quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Síntese, Giancarlo Zizola


Sucessos do Concílio na reforma litúrgica, no ecumenismo, no diálogo com o mundo, na adoção da liberdade religiosa, na abertura ao judaísmo, ao Islã e às outras grandes religiões parecem bastante integrados, mais do que eram antes e durante o próprio Concílio, na consciência eclesial e na própria linha de doutrina e de ação da Santa Sé.
      Fracasso sobre as questões de ética econômica (pela timidez do Concílio sobre o princípio da destinação universal dos bens), sobre a reorganização colegial da monarquia pontifícia, sobre a inculturação da mensagem evangélica nos novos contextos das tradições espirituais e religiosas da África e da Ásia, em particular da Índia e da
China

Negativo: - obter as prerrogativas públicas da religião em uma sociedade pluralista).
- um retorno à ideologia degenerativa do Solus Pontifex, com os Sínodos trienais dos bispos, estes também penetrados, contudo, pelo poder pontifício supremo e reduzidos a redis: o próprio papa lamentou na carta Tertio Millennio Ineunte os déficits de participação na realidade eclesial, que levaram a uma inadimplência das diretrizes conciliares em ordem ao estatuto da Igreja como povo de Deus e como comunhão.

- paralisia intelectual na Igreja, decorada pela reprodução de um obstinado entusiasmo acrítico dos meios de comunicação que abundam em reconhecimentos e elogios, sacrificando ao culto da personalidade um mínimo de tarefa crítica elementar.
- o triunfalismo das massas organizadas não pode servir à causa do Evangelho. A estratégia das viagens talvez não era o que a Igreja exigia com prioridade, especialmente considerando uma forma e uma gestão que transformaram as visitas pastorais em uma nuvem de poeira tão exuberante quanto efêmera.
- Emergiu uma área "silenciosa" de catolicismo cuja convicção continua sendo de que o programa do cristianismo jamais poderia ignorar a cruz: razão pela qual, quando as coisas vão aparentemente bem, é a hora de temer que não se esteja na estrada certa; e vice-versa, quando as coisas parecem hostis ou adversas, é a hora em que a Igreja pode se sentir menos longe da verdade da Cruz.
- fecundidade do processo conciliar como evento de comunhão, de debate e de troca que tem o peso dos compromissos. A função do Concílio foi a de valer pelo impulso mais do que pelos conteúdos.
- Nos tempos mais próximos de nós, não faltaram as intervenções de eminentes expoentes da hierarquia eclesiástica que, ao indicar com franqueza evangélica as consequências da carência de reformas na vivência eclesial, ao mesmo tempo, apresentaram algumas propostas de mudança para destravar o atraso da Igreja diante das exigências da fidelidade à inspiração das origens, de um lado, e aos apelos das novas, precipitadas e inapreensíveis transformações históricas, de outro.
      - Um novo sopro de renovação deve brotar do coração profundo da comunidade cristã para limpar tudo o que torna novamente pesado e lento o caminho da Igreja. Ela vê o papa girar o mundo de avião, mas ao mesmo tempo ela ainda viaja com os freios pressionados. E os incensos da mídia correm o risco de envolvê-la em uma bolha especulativa, onde os dados da crise da fé sejam facilmente ignorados, justamente na hora em que a globalização oferece ao Evangelho as melhores oportunidades da história para refazer hoje a operação de sair da concha do Ocidente ao encontro das "novas linguagens", assim como ele havia levado a primeira comunidade dos discípulos para fora da concha mosaica.
      Conclusão
o Vaticano II foi seguido por uma mutação da sociedade, pelo 1968, sem precedentes na história, ao menos não com iguais radicalidade, velocidade, universalidade. Essa reviravolta antropológica deslocou a linguagem e as categorias filosóficas em que o Concílio havia se expressado.
Está no melhor espírito do Concílio o desenvolvimento impresso por João Paulo II na consciência autocrítica da Igreja com os mea culpa durante o Jubileu.
      Em xeque a esperança de uma Igreja de comunhão, com um governo colegial, um Sínodo deliberativo, um laicato protagonista, a reforma do papado, uma maior confiança e descentralização às Igrejas locais, um esforço coerente para sair da monoaculturação ocidental da fé para ir ao encontro das culturas asiáticas e africanas.

      Rahner, na última entrevista da sua vida: "É absolutamente urgente uma efetiva e legítima descentralização da Igreja, com todas as consequências": "um modo diferente de selecionar os candidatos ao episcopado e modos alternativos de ordenar os bispos". "É preciso que nos perguntemos – continuava – se a moral matrimonial africana deve continuar se baseando na europeia; precisamos abordar o problema da concepção do futuro do matrimônio, juntamente com outra questão, isto é, se todas as formas de poligamia africana realmente são incompatíveis com o cristianismo"

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