domingo, 16 de dezembro de 2012

A parábola do aviaõ


INTERPRETANDO A GRANDE JORNADA ECLESIAL

A partir da instância da  pequena Igreja (CEB)


              A parábola do avião

 

Uma viagem aérea – importante prepara-la e não improvisá-la.

1.  Tudo começa com UM SONHO, atraente, possível e altamente significativo para quem vai procurar transformá-lo em realidade.                @ A Igreja é o sonho do Reino de Deus em caminho; não é um edifício, nem uma mera organização comunitária. É ponto de partida e não a meta; inclui protagonistas, meios e instrumentos; dificuldades e conquistas. A Igreja inspiração e promessa que compromete; já está acontecendo embora não em plenitude.

 

2.  AGÊNCIA AÉREA. Muito antes de preparar as malas e apresentar-se no aeroporto, os trâmites prévios à viagem ocuparam horas de investigações e decisões a propósito das rotas, custos, escalas, hotéis, cambio de dinheiro, transportes terrestres, seguros, etc. As agências aéreas são a mediação mais eficaz, embora não únicas.  Alguns viajantes preferem fazer tudo por si mesmos e diretamente (Telefone, computador) até garantir o próprio “Boarding Pass” (documento de abordagem, com o assento reservado em cada voo).       @ Essa primeira providência de viagem pode representar, nesta parábola teológica-pastoral, as instituições religiosas (Igrejas) que se qualificam para definir as metas, decidir os trajetos intermediários e evitar desvios inúteis. Trata-se de uma mediação privilegiada. Em algumas circunstâncias pode tornar-se empecilho mais do que ajuda. Então, viajantes se desligam dessa instância e buscam organizar suas viagens diretamente, confiando nos próprios conhecimentos e experiências. As vezes têm sucesso e noutras ocasiões, não muito: - terminam gastando mais tempo e obtendo menos alternativas efetivas

3.  BAGAGEM. Cada passageiro está ligado a uma série de objetos e “ajudas”, dos quais depende em diferentes maneiras: remédios, roupas, instrumentos de toalete, documentos, computador, I-pad, celular, credit-card. Não pode dispensá-los facilmente e mesmo assim vão ser limitados quanto ao peso, tamanho e donde pode leva-los (Despachar obrigatoriamente o que é potencialmente ameaça para o voo, como líquidos, objetos cortantes...; na cabine onde tem o próprio assento, não mais que 5 quilos).

Nenhum passageiro é confiável. Qualquer é considerado uma potencial ameaça para o voo. Deve ser esquadrinhadas pelos modernos instrumentos de raio X e até manualmente pelos encarregados da segurança.

@ Cada pessoa está ligada à sua bagagem vital. Os passageiros diferem das garrafa de coca-cola (todas rigorosamente iguais e passivas) pois carregam consigo peculiaridades e objetos que já não podem dispensar.

A Igreja é uma comunidade de diferentes, unidos pelos mesmos valores essenciais, ligados vitalmente a diferentes tradições religiosas. Aonde se dirigem, levam a sua singularidade, tradições, dependências, ojerizas e incompatibilidades. Cada pessoa não é somente um ser racional, sensitivo vivendo nu e sem nada mais... Ao contrário é alguém com sua cultura, hábitos, necessidades essenciais ou convenientes, valores e referências inegociáveis. Na área religiosa, as hábito (tradições,costumes) podem tornar-se tão exigentes como os dogmas, pensando que abrir mão delas é ser infiel à própria fé. É condenação.

 

4.EQUIPE DE COMANDO- CAPACITAÇÃO E ATUALIZAÇÃO.               Os aviões de passageiros ainda não se movimentam a través de contato remoto, dispensando mediações de pessoal de comando a bordo. Os primeiros que entram no avião, são os que fazem parte da equipe de comando: Piloto, co-piloto, engenheiro de voo, rádio- operador. São e agem como equipe. Sua preparação básica prolongou-se por muitos meses e mesmo anos de treinamento específico. Mas isso não dispensa de uma constante atualização e de oportunos exames médicos que asseguram qualidade de vida e capacidade para o momento atual.                                            @ Na Igreja, teologicamente, os bispos são um colegiado; os presbíteros, membros de um presbitério; os fieis, a grande comunidade do Povo de Deus.  Deve-se avaliar se na prática costumam ver, pensar e agir como equipe?    Cursos de atualização bíblicas, teológicas, pastorais, retiros, revisões de saúde, fazem parte das obrigações de todos os que se envolvem nas responsabilidades de acompanhar o Povo de Deus na sua vocação de viver e proclamar o Reino. Ao terminar os estudos sistemáticos do seminário, nenhum presbítero ou futuro bispo está qualificado para sempre. O Espírito Santo não irá substituir suas irresponsabilidades por não se atualizar constantemente para o seu ministério. Dirigentes eclesiais correm o risco de exigir em nome de Deus, o que é consequência de suas incapacidades ou irresponsabilidades tanto bíblicas como na área da teologia, da moral e da própria capacidade física-emocional. O conservadorismo que coloca em risco a acolhida à Mensagem, é infidelidade ao Espírito.

5. NOVAS AERONAVES. Surgiram turbinas com maior potência, melhores combustíveis, aerodinâmica mais eficiente, radio comunicações precisas, que evidentemente requerem treinamentos específicos enquanto ao seu manejo e manutenção. Os pilotos necessitam de um treinamento especifico, para poder manejar cada tipo de aeronave.

@Por ação do Espírito, a Igreja, ao longo da sua existência, assume novos modelos históricos, que obrigam os ministros a atualizar-se constantemente. Um reitor de seminário não será necessariamente um bom pároco. O professor de teologia dogmática não se transforma automaticamente em adequado assessor de jovens.  

6. PLANO DE VOO. PISTAS. CORREDOR AEREO. CONTROLADORES DE VOO. Antes de começar a viagem é preciso contar com a aprovação referente à rota que se vai seguir, é o que se chama o Plano de voo.

A torre de comando precisa também autorizar a pista a ser usada e o “corredor aéreo” disponível (alturas a manter na rota, velocidades adequadas). O espaço é enorme, mas o tráfego aéreo se torna congestionado principalmente em determinados momentos e em certas áreas. Daí o papel dos controladores de voo que têm a responsabilidade de orientar o percurso de cada avião.  Ao longo da rota, existem ainda os que se encarregam de num determinado espaço aéreo acompanhar os aviões que o estão cruzando. Não pode existir um voo “desamparado” .

@ Estes cuidados acontecem também na vida eclesial. Ninguém exerce um ministério, por conta própria, mas em comunhão com a Igreja. Estar habilitado para tanto significa estar preparado bíblica, teológica, espiritual e pastoralmente e ter experiência de como ajudar uma comunidade seja para ganhar velocidade para sua missão – desprender-se do chão e começar a voar, com qual velocidade – seja para aterrissar nas diferentes realidades, sem provocar acidentes.

-  Toda ação pastoral deve ser decidida segundo seu conteúdo, necessidades, possibilidades, sujeitos e destinatários. O Planejamento pastoral é o plano de voo.  As avaliações e ajustes fazem parte da lógica dos trabalhos, para que não se dispersem recursos ou repitam erros.

 As condições da rota – ventos, turbulências, nuvens com magnetismos e descargas elétricas – incluem pequenas manobras de ajuste.  A torre de comando, os controladores de voo representam as autoridades (Papa,bispo,párocos) e as assessorias (teólogos, biblistas,etc), que ajudam a escolher os melhores caminhos e evitar problemas.

- Os diferentes momentos do ano litúrgico constituem as referências fundamentais da rota a serem confirmadas ou corrigidas durante todo o tempo da viagem. Pequenos desvios de rumo, quando não considerados, se tornam graves, em razão dos fatores como velocidade e altitude.

- É importante para a Igreja, escutar gente que de fora das organizações eclesiásticas, acompanham o que elas fazem, para ajudá-las seja a corrigir desvios ou confirmar o caminho.

7.CONFIRMAR OS PROCEDIMENTOS. Antes de dar a força total às turbinas, o comandante e o seu imediato, seguem uma lista de procedimentos - Uma lê o que se deve fazer e outra executa a ordem, repetindo em voz alta o que foi feito. Isto tem a ver com a manutenção da aeronave: desde o combustível necessário, até as luzes para cada poltrona dos passageiros. Todos os controles eletrônicos e manuais do avião devem estar funcionando corretamente.

@ As avaliações e revisões eclesiais deveriam ser igualmente minuciosas e exigentes. Jamais deixadas a cargo de uma só pessoa. As “monarquias” absolutas significam, invariavelmente, um grave risco. Toda e qualquer ação pastoral, tomando em conta que se trata de pessoas envolvidas, procura proceder motivando, explicando, tomando em conta o bem comum, escutando muitas opiniões e orientando-se por referências claramente evangélicas.

8. NÃO EXISTE VOO CEGO. O comandante e seus auxiliares não podem distinguir a olho nu, aonde se dirigem. Os instrumentos de bordo permitem avançar no escuro, com segurança, corrigindo os pequenos desvios. O que é feito desde dentro de uma aeronave que se desloca com incrível velocidade. A cada segundo já não se está no mesmo lugar de antes. Nenhuma mudança pode ser brusca. Ademais, no céu não existem acostamentos para parar e proteger-se de neblinas, tempestades, tráfico intenso, desorientação. Os  instrumentos não contam com margens de erros humanos.

@ A responsabilidade pelo andamento das comunidades eclesiais não pode depender de opiniões ou preferências pessoais dos dirigentes e assessores. A ação pastoral não se assemelha aos procedimentos lotéricos, dependendo da sorte. Decisões mal preparadas, são desastres seguros.

 

9. CHEGAR À META. O melhor da viagem é chegar, seja porque se esta voltando à casa e aos entes queridos, ou porque se desembarca numa realidade diferente, para cumprir uma missão, com possibilidades de encontrar surpresas.

@ A Igreja é sempre uma mediação histórica que procura colocar os fiéis donde o Espírito abre caminho. Os missionários cuidarão de não desmoralizar o Espírito e confundir seus destinatários.

    As opções pastorais não se concentram em fortalecer a instituição eclesial descuidando a perspectiva de que ela não é a meta.

A comunidade eclesial é só a primícia (“aperitivo”)  da mesa na casa do Pai, onde acontecerá a alegria do reencontro pleno com os precursores; na surpresa daquilo que Deus desde, toda eternidade e para sempre, preparou para seus filhos e filhas.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário