sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O dom da contemplação. Arc. Canterbury


"A evangelização, velha ou nova, deve estar enraizada em uma profunda confiança de que todos nós temos um destino humano específico a mostrar e a compartilhar com o mundo. Proclamar o Evangelho equivale a proclamar que, em última análise, é possível ser verdadeiramente humano, e isso corresponde a uma renovação da antropologia cristã trazida pelo Vaticano II.

A contemplação é a chave da oração, da liturgia, da arte e da ética, a chave da essência da humanidade renovada que é capaz de ver o mundo e outros sujeitos no mundo com liberdade. É a única resposta definitiva para o mundo irreal e louco que os nossos sistemas financeiros, a nossa cultura publicitária e as nossas emoções caóticas e descontroladas nos encorajam a assumir. Aprender a prática contemplativa significa aprender o que precisamos para viver fielmente, honestamente e amorosamente. Trata-se de um fato profundamente revolucionário.

A conversão para a fé não significa simplesmente adquirir uma nova bagagem de crenças, mas sim se tornar uma nova pessoa, uma pessoa em comunhão com Deus e com os outros através de Jesus Cristo, e esse processo de transformação tem como elemento intrínseco o exercício da contemplação. Descobre a maneira de olhar para outras pessoas e coisas pelo que elas são em relação a Deus, não a mim. E nisso o verdadeiro amor, a autêntica justiça encontram as suas raízes".

"O que as pessoas de todas as idades assumem pela contemplação é simplesmente a possibilidade de viver de forma mais humana: viver com um desejo menos pronunciado de possuir, viver com um espaço de quietude, viver na expectativa de aprender e, principalmente, viver com a consciência de que há uma alegria firme e duradoura, que deve ser descoberto naquela disciplina de nos esquecermos de nós mesmos que é bem diferente da gratificação deste ou daquele impulso momentâneo. Se a nossa evangelização não consegue abrir a porta a tudo isso, correrá o risco de tentar apoiar a sua fé sobre o fundamento de um conjunto não transformado de hábitos humanos (...), e o resultado bem conhecido será que a Igreja, infelizmente, parecerá tão ansiosa, agitada, competitiva e dominante quanto muitas outras instituições puramente humanas. Em um sentido muito importante, uma autêntica iniciativa de evangelização sempre será uma nova evangelização de nós mesmos como cristãos, uma redescoberta do motivo pelo qual a nossa fé é diferente, porque transfigura. Em suma, uma restauração da nossa nova humanidade".
Arc. Rowan Willians. Cant.England

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