INTERPRETANDO A GRANDE JORNADA ECLESIAL
A partir da instância
da pequena Igreja (CEB)
A parábola do avião
Uma viagem
aérea – importante prepara-la e não improvisá-la.
1. Tudo começa com UM SONHO, atraente,
possível e altamente significativo para quem vai procurar transformá-lo em
realidade. @ A Igreja é o sonho do Reino
de Deus em caminho; não é um edifício, nem uma mera organização comunitária.
É ponto de partida e não a meta; inclui protagonistas, meios
e instrumentos; dificuldades e conquistas. A Igreja inspiração e promessa que
compromete; já está acontecendo embora não em plenitude.
2. AGÊNCIA AÉREA. Muito antes de
preparar as malas e apresentar-se no aeroporto, os trâmites prévios à viagem
ocuparam horas de investigações e decisões a propósito das rotas, custos, escalas,
hotéis, cambio de dinheiro, transportes terrestres, seguros, etc. As agências
aéreas são a mediação mais eficaz, embora não únicas. Alguns viajantes preferem fazer tudo por si
mesmos e diretamente (Telefone, computador) até garantir o próprio “Boarding
Pass” (documento de abordagem, com o assento reservado em cada voo). @ Essa primeira
providência de viagem pode representar, nesta parábola teológica-pastoral, as
instituições religiosas (Igrejas) que se qualificam para definir as metas,
decidir os trajetos intermediários e evitar desvios inúteis. Trata-se de uma
mediação privilegiada. Em algumas circunstâncias pode tornar-se empecilho mais
do que ajuda. Então, viajantes se desligam dessa instância e buscam organizar
suas viagens diretamente, confiando nos próprios conhecimentos e experiências.
As vezes têm sucesso e noutras ocasiões, não muito: - terminam gastando mais
tempo e obtendo menos alternativas efetivas
3. BAGAGEM. Cada passageiro está ligado
a uma série de objetos e “ajudas”, dos quais depende em diferentes maneiras:
remédios, roupas, instrumentos de toalete, documentos, computador, I-pad,
celular, credit-card. Não pode dispensá-los facilmente e mesmo assim vão ser
limitados quanto ao peso, tamanho e donde pode leva-los (Despachar obrigatoriamente
o que é potencialmente ameaça para o voo, como líquidos, objetos cortantes...;
na cabine onde tem o próprio assento, não mais que 5 quilos).
Nenhum
passageiro é confiável. Qualquer é considerado uma potencial ameaça para o voo.
Deve ser esquadrinhadas pelos modernos instrumentos de raio X e até manualmente
pelos encarregados da segurança.
@ Cada pessoa está ligada à sua bagagem vital. Os passageiros diferem
das garrafa de coca-cola (todas rigorosamente iguais e passivas) pois carregam
consigo peculiaridades e objetos que já não podem dispensar.
A
Igreja é uma comunidade de diferentes, unidos pelos mesmos valores essenciais, ligados
vitalmente a diferentes tradições religiosas. Aonde se dirigem, levam a sua singularidade,
tradições, dependências, ojerizas e incompatibilidades. Cada pessoa não é
somente um ser racional, sensitivo vivendo nu e sem nada mais... Ao contrário é
alguém com sua cultura, hábitos, necessidades essenciais ou convenientes,
valores e referências inegociáveis. Na área religiosa, as hábito
(tradições,costumes) podem tornar-se tão exigentes como os dogmas, pensando que
abrir mão delas é ser infiel à própria fé. É condenação.
4.EQUIPE DE COMANDO- CAPACITAÇÃO E
ATUALIZAÇÃO. Os aviões de
passageiros ainda não se movimentam a través de contato remoto, dispensando
mediações de pessoal de comando a bordo. Os primeiros que entram no avião, são
os que fazem parte da equipe de comando: Piloto, co-piloto, engenheiro de voo,
rádio- operador. São e agem como equipe. Sua preparação básica prolongou-se por
muitos meses e mesmo anos de treinamento específico. Mas isso não dispensa de
uma constante atualização e de oportunos exames médicos que asseguram qualidade
de vida e capacidade para o momento atual. @ Na Igreja, teologicamente, os bispos são um colegiado; os
presbíteros, membros de um presbitério; os fieis, a grande comunidade do Povo
de Deus. Deve-se avaliar se na prática
costumam ver, pensar e agir como equipe? Cursos
de atualização bíblicas, teológicas, pastorais, retiros, revisões de saúde,
fazem parte das obrigações de todos os que se envolvem nas responsabilidades de
acompanhar o Povo de Deus na sua vocação de viver e proclamar o Reino. Ao
terminar os estudos sistemáticos do seminário, nenhum presbítero ou futuro
bispo está qualificado para sempre. O Espírito Santo não irá substituir suas
irresponsabilidades por não se atualizar constantemente para o seu ministério.
Dirigentes eclesiais correm o risco de exigir em nome de Deus, o que é
consequência de suas incapacidades ou irresponsabilidades tanto bíblicas como
na área da teologia, da moral e da própria capacidade física-emocional. O
conservadorismo que coloca em risco a acolhida à Mensagem, é infidelidade ao
Espírito.
5. NOVAS AERONAVES. Surgiram
turbinas com maior potência, melhores combustíveis, aerodinâmica mais eficiente,
radio comunicações precisas, que evidentemente requerem treinamentos
específicos enquanto ao seu manejo e manutenção. Os pilotos necessitam de um
treinamento especifico, para poder manejar cada tipo de aeronave.
@Por ação do Espírito, a
Igreja, ao longo da sua existência, assume novos modelos históricos, que
obrigam os ministros a atualizar-se constantemente. Um reitor de seminário não
será necessariamente um bom pároco. O professor de teologia dogmática não se
transforma automaticamente em adequado assessor de jovens.
6. PLANO DE VOO. PISTAS. CORREDOR AEREO. CONTROLADORES
DE VOO. Antes de começar a viagem é preciso contar com a aprovação referente à
rota que se vai seguir, é o que se chama o Plano de voo.
A torre de comando precisa também autorizar a
pista a ser usada e o “corredor aéreo” disponível (alturas a manter na rota,
velocidades adequadas). O espaço é enorme, mas o tráfego aéreo se torna congestionado
principalmente em determinados momentos e em certas áreas. Daí o papel dos controladores
de voo que têm a responsabilidade de orientar o percurso de cada avião. Ao longo da rota, existem ainda os que se
encarregam de num determinado espaço aéreo acompanhar os aviões que o estão
cruzando. Não pode existir um voo “desamparado” .
@ Estes cuidados acontecem também na
vida eclesial. Ninguém exerce um ministério, por conta própria, mas em comunhão
com a Igreja. Estar habilitado para tanto significa estar preparado bíblica,
teológica, espiritual e pastoralmente e ter experiência de como ajudar uma
comunidade seja para ganhar velocidade para sua missão – desprender-se do chão
e começar a voar, com qual velocidade – seja para aterrissar nas diferentes
realidades, sem provocar acidentes.
- Toda ação pastoral deve ser decidida segundo
seu conteúdo, necessidades, possibilidades, sujeitos e destinatários. O
Planejamento pastoral é o plano de voo. As
avaliações e ajustes fazem parte da lógica dos trabalhos, para que não se
dispersem recursos ou repitam erros.
As condições da rota – ventos, turbulências,
nuvens com magnetismos e descargas elétricas – incluem pequenas manobras de
ajuste. A torre de comando, os
controladores de voo representam as autoridades (Papa,bispo,párocos) e as
assessorias (teólogos, biblistas,etc), que ajudam a escolher os melhores
caminhos e evitar problemas.
- Os diferentes momentos do ano
litúrgico constituem as referências fundamentais da rota a serem confirmadas ou
corrigidas durante todo o tempo da viagem. Pequenos desvios de rumo, quando não
considerados, se tornam graves, em razão dos fatores como velocidade e
altitude.
- É importante para a Igreja, escutar
gente que de fora das organizações eclesiásticas, acompanham o que elas fazem,
para ajudá-las seja a corrigir desvios ou confirmar o caminho.
7.CONFIRMAR OS PROCEDIMENTOS. Antes de dar a
força total às turbinas, o comandante e o seu imediato, seguem uma lista de procedimentos
- Uma lê o que se deve fazer e outra executa a ordem, repetindo em voz alta o
que foi feito. Isto tem a ver com a manutenção da aeronave: desde o combustível
necessário, até as luzes para cada poltrona dos passageiros. Todos os controles
eletrônicos e manuais do avião devem estar funcionando corretamente.
@ As avaliações e revisões eclesiais
deveriam ser igualmente minuciosas e exigentes. Jamais deixadas a cargo de uma
só pessoa. As “monarquias” absolutas significam, invariavelmente, um grave risco.
Toda e qualquer ação pastoral, tomando em conta que se trata de pessoas
envolvidas, procura proceder motivando, explicando, tomando em conta o bem
comum, escutando muitas opiniões e orientando-se por referências claramente
evangélicas.
8. NÃO EXISTE VOO CEGO. O
comandante e seus auxiliares não podem distinguir a olho nu, aonde se dirigem. Os
instrumentos de bordo permitem avançar no escuro, com segurança, corrigindo os
pequenos desvios. O que é feito desde dentro de uma aeronave que se desloca com
incrível velocidade. A cada segundo já não se está no mesmo lugar de antes.
Nenhuma mudança pode ser brusca. Ademais, no céu não existem acostamentos para
parar e proteger-se de neblinas, tempestades, tráfico intenso, desorientação.
Os instrumentos não contam com margens
de erros humanos.
@ A
responsabilidade pelo andamento das comunidades eclesiais não pode depender de
opiniões ou preferências pessoais dos dirigentes e assessores. A ação pastoral
não se assemelha aos procedimentos lotéricos, dependendo da sorte. Decisões mal
preparadas, são desastres seguros.
9. CHEGAR À META. O
melhor da viagem é chegar, seja porque se esta voltando à casa e aos entes
queridos, ou porque se desembarca numa realidade diferente, para cumprir uma
missão, com possibilidades de encontrar surpresas.
@ A Igreja é
sempre uma mediação histórica que procura colocar os fiéis donde o Espírito
abre caminho. Os missionários cuidarão de não desmoralizar o Espírito e
confundir seus destinatários.
As opções pastorais não se concentram em
fortalecer a instituição eclesial descuidando a perspectiva de que ela não é a
meta.
A comunidade
eclesial é só a primícia (“aperitivo”) da mesa na casa do Pai, onde acontecerá a
alegria do reencontro pleno com os precursores; na surpresa daquilo que Deus
desde, toda eternidade e para sempre, preparou para seus filhos e filhas.
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