Diante da crise e da graça eclesial, a Igreja e as Igrejas[1]
se avaliam e são desafiadas a tomar duas decisões[2].
Primeira - A
IGREJA A QUE NÃO PODEMOS RENUNCIAR
Segunda - A igreja QUE DEVEMOS RENUNCIAR.
Primeiro compromisso:
1-A IGREJA A QUE NÃO PODEMOS RENUNCIAR é a que, COMO FERMENTO, está dentro do mistério da vida.
@ O
fermento é minoria. Só age quando está dentro da massa. Não faz tudo sozinho, pois necessita de quem suje as
mãos para misturá-lo bem com a farinha.
Sua ação não é instantânea. Não é “proselitista”, já que não transforma a massa em fermento. E só haverá
pão depois que o calor (fogo, eletricidade) tenha feito a sua parte.
Cristo foi
a primeira pessoa que, na historia, viveu e comunicou uma experiência plena de
Deus, a partir da sua realidade humana, sem projetar sobre a divindade os
medos, fantasmas e ambições dos seres humanos. Ele nunca invocou Deus como Rei
ou Senhor, mas como Pai de todos, mesmo dos que dele se haviam afastado.
A comunidade dos seus seguidores, sua Igreja, foi sempre frágil, débil e
humilde. Aprendeu por própria experiência de que vale pouco reforçar a
instituição, salvar os ritos, cuidar da ortodoxia ou imaginar novos projetos
evangelizadores, se falta na vida dos fiei uma experiência viva de Deus e o
realismo assumido da própria humanidade.
A Igreja: + não pode dizer “sim” a tudo e a todos, senão só ao Deus que
desperta suas responsabilidades e a leva a renunciar às próprias vontades para
estar disponível para todos que a necessitam. Não faz de Deus um ser pequeno e
mesquinho que só sabe amar aos que fazem parte da Igreja Católica Romana e como
essa o permitir manifestar-se.
+ sabe que Jesus não é sua
propriedade particular. Ele é de todos. Dele podem aproximar-se os que o confessam
como Filho de Deus e também os que andam buscando um sentido mais humano para a
sua vida.
+ transforma e complementa
indivíduos e estruturas, grupos e sociedades, mentalidades e projetos, tornando
possível o mutuo diálogo, o entendimento recíproco e a paz. Não se propõe vencer
o mal, apoiando guerras e revanches, pois tem consciência de que enquanto não
se arranca radicalmente a violência da civilização, das culturas e dos
corações, Cristo ainda está para nascer[3],
e a humanidade vai continuar se auto destruindo.
Então a CEB, como nível de Igreja,
#
não se reduz a fazer surgir pequenas Igrejas, ao lado da realidade donde la
gente arrisca sua vida, senão que deve, ao mesmo tempo e a exemplo de Jesus, ser
fermento de uma nova humanidade e colaborar com os que se comprometem nessa
perspectiva.
# alegra-se que outra
gente e instituições, mesmo alheias à Igreja, estejam fazendo o que torna o
mundo mais humano. Não há um só combate pela justiça, por equivocado que seja
sua base política, que não esteja silenciosamente em relação com o Reino de
Deus, mesmo quando os cristãos não o entendam. Deus os entende. Quem desenvolve
uma atividade humanitária está já, de alguma maneira vinculado a Cristo e ao
seu projeto de salvação.
# deve investigar por
que continua acontecendo algo estranho: os que oram não fazem as mudanças; e os
que fazem as mudanças não oram?.
- AVALIAÇÃO
As Igrejas (as CEBs) nos últimos anos:
a) Que influências
positivas tiveram no ambiente onde se encontram?
b) Omissões graves na
relação com Deus e no compromisso com a história humana.
c) Aliados (em que)?
2. A IGREJA A QUE NÃO
PODEMOS RENUNCIAR se compromete com um serviço humilde aos pobres.
@ O pobres são os necessitados, os
frágeis, vulneráveis, descapacitados,
indignos, desorientados, ignorantes, dependentes, repugnantes, irritantes, viciados, mentirosos, vingativos,
pecadores, vingativos, perdidos...
Esse foi o impacto que
Jesus causou nos seus primeiros discípulos. E assim foi recordado nos
Evangelhos.
Por isso a comunidade cristã, como Jesus,
- não reúne os fieis
em círculos fechados e exclusivistas[4]
, senão que deve colocar a compaixão no
centro do Reino e os pobres no centro da religião, mesmo que isso exija muito
tempo para acontecer.
- situa a pessoa não
diante de uma lei religiosa[5],
senão diante de um Pai, cuja preocupação última não é que se cumpra a norma,
senão que se procura o bem de todo ser humano. “O próximo toma o lugar da Lei e
suas necessidades determinam o que se deve fazer em cada situação
- não está preocupada
com o que dizem dela e do seu prestígio social, mais do que ser sensível à dor
humana?
- não pode estar empenhada em transmitir doutrinas do que
comprometer-se com os que sofrem.
- movida pelo
Espírito, deve vencer a tentação de buscar sempre seu próprio interesse,
esquecendo-se do projeto do Reino; não coloca Deus a serviço da sua própria
gloria;
- mais do que “ficar
bem” com a opinião pública e exigir respeito à sua dignidade, ela procura “fazer
o bem” e considera como bem-aventuranças:
- ser feliz incluindo
a todos;
- ter alma de pobre.
Assim estará mais atenta às necessidades das pessoas e vivera o evangelho com
mais liberdade,
- esforçando-se para
ser fiel a Cristo, será consolada pelo próprio Deus,
- ser feliz porque
misericordiosa, por trabalhar e viver movida pela compaixão, seus membros serão aqueles que na terra mais
se parecerão ao Pai do céu
- ser feliz por
introduzir a paz e não a discórdia, a
reconciliação e não o enfrentamento,
- ser feliz por saber
viver com pouco, e estará mais atenta aos necessitados e viverá com mais
liberdade
- chorar ao ver outros
sofrendo. Deus é a sua última segurança, nele está a felicidade humana
completa.
AVALIAÇÃO
a)Donde e com quem, as
paróquias e as CEBs gastam a maior parte do seu tempo?
b) em que empenham
seus recursos econômicos? Os ministros ordenados e extraordinários?
3. A IGREJA A QUE NÃO PODEMOS RENUNCIAR proclama que o sofrimento é mau. Jesus não o buscou,
nem para si, nem para os demais. Os discípulos/as de Jesus não odeiam a vida,
mas a amam. Sua ascese não é a de bloquear ou mutilar o ser humano, mas abri-lo
às suas melhores possibilidades.
@Ascese e sofrimento não são a
mesma coisa. Ela significa conquistas, preço
a pagar por algo que vale, desafio para ir em frente, não pode desligar-se da mística ou amor mais forte
e decisivo. É, segundo Dietrich
Bonhoeffer, a “graça que sangra”, a cruz libertadora que é madrugada de Páscoa.
A
ascese
cristã está intimamente ligada com a mística de estar com Jesus e anunciar a
Boa Noticia. A razão última de seguir a Cristo não é a de alcançar saúde,
solucionar problemas e ter sucesso neste
mundo, senão a acolhida do amor salvador de Deus. Na verdade o acolher a Deus
com confiança ajuda as pessoas a viver de maneira mais saudável e ao mesmo
tempo denunciar profeticamente as estruturas e poderes que fazem sofrer às
pessoas, não a Deus... e isso é pecado[6].
Deus não quer o sofrimento para ninguém, menos ainda para o seu Filho amado.
Apoia a fidelidade de Jesus à sua missão, mesmo que isso lhe tenha custado a
vida.
- Como Jesus, era incapaz de desviar seu caminho quando via alguém sofrendo[7]. Deixava tudo, até a oração, para responder às
necessidades e sofrimentos das pessoas (Mc 1, 23s, na Sinagoga de Cafarnaum). Como
Jesus, a sua Igreja deve aproximar-se dos que sofrem. Não se pode ajuda-los de
longe. É preciso estar perto. Sem pressa, com discrição e respeito total (Lc
15, 11-32, na historia do filho que perdeu tudo e o Pai o recebeu de volta de
braços abertos). Dar-lhes forças para que colaborem com os que tratam de resgatá-los
(Os 10 leprosos, Lc 17,11-19).
AVALIAÇÃO
a) Como as comunidades
orientam sobre o sofrimento, que muitas vezes foi entendido como “purificação”
enviada por Deus?
b) Se o sofrimento de
Jesus não foi querido por Deus, porque sofreu ele?
c) E que fazer diante dos
sofrimentos que já não se pode superar?
d) Que significa a ascese
cristã?
4. A IGREJA A QUE NÃO PODEMOS RENUNCIAR é a que tem como meta não a si mesma, mas o
Reino de Deus.
@ O Reino é uma totalidade não
uma etapa, É o objetivo, não um programa ou projeto entre outros. Não é uma conquista
individual, senão a meta coletiva da história. Não vai chegar no fim
de tudo, mas já está acontecendo em
“primícias”, na comunidade de Jesus e do Espírito.
- Ela entende que ser discípulo
de Cristo não é tanto aprender doutrinas quanto segui-lo no seu projeto de vida
e reproduzir suas atitudes, vivendo animados pela sua esperança no Reino. A
conversão que não produz paz e alegria não é autêntica. A primeira tarefa da
Igreja não é celebrar o culto, elaborar teologias, pregar a moral, senão ser
anúncio e primicia do acontecimento do Reino, curando, livrando do mal, do
abatimento, sanando a vida, ajudando a viver de maneira saudável[8].
- Essa Igreja tem como dimensão essencial a interioridade, seus membros
e líderes, não devem estar a fim de passar rapidamente por tudo e ficar quase
sempre na superficialidade. Um cristianismo de ajustes com uma vida medíocre e
egoísta não é exigente, mas também não infunde alegria no mundo. Não atrai, não
exerce nenhum fascínio nos corações mais generosos da humanidade.
- Liberta dos medos[9],
infunde confiança em Deus, anima buscar um mundo novo. Desperta o esforço de
purificar-se, reorientar a existência e começar uma vida mais digna[10].
O Espírito Santo é o próprio Deus inspirando a passar de uma sociedade de
consumo a uma sociedade de valores[11].
AVALIAÇÃO
a) Como a Diocese, a
Paróquia, a CEB, estão propondo ter como meta o Reino de Deus?
b) Quais os maiores medos
da Igreja hoje? – Heterodoxia dos teólogos? – Imoralidade do clero? Ordenação
de mulheres? Mudança da lei do celibato do rito latino? Falta de vocações
religiosas e para o clero? Batizados que deixam a Igreja? Proselitismo de
outros grupos religiosos?
Desastres ecológicos? Perda da juventude? Violência
sistemática, estrutural? Drogas? Moral matrimonial e recepção dos sacramentos?
5. A IGREJA A QUE NÃO PODEMOS RENUNCIAR é a que se propõe seguir o Jesus
histórico; o que Ele viveu, propôs e a razão pela qual morreu.
@ Não possui a receita
indestrutível do sucesso, do bem estar temporal como confirmação da aprovação de Deus. Está desligada do apoio
dos Impérios e de outros poderes
econômicos e sociais que escravizam.
Ao contrário, denuncia que o
progresso, o sucesso econômico estão sendo à custa dos mais vulneráveis membros
da família humana, está servindo à morte:
extinção dos bosques; propagação de neuroses; poluição das aguas, vazio existencial. A
luta implacável selecionará os mais dignos de sobreviver nos diferentes níveis
(esportivo-sócio-econômico-político).
A sociedade mais rica e poderosa se fecha em torno a si mesma[12].
Exclui culturas e povos. Estabelece leis e normas e vai perdendo sensibilidade
diante dos desprezados e deixados de lado. Uma sociedade fechada é uma
sociedade sem futuro, mata a esperança da vida nos marginalizados e finalmente se afoga em si mesma (Jürgen Moltmann).
Quando o relativismo de valores cresce no mundo é normal que o absolutismo e o
integrismo político, econômico e mesmo religioso adquiram uma forte atração. As
novas gerações são preparadas para vencer sempre. Para ser o número 1, tem que
excluir aos demais. Estar entre os últimos é uma desonra inaceitável.
A necessidade de auto respeito, dignidade,
afeto, ternura, amizade que existe em todo ser humano é atendida com objetos:
compra-se o carinho, com a promessa de um presente. A comunicação fica substituída
pela posse de coisas. Na sala da televisão, todos olham para a tela e escutam o
que dizem os personagens. São condicionados a repetir suas atitudes. As pessoas
necessitadas, idosas ou limitadas podem ser encerradas em instituições e nelas
“esquecidas” pela família porque são “problemas” para o ritmo familiar, para a
liberdade de viajar, trabalho, festas, férias...
Quem tem trabalho não gosta de estar com os que não o têm. Molestam-se
com os que vem pedir ajuda em nome da justiça e do amor. Os egoísmos, numa sociedade “evoluída” se
comportam decentemente: – Melhorias sociais para os necessitados, são
propostas, “lar das vovozinhas” são inauguradas... não é possível nem agrada aceitar “aquelas”
pessoas, na convivência normal. – “Elas mesmas preferem estar naquelas
instituições!”, se justifica.
AVALIAÇÃO
a) Quando e com quais
condições o progresso favoreceu a vida comunitária e as pessoas?
b) Quando e por que o
progresso criou problemas?
c) Que tipo de pessoas
dificultam a convivência humana ordinária, numa família cujos membros devem
sair para o trabalho, para o esporte, para as férias...
6. A IGREJA A QUE NÃO PODEMOS RENUNCIAR é uma comunidade humilde e simples, servidora
e pobre.
@ Humilde, quer dizer não elitista, aristocrática, burocrática, prepotente, monarquia absoluta, senão
simples, misericordiosa, dialogável,
participativa comunicadora de alegria, esperança e paz.
A procura de honras e protagonismos rompe a comunhão na Igreja. Jesus
nunca sugeriu, para seu seguidores e os apóstolos, vestimentas sagradas como os
sacerdotes do Templo[13].
Quem ambiciona estas coisas, na Igreja de Jesus, não se faz maior, senão mais
insignificante e ridículo. Um cristianismo autoritário, auto suficiente, tem
pouco futuro. Oferece certezas “absolutas e estruturas seguras”; impõe
obediência a prescrições minuciosas; não ajuda no amadurecimento dos fieis;
aprisiona as pessoas em doutrinas e práticas que se vivem pela metade, mesmo
quando a adesão à doutrina pareça fervorosa e a observância da lei, rigorosa.
- Antes que lugar de culto ou instancia moral, a Igreja deve entender a
si mesma como comunidade
de esperança. Isso significa que:
+ “o Evangelho é sempre jovem.
Somos nós que ficamos velhos” Bernanos.
+ Ter vida não significa necessariamente viver de qualquer jeito, mas na
perspectiva da plenitude que vai sendo elaborada. Deus pode ser amado, mesmo
que não possa ser pensado completamente. A Igreja mistério não é uma
complicação geométrica, desafio para a inteligência, mas um fascínio de
felicidade inesgotável.
Ser Cristão não é saber coisas
sobre Jesus, senão como se goza da sua amizade e da paixão que replenou sua
vida. Jesus pode ser rejeitado por aqueles que pensam conhece-lo melhor. Em
Nazaré neutralizaram sua presença com toda classe de perguntas, suspeitas e
receios. Não se deixaram ensinar por ele nem se abriram à sua força de cura[14].
Não tinha poder cultural como os escribas; não era um intelectual com estudos;
não possuía o poder sagrado dos sacerdotes do Templo; não era membro de uma
família honrada; nem pertencia à elite urbana de Séforis ou Tiberíades. Era um
trabalhador de uma aldeia desconhecida da baixa Galileia. Apresenta um Deus
diferente de toda experiência de amor que se conhece. Só em Cristo é possível
vislumbrar o amor único, insondável, gratuito de Deus. Jesus, na verdade,
despertava o medo à novidade revolucionaria da sua mensagem e ações.
Questionava os esquemas de vida, tradições e até a segurança religiosa das
pessoas. Era uma revisão profunda de tudo a que as pessoas estavam acostumadas.
Então a escatologia exerce uma atração toda especial. O céu, como
suprema esperança, não é um lugar, senão o entrar para sempre no mistério de
Deus que não permanecerá então oculto ou inacessível. Nem se vai reduzir a uma
experiência individual. Cristo e cada uma das criaturas será dom para os
demais, se experimentará o esplendor, a vitalidade, a riqueza desbordante das
pessoas que se amou ao longo da vida, com todo seu ser, profundidade da sua
alma, grandeza do seu coração, amplidão, criatividade Tudo será de todos sem
deixar de ser de cada um.
AVALIAÇÃO
a) Como aparece que as
pequenas Iglesias (CEBs) são comunidades de esperança, humildes, simples,
servidoras e pobres?
7. A IGREJA A QUE NÃO PODEMOS RENUNCIAR é a comunidade da Mística, da gratuidade do amor na
perspectiva da comunhão trinitária (Segundo a oração do testamento de Jesus: Jn 17,21).
@ Comunidade sacramento, visível,
histórica, com sinais, símbolos, santos
e pecadores, avanços e retrocessos, sucessos e fracassos. Responsável pela criação (1 Cor 2,21-23;
1Cor 15,28), comunidade na qual já
acontece (inicialmente) a comunhão com a Trindade,
Na sociedade domina a experiência de que ninguém quer a outra pessoa de
maneira gratuita e incondicional. E muitas pessoas nem querem a elas mesmas. A
maioria da por evidente que o ser humano sabe amar espontaneamente. Por isso
tantos erros e ambiguidades nessa matéria misteriosa e atrativa. Outros pensam que o amor é igual a ser amado
e não tanto, amar. Por isso passam a vida procurando conseguir que alguém os
ame. E se esforçam para ser atrativos, agradáveis, ter uma conversa
interessante. Em geral tais pessoas terminam bastante frustradas. Outros só se aproximam de quem lhes é
agradável. Muitíssimo confundem amor com
“eu gosto”, desejo essa pessoa como poderia me apetecer uma comida saborosa...
alguém que possa satisfazer o desejo de companhia, de afeto, de prazer.
Para Cristo o amor é:
- escutar, aprender a dar-se desinteressadamente. É muito diferente de
apropriar-se de alguém, utilizá-lo e aproveitar-se dele ou dela,
- aprender a perdoar. Aceitar os outros com suas mediocridades e
debilidades.
- Não perder a confiança no amor, sem compaixões baratas, crer que ele
ainda poderá renascer.
Os cristãos da primeira e segunda geração recordavam a Jesus não tanto
como um homem religioso, senão como um profeta,
+ que denunciava os perigos e ciladas de toda religião que por falta de
amor profanavam o Espírito de Deus e depois justificavam sua profanação,
+ proclamava apaixonadamente a vontade de Deus e o serviço
desinteressado aos pobres e não demonstrava obsessão pela observância de regras
e tradições piedosas,
+ que denunciava o escândalo da religião vazia de amor e o pecado de
substituir a vontade de Deus pelas tradições humanas, a serviço de outros
interesses.
AVALIAÇÃO
a) As comunidades cristãs
impactam pelo amor recíproco entre seus membros?
b) A primeira impressão
de quem se aproxima de uma comunidade eclesial é de ser acolhido, valorizado,
amado?
c) Qual a mística
dominante de uma CEB? Está centrada no que disse Jesús, Jn 17,21?
.
Segundo compromisso
A IGREJA QUE NÃO QUEREMOS SER...
1. - que não suscita seguidores de
Cristo, mas só adeptos de uma religião. Jesus não quer seus seguidores como
meros observantes piedosos de uma religião, senão como fieis audazes dispostos
a correr riscos e superar dificuldades para criar uma vida mais digna e feliz
para todos (Quem não toma iniciativas por medo a errar, já está errando); não
se cometem grandes erros, nem se vive com entusiasmo a fé que se proclama,
2. - cujos membros vivem numa mediocridade espiritual, recebendo ocasionalmente algum
sacramento e que permitem que as festas litúrgicas sejam estropeadas
pelos interesses consumistas e pela própria fragilidade de cada um.
3. - na qual saber que Deus morreu ou
nasceu, não afeta nada, a vida continua funcionando igual. A morte de Deus não
muda a vida do ser humano.
4. - cujos fieis não são boa noticia para
alguém
5. – que considera a fe como algo que
só tem a ver com a salvação eterna do ser humano e não com a nossa felicidade,
agora mesmo, nesta vida,
6. – que não assume que Deus está ao
nosso lado, respeitando as leis da natureza e da nossa liberdade, nos apoia em
nossas lutas e atrai nossa liberdade para o bem.
7. - não confunde a verdade de Deus com
as fórmulas dogmáticas que na realidade são apenas ícones,
8. – se acostumou a receber os
sacramentos como recurso fácil e seguro para obter a graça e a salvação,
9. - que no toma em consideração que
até no interior da religião pode esconder-se a tentação de distanciar-se de
Deus,
10.
– se ocupa de muitos detalhes e atividades,
sem hierarquia de valores e sem comunicar o sentido da vida,
11.
–
que não crê que a cada momento contamos com a graça de Deus para o bem, e que
Deus se aproxima de nos precisamente quando nos ve necessitados de paz e perdão
e orientação,
12.
–
que só conhece a dor humana por número e estatísticas. Contempla o sofrimento
de forma indireta, pela TV ou publicações, não se deixando perturbar por eles,
sem mover-se para curar as pessoas de tudo que faz sofrer e vai destroçando a
vida,
13.
–
que são comunidades de desgraças, destilando pessimismo, desânimo e medo. Vivem
como fracassadas e projetam seus próprios desejos de destruição e desgraças,
14.
–
que confunde uma vida intensa, com uma vida agitada
15.
–
que se revela como comunidade cansada de si mesma, que não respeita os ritmos
naturais da vida. Quer fazer mais coisas em menos tempo. Não sabe cuidar do importante, nem relativizar
o acidental.
16.
–
que comunica uma mensagem mais obscura e complicada que a de Jesus e que
manifesta enorme distancia entre o que diz e a vida do povo
17.
crê
ingenuamente que o novo povo solidário e livre nascerá pela luta, pela
violência e pela força
18.
–
confessa constantemente que a Igreja é santa, uma, católica e apostólica, como
se temesse que ninguém já o notasse.
19.
que
acaba no mais perigoso de uma religião que é afogar a voz dos profetas; que os
ministros se sintam donos da vinha do Senhor e queiram administrá-la como
propriedade sua. Se a igreja não produz frutos que dela Deus espera, Ele
continuará abrindo novos caminhos de salvação,
20.
–
que na prática dá a entender que Deus está em crise, como se as dificuldade
atuais não pudessem ser transformada pela ação salvadora de Deus.
21.
–
que perde a capacidade para escutar as chamadas mais profundas que se encerram
no ser humano
22.
–
que comete a insensatez de viver sem horizontes, submergida no presente,
encalhada na mera satisfação de algumas das suas necessidades,
23.
–
que vai reduzindo pouco a pouco as suas aspirações, por falta de confiança em
si e em Deus.
24.
–
que debaixo de uma aparência de fortaleza material e técnica há uma debilidade
substancial. Ri e se diverte por fora, mas ja há algo que morreu no seu interior.
25 - perde a força e vigor
evangélicos porque dentro dela não se é capaz de confiar radicalmente no
Espírito e de responder de maneira audaz e arriscada aos desafios dos novos tempos. Se cre estar respondendo fielmente a Deus com
uma postura conservadora, quando na realidade se está defraudando suas
expectativas. A tarefa da Igreja não é
a de conservar o passado como um museu. O objetivo da Igreja não é o de
sobreviver, mas comunicar em cada momento histórico a boa noticia de um Deus
Pai que deve ser estimulo, esperança para o ser humano. De nada vale restaurar
o passado se não se é capaz de transmitir algo significativo aos de hoje.
[1] Diocese,
paróquia, CEB no caso da tradição católica, suas estruturas, prioridades,
movimentos e programas
[2]- Inspirados pela
Evangelho de Marcos e as reflexões do P.José Antonio Pagola[2], identificamos estes pontos
para meditação, que são parâmetros para as comunidades eclesiais e para o mundo.
[3]O terrorismo também é um sintoma.
Nasce da desesperação e do fanatismo, do medo e do ódio aos poderosos da terra,
da impotência dos que queriam dominar aos povos. Não necessitamos organizar
atos terroristas para semear fome e morte em diferentes partes da terra. Nos o
fazemos a partir da nossa politica injusta e não solidaria.
[4] Na sociedade em que cresce a
insegurança, a indiferença ou a agressividade é explicável que cada quem trate
de assegurar sua pequena felicidade. As pessoas que são como nos, que pensam e
querem o mesmo que nos, nos dão segurança. Doutra parte as pessoas que são
diferentes, que pensam e querem de maneira diferente, nos causam temor e
inquietação. Fomos acostumados a aceitar só os mais próximos.
[5] JOAO BATISTA ANUNCIA O JUIZO TERRIVEL DE Deus, portanto a
solução era voltar ao cumprimento da Lei para escapar à ira de Deus
- não cura enfermos, não abençoa as crianças, não acolhe aos
leprosos, não perturba às prostitutas,
não expulsa demônios. A religião é espera e preparação de um juízo severo de
Deus . O ser humano deve viver de maneira ascética e penitente tendo como
horizonte esse juízo divino.
CRISTO – concentra-se na vinda já próxima do Pai que é salvação e perdão
para todos, incluso para os pecadores e pagãos
- Cristo não vive jejuando como JB, senão comendo com os pecadores. Não
se dedica a batizar, senão a curar, acolher, perdoar e libertar do mal. Não se
trata de preparar-se para o juízo divino, senão acolher al Pai que quer fazer a
vida mais fraterna, mais justa, mais feliz. A ascese não é o mais importante
sinal do amor fraterno.
[6] Cada dia morrem de fome no
mundo 70 mil pessoas. Esses pobres não representam nada de importante para
quase ninguém.
[8] Estamos construindo entre
todos uma sociedade na qual não é fácil viver de modo saudável. Ameaça de desequilíbrio ecológico,
contaminação, stress, depressão. O
estilo de vida com carência de valores, um certo tipo de consumismo, a
trivialização do sexo, a incomunicação, impedem as pessoas de crescer de
maneira saudável . Uma sociedade pode estar doente no seu conjunto, padecer de
neurose coletiva das que, poucos estão conscientes e até consideram enfermos os
que na verdade estão mais sãos.
[9] Numa Igreja em crise, o maior
pecado é cultivar o medo. Onde ele começa, termina a fe. O medo agiganta os
problemas e desperta a ilusão de poder voltar para o passado. Gera controle que
afoga a alegria, endurece a disciplina, faz desaparecer a fraternidade
[10] A culpa é uma experiência da
qual ninguém se vê livre. Todos sabemos que nem sempre fazemos tudo bem, nem
sempre falamos o melhor e que ágios também por motivos obscuros e razões
inconfessáveis (Ro 7,19). Grande parte das doenças modernas estão num nível
mais profundo: psico- somático. O deterioro da saúde começa a gestar-se na vida
absurda e sem sentido, na carência do amor verdadeiro, na culpabilidade vivida
sem a experiência do perdão.
[11] Como dizia um
jovem brasileiro - “É mais cômodo instalar-nos no conformismo. Assentar-nos no que nos dá
segurança e fechar os olhos a todo outro ideal que nos exija sacrifícios e
generosidade. Mas então algo morre em nos. Então é imprescindível concentrar as
energias que nos restam para pedir a Deus, do mais profundo do nosso ser, sua
luz e sua graça renovadora. E não deixar de escutar nenhuma chamada , por
pequena que seja, que nos convide a mudar de vida
[12] O
dinheiro empobrece e ter muito dinheiro não é uma sorte, mas um problema. As
pessoas se acostumam a valorizar-se pelo que possuem. Jesus não se preocupou
com o que os discípulos iriam levar, senão com o que não deveriam leva
[13] Jesus desclassificou o poder que não é serviço (Jo 13,16-18), para ele não
se tratava de dar poder aos seus mas sim autoridade moral.
[14] A
incredulidade bloqueio a capacidade de sanar. E fecha os ouvidos. O surdo
individual e coletivo, pessoa e sociedade é quem só escuta a si mesmo.
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