O teólogo
França Miranda,sj desenvolve três ideias básicas: 1) o papel do Espírito Santo
numa configuração eclesial adequada; 2) a problemática da fé em nossos dias e a
importância de um laicato adulto para vivê-la, expressá-la e irradiá-la; e 3) a
urgência e o valor do testemunho na crítica situação da atual sociedade.
O
cristianismo está expresso em linguagens ultrapassadas e modelado em padrões
mais próprios do passado. Trata-se de uma realidade em que a mensagem da Igreja
é desvalorizada e, por conseguinte, não é recepcionada como significativa para
os desafios que implicam a humanidade contemporânea.
A Igreja
não deixa transparecer para nossos contemporâneos o que ela é realmente.” Esse
fato é “sumamente grave para uma instituição que se compreende como sinal,
sacramento, visibilidade histórica, referência inequívoca da nova comunidade
humana construída pela ação salvadora de Deus, já presente na história a
caminho de sua realização perfeita na eternidade, e antecipadamente celebrada
na ceia eucarística”.
É preciso abrir
a possibilidade de uma nova configuração histórica da Igreja adequada aos
nossos dias.
Em muitas regiões do planeta, graças ao
devotamento generoso e, por vezes, heroico de seus membros a comunidade de
fiéis irradia sua verdade e sua força para a sociedade, mesmo carecendo do
apoio das autoridades competentes”.
Buscar
caminhos e respostas para os desafios contemporâneos ainda não significa
“apresentar um modelo pronto de Igreja que solucionasse como num passe de
mágica as dificuldades que hoje experimentamos”. Do mesmo modo, não basta
constatar a problemática como meros observadores. “Como membros desta Igreja,
nós somos atores que, queira ou não, influenciam a atual situação eclesial.”
A mudança
da Igreja implica a participação de todos os fiéis nas expressões da fé cristã.
O Concílio “marca o início de um processo que busca recuperar não só uma
eclesiologia de comunhão, mas também a fundamental igualdade, dignidade e
vocação de todos os membros da Igreja, sua participação no tríplice múnus de
Cristo, a missão comum de todos na Igreja.”
“Nasce a consciência de que todos são
responsáveis pela missão, consciência esta que retroage urgindo a criação de
instituições adequadas.” E nessa percepção de responsabilidade comum, a primeira característica da
Igreja é a sinodalidade e não a hierarquia. O relacional “deveria
prevalecer sobre o jurídico, o vivido em comunidade sobre a opção individual.
Pois todos são Igreja, todos são necessários, todos estão a serviço da mesma
missão.”
A
comunidade humana que constitui a Igreja não está situada fora do tempo e do
espaço. É no mundo que os cristãos são interpelados para testemunhar a fé que
vivem. Poderíamos dizer que a fé traz Deus ao mundo. [...] A transmissão da fé
não significa passar um pacote de verdades a outras gerações, mas transmitir o
próprio Deus vivo, entregando-se a nós no Filho e no Espírito, agindo em nós
para nos salvar”.
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