a força do poder. A ciência, a técnica, a propaganda
converteram a sociedade em uma imensa fábrica (Herbert Marcuse) que vai
produzindo máquinas que se assemelham aos homens, e homens que se assemelham às
máquinas.
Os demônios
da economia são: o lucro, a obsessão para acumular dinheiro, a competição. Rico
é o que continua tendo só para si mais do que necessita, enquanto outros
carecem do indispensável. Andam perdidos na abundancia da profusão de ofertas e
de muitas possibilidades. As informações invasoras levam à indiferença e
passividade. A sociedade de consumo que cria necessidades artificiais e
descuida do essencial mantendo um estilo de vida que despersonaliza. Consumimos
bens supérfluos. Criamos necessidades sempre novas e nunca estamos satisfeitos.
No tempo de Jesus, os sacerdotes e ilustrados
conheciam as Escrituras, sabiam que viria um Salvador, mas não se interessam
pelo menino de Belém, se colocaram a caminho para adorá-lo. Ao longo da sua
vida, Cristo encontrou hostilidade e oposição nos representantes do poder
político; indiferença e resistência nos dirigentes religiosos, traição e
infidelidade nos seus próprios discípulos. Não porém nas discípulas.
Em
nossos tempos, o mais comum não é encontrarmos inimigos militantes de Cristo,
mas gente que desde os primeiros anos de vida foram “consagrados” como íntimos
de Jesus (seu corpo místico) pelo batismo, sem que disso chegassem a ter uma
consciência clara e assumissem o acontecido, a dignidade que se lhes foi dada
de ser a comunidade de Jesus, missionários do Reino.
Ao contrário, suas vidas negam o que
seu batismo significou. Vivem num mundo que usando nomenclatura e datas cristãs, na
verdade é blasfemo do sagrado.
Os que só buscam ou conhecem a vida e o amor em
suas formas decadentes, terminam endurecidos por dentro. Quem é livre
interiormente pode adorar e encontrar o Deus da verdade. Deus quer a colaboração das suas
criaturas para conduzir o mundo à sua plenitude. O primeiro para Jesus é a
vida, não a religião. O objetivo de Jesus não é que se viva uma religião mais
fiel a Deus, senão que introduza no mundo uma nova dinâmica, a da compaixão que
se preocupa com a dignidade dos últimos como a primeira meta - “Pobres são
aqueles para quem a vida é uma carga pesada, não podem viver com um mínimo de
dignidade” (Jon Sobrino). Ser cristão não é só pertencer à Igreja;
confessar o credo; aderir à moral católica; cumprir o culto, mas liberar a
humanidade de tudo que destrói e degrada (Mt 4,12-23)
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